Categoria: Apanhado político

Passados 60 anos, acho que agora posso declinar minha primeira chapa eleitoral, quando tive a chance de sufragar Virgílio Távora para governador, Figueiredo Correia, para vice, Tancredo Halley, para senador, uma maneira de homenagear o Sainte Parsifal Barroso, José Macêdo, para federal, o jornalista Dorian Sampaio, para estadual, Murilo Borges, para prefeito, o papai Luiz Campos, para vice.

Raimundo Bezerra, médico formado pela Universidade da Bahia, com especialização na Alemanha, foi um dos que participaram do adeus de Flávio Marcílio, eleito não esperado em último lugar pelo PMDB. Ele logo desapareceria, falecendo no exercício de prefeito do Crato.

Paulo Lustosa teve duas eleições folgadas para deputado, então Adauto Bezerra o convocou para integrar sua chapa, que era a favorita para governador, na qualidade de senador. E foi assim que Paulo derrapou, perdendo para o candidato de Gonzaga Mota, o radialista Cid Carvalho.

Péricles Moreira da Rocha foi sempre muito ligado à ficheira dos cassinos que frequentava, e como tal, sabia simplesmente de tudo que se passava. Uma vez, ele me chamou no Ideal e fez a seguinte comunicação: tuas amigas perdem e ordenam ao gerente para nada dizer a seus maridos. Então, que apareçam os amantes.

A história da urna marajoara e Adhemar de Barros hoje soa como piada. O governador visitava Belém, na hora da partida, umas colegiais lhe ofereceram a tal urna marajoara, que valia mais ou menos o preço de um sorvete, os assessores de Adhemar a puseram no avião. Ao desembarcar em São Paulo, um jornal comparou a lista que havia sido entregue na partida com a lista da volta, e não contava a tal urna, do que se valeu o jornal para divulgar que o tal presente havia sido contrabandeado, carregando em cima do presidente do Partido Social Progressista.

Indicado a senador pelo Presidente Figueiredo e homologado por aclamação pela Assembleia, César Cals fez seus suplentes Almir Pinto, como primeiro, e Armando Aguiar, como segundo, e como César saiu ministro das Minas e Energia, Almir exerceu quase todo o mandato, o que valeu pelo coroamento de uma bela carreira, pois se tratava de um cidadão de seriedade indiscutível, que a Revolução antes aprovara para Presidente da Assembleia.

Expedito Machado ingressou na política em 1954, no lugar do cunhado Walter Sá Cavalcante, que era deputado federal e faleceu por câncer cerebral, porém, de saída, disputou um lugar na Assembleia, quando foi conduzido à Presidência Vargas. Em 1958, ficou em último lugar, mas obteve a cadeira de deputado federal, renovada quatro anos depois, sendo o mais votado do PSD.

Coloco tranquilamente o Coronel Cordeiro Neto entre os meus cinco maiores prefeitos, por considerar que só a Perimetral já vale, além do mais, foi um austero administrador da coisa pública.

Walter Bezerra Sá foi o único deputado eleito em 1950 na legenda do Partido Social Progressista, nacionalmente liderado pelo governador paulista, Ademar de Barros. Quatro anos depois, perdeu eleição suplementar para Esmerino Arruda, que entregava. Voltaria em 1966, quando governava o Estado seu amigo Plácido Castelo, porém, pouco durou, pois logo partiu, batido pelo coração.

Ernesto Sabóya, filho da legenda sobralense, só conseguiu um mandato de deputado federal, em 1954. Acontece que foi um dos líderes da malfadada Lei do Cadilac, pela qual os parlamentares podiam importar carro sem pagar imposto, por sinal, isso irritou profundamente o grande Carlos Lacerda. Quatro anos depois, Ernesto não conseguia a reeleição e encerrou carreira como diretor do BNDE, no governo Jânio, na cota da UDN.

Quando comecei a coluna, o Ideal tinha dois presidentes, Manoel Porto, no Administrativo Social, e José Moreira, no Balneário, que acabou quando Gustavo Silva pôs termo à sociedade dos 250.

Sorte tiveram os suplentes da bancada federal de 1962, eleitos pelo PTB de Carlos Jereissati, pois Álvaro Lins, Flávio Marcílio e Crisanto Moreira da Rocha, nessa ordem, logo assumiram, o primeiro, com Antônio Jucá, optando pelo Senado, e os outros nas vagas abertas com as cassações, por sinal, injustíssimas, de Moysés Pimentel e Adahil Barreto.

Chico Monte, que não teve filho varão com Maria Xerez, considerava Parsifal como seu herdeiro, o qual, quando ele partiu, era governador do estado.

Quando Romeu Aldigueri, líder lojista, começou a difundir sua Campanha de Moralização dos Costumes Políticos, os colegas empresários não se sentiram sensibilizados a apoiá-lo, não o levaram a sério, forçando Eduardo Campos a adverti-los em um banquete: Não riam do Romeu.

Dr. Leão Sampaio e Mauro tiveram juntos onze mandatos federais, seis para o pai e cinco para o filho, e representaram no Cariri a maior força rival contra os Bezerra.

Paulo Sarasate, político de grande estatura moral, foi constituinte de 46, tendo obtido depois mais três mandatos federais, 1950, 1958, 1962 e o do senado em 1966, que mal exerceu em face de padecimento, sem falar nas eleições para governador, em 1954, quando enfrentou seu amigo Armando Falcão.

Reportagem política derrapa solenemente quando dispõe que Fulano de Tal foi eleito suplente de senador, ora, a própria nota se autoexplica, pois, se o cidadão é suplente, implica que não foi eleito.

Locutores de solenidades costumam anunciar a presença das autoridades civis, militares e eclesiásticas, todavia, não estão completamente certos, pois o religioso é uma autoridade civil, pela simples razão de que não é militar, sendo assim, a proclamação deve se restringir a autoridades civis e militares.

Dois dos políticos cearenses não nasceram no Ceará: Wilson Gonçalves, que chegou a ser governador e a senador de dois mandatos, nasceu em Cajazeiras, na Paraíba, e Flávio Marcílio, que também governou e foi eleito cinco vezes deputado federal, era piauiense.

Até 1954, voltava-se até para suplente de senador, aliás, na minha opinião, foi um erro terem cancelado o sufrágio para vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito, que a qualquer momento podem ocupar o poder maior, no país, no estado e no município.