Estórias com E

Após perder um filho, senhora da mais alta sociedade conseguiu dar gêmeos ao marido, dois varões, que, em regozijo, lhe presenteou um Anjo de Renoir, que é guardado (ou era) numa redoma com cadeado, amigas de tímidas relações com artes plásticas costumavam se manifestar: Mas que moldura bonita!

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No pequeno escritório do ricaço Bonaparte Maia, que se preparava para lançar seu grande jornal, O Jornal, a coluna social estava entre o Eutímio Moreira, que era o favorito, e eu. Foi quando o advogado José Cardoso de Alencar fez a balança pender a meu favor, estabelecendo que “para mim, a coluna do Lúcio é que mais agrada às mulheres”.

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A casa em que Carlos Jereissati hospedou Getúlio Vargas na Tristão Gonçalves com Metom de Alencar, na época ex e futuro Presidente e onde recebeu a missão de constituir o PTB do Ceará, permanece de pé, sendo, penso eu, uma repartição estadual.

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Foi Ciro Gomes que, ouvindo seu inadvertido Secretário da Cultura, por sinal já falecido, acabou com a entrada das torrinhas do José de Alencar. Esse acesso se localizava na parte noroeste, vizinho à primeira Faculdade de Medicina. As torrinhas são a geral do teatro, e essa entrada era importante para facilitar a vida de estudantes e comerciários, que, de jeans e chinelão, não apreciam ingressar na casa de espetáculos junto com o pessoal da sociedade e do mundo oficial.

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Pouca gente sabe que, de julho de 1958 a abril do ano seguinte, Fortaleza teve dez jornais diários, sendo cinco vespertinos, O POVO, Correio do Ceará, O Jornal, do Bonaparte Maia, a Tribuna do Ceará, do Sancho, e O Nordeste, do Arcebispado. E matutinos Unitário, Gazeta, O Estado, Diário do Povo e O Democrata, órgão comunista.

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E tem aquela da nova rica que explicava numa roda: Meu marido fez tudo que podia por esse sobrinho. Acontece que ele não queria mesmo nada, e meu marido, então, lavou as mãos como os pilotos.

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Inesquecível Edson Queiroz gostava de me provocar, e confesso que eu apreciava, em se tratando de homem tão poderoso. Costumávamos nos encontrar no Panela, ele sempre de Yolanda, e, numa noite, saiu-se com esta: Você não é bom jornalista, você não tem é concorrente, vou pedir uma coluna ao Sancho e, em dois meses, lhe boto no chão.

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Numa das renovações do meu contrato com O POVO, levei a proposta por escrito e apresentei ao inesquecível José Raymundo Costa, que, quando começou a ler, foi logo dizendo: “Não, o jornal não pode aceitar, de modo algum.” “Por que não, Costa?” “Porque os outros vão querer a mesma vantagem. E não poderemos arcar com o ônus, na folha de pagamento.” Tentei escapar: “Olhe aqui, você sabia que, no Corinthians, o Rivelino recebe bem mais que os outros jogadores?” “Sabia, sim, o que eu não sei é quem é o Rivelino de O POVO.” Me despedi e fui tratar com o Demócrito.

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Quando os publicitários Ayrton Rocha e Tarcísio Tavares, da Agência McCann Erickson, peitaram Lustosa da Costa e eu para protagonizar um programa semanal de televisão, nós dois preferimos não acreditar, sobretudo quando nos disseram que íamos ganhar 15 mil por mês, duas vezes o que recebia o diretor da TV Ceará, João Guilherme Neto. Acontece que era pra valer, e quem bancava era o maior grupo de então, J. Macêdo.