Cláudio Santos

Cheguei em Brasília seis meses após a promulgação da Constituição de 1988, momento repleto de esperanças com a redemocratização do País, a liberdade para pensar e dizer e o prestígio dos constituintes. Vim para integrar o Superior Tribunal de Justiça, criado pela Lei Fundamental, quando ainda tínhamos tempo para examinar com cuidado, estudar e decidir bem as causas submetidas pelos cidadãos e empresas brasileiras, em momento oportuno de reabertura comercial do País, no início do Governo Collor, que, lamentavelmente, cedo se perdeu na corrupção que se enraizou no Poder Público.
Brasília era bastante segura, e diversão não faltava, além de ser ponte para o Rio e São Paulo.
A Mansão Ceará do Senador Virgílio Távora, que reunia muitos cearenses aos domingos, já estava inativa com seu falecimento, mas ainda tive a oportunidade de aqui encontrar o saudoso e estimado amigo Marcelo Linhares e outros que me deram boa acolhida, como Mauro Benevides, Paes de Andrade, Paulo Cabral e a brilhante turma da imprensa cearense, Fernando Mesquita, José Wilson Ibiapina, Frota Neto e os que já nos deixaram, Lustosa da Costa e Rangel Cavalcante.
Fruto de uma urbanização desordenada para a acolhida de “eleitores” de governantes incompetentes, a Capital Federal deixou de ser uma bela cidade administrativa para se tornar um aglomerado de pessoas dos mais variados níveis culturais e sociais, sem transporte satisfatório e mercado de trabalho insuficiente, com sua conhecida universidade (UnB), criada, entre outros, por Darcy Ribeiro, e onde lecionei como convidado, em franca decadência no ranking nacional.
Mas aqui continuo feliz, porque, a retornar à advocacia perante os tribunais superiores, encontrei espaço para atuar no campo do direito privado, inclusive em controvérsias internas e internacionais que são resolvidas por meio de arbitragem, em São Paulo e Minas Gerais. Sou, atualmente, Presidente do Instituto dos Advogados do Distrito Federal (IADF).
Casado mais uma vez com uma advogada, minha colega de escritório Eliene, com ela tive dois filhos, já maiores, Sofia, com 23 anos, formada em Moda e Artes Plásticas, que mora e trabalha em São Paulo, e Francisco, 20, meu caçula, que estuda Ciências Contábeis, mas não esqueço meus demais filhos cearenses, os amigos e minhas raízes nordestinas.
Principalmente para os mais jovens, espero, talvez não agora, mas em uma próxima eleição, melhores dias e ambiente para o crescimento e a paz no nosso País.

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