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Após queda de Jango, reunido no Palácio da Guerra do Rio com os governadores que haviam apoiado o movimento, Costa e Silva sugeriu o nome de Carvalho Pinto para o mandato tampão, aí Carlos Lacerda tomou a palavra e anunciou que ele e seus companheiros já haviam optado pelo nome de Castello Branco.

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Além, naturalmente, de Carlos Lacerda, houve dois civis que eu torci para serem presidentes, Leitão de Abreu, duas vezes Chefe da Casa Civil, e Aureliano Chaves, governador de Minas, que foi vice de João Figueiredo.

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Quando Lacerda partiu, o Presidente que o Brasil não teve, o general Médici, um dos três maiores que tivemos, para muitos, o maior, mandou que o filho o representasse no funeral, certamente lembrado do que ele tinha feito pelo levante que derrubou o presidente Goulart do qual, o incontestável chefe civil.

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O presidente João Goulart, de quem o dr. Parsifal Barroso havia sido Ministro do Trabalho, tinha um lugar para o professor, qual seja embaixador em Israel. Porém, não chegou a nomeá-lo, pois aconteceu 64, que o derrubou. Testemunhei, num jantar do 410 da Barão de Studart, dona Olga pedindo informações ao pai de VT, Fernandes Távora, que tinha morado em Telaviv.

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Quando Miguel Arraes foi candidato a prefeito, na capital pernambucana, prometeu que, se eleito, poria comida na panela de quem não tinha. Então, o poeta maior, Manoel Bandeira, criou o slogan considerado infame pela esquerda: Recife, Com Arroz, Sem Arraes.

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O padre Palhano, eleito deputado federal, conseguiu boa chegada junto ao presidente Goulart. Quando ele foi derrubado, e lançaram Castello Branco, logo articulou seus colegas do PTB para apoiá-lo, o que, entretanto, não impediu sua cassação, regida, segundo disseram na época, por seus inimigos sobralenses.

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São Paulo perdeu chance de fazer três maravilhosos presidentes da República. Lucas Nogueira Garces, que foi um governador de mão cheia, Olavo Setúbal, que Geisel, se não insistisse em militar, poderia ter feito seu sucessor, e, naturalmente, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, cujo pai foi senador por Pernambuco, eleito pelas esquerdas de Miguel Arraes.

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Dois dias depois da queda de João Goulart, ex-presidente Dutra recebeu ligações de Juscelino e Lacerda, ambos lhe oferecendo mandato tampão, quando cada um soube que o rival tinha tido a mesma ideia, eles esfriaram, que, segundo muitos observadores, teria tido ainda força suficiente para manter a eleição de 1955 e a consequente vitória de Lacerda.

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O coronel cearense Costa Cavalcante era deputado por Pernambuco e foi ele que, discursando na Câmara, anunciou a candidatura do general Costa e Silva, que muito desagradou o presidente Castello, que tinha outro nome pra sua sucessão, o político mineiro Bilac Pinto. Castello chamou o conterra e lhe perguntou por que não o havia consultado, antes de fazer o pronunciamento. Cavalcante explicou que não o tinha procurado porque sabia que ele seria contra, não explicitamente contra o candidato, porém, pela inoportunidade, pois ele Presidente ainda estava se articulando com os políticos e alguns companheiros.

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O general Machado Lopes, que deu respaldo à posse de João Goulart, embora com o disfarce de parlamentarismo, que realmente nunca funcionou, reunido com seus oficiais, no auge da confusão assume-não-assume, estabeleceu: Aviso se conformar com a corja. Naturalmente que a corja eram Jango e Brizola.

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Cabo Anselmo, que liderou a Revolta da Marinha, ponto de partida da queda de João Goulart, pode ainda estar vivo, morando não se sabe onde, camuflado na plástica que o delegado Fleury pagou pra ele, a título de prêmio, pela delação que teria feito de companheiros, nos tempos da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais.

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Após quatro mandatos de deputado estadual, o MDB viu que Mauro Benevides era seu melhor nome para o Senado. O Mauro era meu informante, e nós estávamos sempre ao telefone. Ele me dizia: A turma do Paes de Andrade quer me jogar no abismo, mas só vou aceitar se o César lançar o Edilson. Não deu outra coisa, Mauro pegou oito anos de Senado e, na eleição do Tasso, teve seu mandato renovado.

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No primeiro turno daquela eleição que deu Collor contra Lula, na final, sufraguei Brizola, a pedido do meu amigo Moysés Pimentel, e acho que o Brasil perdeu, pois, a meu ver, e de muita gente, teria dado um ótimo presidente.

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Raul Barbosa pode ser citado como um dos grandes injustiçados da política cearense. Após o ótimo governo que realizou, pretendeu uma cadeira no Senado e saiu em quarto lugar, não se candidatando nunca mais.

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César Cals perdeu-se politicamente pelo excesso de otimismo, exemplo palpável foi o lançamento de Edilson Távora ao Senado, era sério, não sujou as mãos em quatro mandatos federais, no entanto padecia da falta de penetração na Capital. Além do mais, gozava da antipatia pessoal de seu parente Virgílio Távora.

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Juarez Távora perdeu pra Juscelino Kubitschek por apenas 400 mil votos. Se Plínio Salgado, candidato dos integralistas, que teve 600 mil, houvesse desistido, como foi peitado, essa votação quase toda teria passado para Juarez e então teríamos um Presidente que, entre outras vantagens, não construiria Brasília.

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Dona Darcy Vargas, mesmo acamada, fez questão de receber Carlos Lacerda, a quem ponderou as injustiças que cometia jornalisticamente com seu marido. Lacerda se comoveu e pensou em atenuar a campanha contra o Presidente, porém não conseguiu dominar a si próprio e continuou, até derrubá-lo, o que motivou seu exílio em Cuba.

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O embaixador Gilberto Amado, que falava onze línguas e tinha sólidos conhecimentos do hebraico, quando Getúlio Vargas lhe inquiriu por que fazia tanta questão de governar Sergipe: Para roubar, Presidente, para roubar e roubar muito.

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Na sua segunda eleição pra deputado estadual, representante de Mombaça, Paes de Andrade, pretendeu a Presidência da Assembleia, e, em não conseguindo, o governador Parsifal Barroso, eleito em 1958, contra Virgílio Távora, lhe fez Secretário da Justiça, que não era bem sua praia, pois, entre outros misteres, tomava conta dos presídios. Depois, do meio pro fim, Paes foi substituído por Mauro Benevides, em primeiro mandato.

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Além da Justiça, Armando Falcão exerceu interinamente outras pastas no governo de Juscelino, tal Saúde, onde, numa peleja com dona Sara Kubitschek, que pretendia ajudar instituição católica de Minas, que não constava no orçamento, Juscelino lhe deu razão, se pondo contra a Primeira-Dama, sua mulher.