Bola rolando

Seleção, das cinco copas amealhadas, temos de tirar a primeira, na Suécia, quando a França, o melhor time, jogou um tempo com dez, a do Chile, quando a Espanha foi garfada, tendo um gol legítimo anulado e um pênalti não marcado, e o circo armado pelo Havellange, nos Estados Unidos, quando a decisão foi por pênaltis, que não faz parte da nossa cultura futebolística.

Bola redonda

Meto minha mão, sem medo de queimar o cotovelo, nessa questão se o melhor foi Pelé ou Maradona. Aqui e agora, em meu blog internacional, estabelecerei de uma vez por todas que Maradona deu muito mais à Argentina, nas quatro Copas que disputou, que o Pelé ao Brasil, também em quatro Mundiais, pois só em um, o último, jogou inteiro.

Bola redonda

Apontar Domingos da Guia como maior zagueiro da primeira Copa da França, em 1938, é uma barbaridade, pois dizem que, jogando sempre com febre, o Pelé da Defesa não conseguiu jogar bem nenhuma partida, e ainda cometeu três pênaltis, um deles, fatal, contra a Itália.

Bola rolando

O Botafogo é tetracampeão carioca, 32, 33, 34, 35, porém o próprio clube não dá muita importância, porque pra valer só foi 32, ganhou os outros participando de uma liga que só tinha time pequeno.

Bola passada

Brasil ainda hoje chora perda da Copa de 50, que inaugurou o Maracanã. Acontece que, se o futebol fosse sempre justo, a Seleção nem teria ido para a final, pois precisava vencer a Iugoslávia, que tinha um time certinho e jogava pelo empate. Acontece que seu principal jogador, o armador Mitic, ao tentar entrar em campo, quebrou a cabeça no túnel do estádio, e a Iugoslávia solicitou adiamento da partida por 15 minutos, para que o time começasse completo. O capitão brasileiro, Augusto, concordou, porém condicionou a aprovação do treinador Flávio Costa, que negou. O resultado é que, quando Mitic começou a jogar, Brasil já havia metido um gol, mas os verdadeiros futebolistas sabem que a Seleção não ganharia esse jogo, se Iugoslávia tivesse jogado, desde o início, com seu onze completo.

Bola passada

Na Copa de 50, o melhor time era a Espanha. No jogo com o Brasil, todo mundo estranhou que os ibéricos pareciam estar dormindo em campo. Perderam de seis, e depois se soube a razão do “sucesso” dos brasileiros. O cozinheiro da concentração dera uma patriotada, pondo barbitúrico no almoço dos visitantes.

Bola redonda

No jogo de botão, antes de Nilton Santos se consagrar, a lateral esquerda (na época dizia half) era destinada ao botão mais chinfrim. Depois, passou a ser um dos melhores do time, aquele que a gente amparava cuidadosamente com a gilete do pai.

Bola quadrada

E tem aquela do Nelson Rodrigues cujo marido da nova-rica levou sua mulher pela primeira vez ao Maracanã, tendo ela então perguntado, “meu bem, que é a bola?”.

Bola rolando

No Sul-Americano de 1946, realizado na Argentina, Flávio Costa escalou na mesma linha os três maiores centroavantes da década, Leônidas, Heleno e Ademir. Só que o Brasil não foi além de um empate, gol assinalado pelo zagueiro Norival.

Bola redonda

Houve um lateral, Arati, que veio do Madureira pro Botafogo e estava longe de ser um craque. Tanto que, só uma vez envergou a camisa da Seleção, porém aconteceu na estreia de Didi no escrete, e por esses 90 minutos (Brasil x México, Pan-Americano de 52) ficou famoso pro resto da vida.

Bola redonda

Desta vez, foi quadrada, e do próprio Pelé. Aconteceu quando o Rei foi expulso, certamente a única vez, jogando pela Seleção Brasileira. Foi no Pacaembu, quando a Argentina deu de três, e eu estava lá.

Bola rolando

O Brasil estreou perdendo na primeira Copa do Mundo, disputada em Montevidéu, em 1930, 2x1 pra Iugoslávia. Essa partida não foi realizada no Estádio Centenário, que ainda não estava pronto, porém, no Parque Central, campo no Penarol. Dias depois, Brasil entrou em campo, desta vez, no Centenário, e ganhou da Bolívia, de 4x0.

Bola rolando

Antes de se tornar bicampeão do mundo, o zagueiro Mauro, que participou da fase Pelé do Santos, a mais brilhante de um time do futebol brasileiro de todos os tempos, passou por uma grande decepção na Seleção, pois a primeira vez que foi convocado, para a Copa de 50, no Maracanã, o treinador Flávio Costa o cortou por deficiência técnica. Uma noite, no Hotel Plaza, de Salvador, tentei explorar o assunto, porém ele desconversou. Mauro está morto, batido por câncer de estômago.

Bola rolando

Arati, um jogador medíocre, que começou no Madureira e foi depois para o Botafogo, só atuou uma vez pela Seleção Brasileira, porém passou pra história. Pois foi nesse jogo, contra o México, no Pan-Americano de 1952, no Chile, que estreou o grande Valdir Pereira, o Didi, bicampeão do mundo.

Bola rolando

Em 1948, o Vasco tinha um grande time, quase 11 craques, enquanto no Botafogo, atuavam uns quatro pernas-de-pau. Eles empatavam em pontos, quando disputaram a final, que o Botafogo ganhou de 3 a 1 e foi campeão. Entretanto, nos meios esportivos, correu que João Saldanha, torcedor fanático do Glorioso, havia mandado um garoto pôr barbitúrico na laranjada do time de São Januário. Anos depois, se descobriu que o menino atendia pelo nome de Carlos Imperial.

Bola rolando

Ademir foi o maior goleador da Copa de 1950, porém não o melhor centroavante, que na primeira fase foi Zarra da Espanha e, na segunda, uruguaio Miguez. Aliás, o pernambucano nada fez na partida final, quando mais se precisava dele.

Bola rolando

Já para o fim do trágico jogo com o Uruguai, 16 de julho de 1950, o centroavante Ademir perdeu enorme chance de empatar e dar o título ao Brasil, quando a bola veio até ele, na grande área adversária, e era só dominar e meter, em vez, entretanto, ele chutou de primeira, e a pelota passou a uns cinco metros da trave de Maspoli, e a torcida, que já estava gelada, esfriou de vez.

Bola rolando

Os dois centroavantes previstos para a Copa de 1950, que inaugurou o Maracanã, acabaram não sendo convocados: Leônidas da Silva, que brilhara no Mundial da França, 12 anos antes, porque se iniciava na velhice; e Heleno de Freitas, o mais clássico de todos, incluindo Pelé, porque, esquizofrênico, se iniciava na loucura.

Bola rolando

Flávio Costa chegou a pensar em Heleno de Freitas para a Copa de 50, mas o craque estava iniciando seu processo esquizofrênico. Enquanto isso, a crônica paulista insistia em Leônidas da Silva, dos Mundiais de 34 e 38, que acabava de dar o quinto título ao São Paulo, porém Flávio Costa o convocou, e depois desconvocou, para o Sul-Americano de 1949. A Seleção começou com Baltazar, que não correspondeu, e depois improvisou Ademir, enquanto seu reserva, o gaúcho Adãozinho, nem chegou a entrar em campo.

Bola rolando

Nem sempre reluziu para Pelé, a primeira vez que vestiu a camisa da Seleção, o Brasil perdeu; a primeira vez que jogou em Copa do Mundo, não marcou gol; a primeira vez que em Mundial meteu mais de um gol, o seu marcador estava na enfermaria; e, já bicampeão, foi expulso no prélio em que Argentina deu de três, no Pacaembu, e eu estava presente.