Categoria: Vã filosofia

Quando percebeu haver produzido as quatro grandes gafes, a pobreza, a velhice, a feiura e as doenças, Deus pretendeu acabar com o mundo, que aquele Noé, idiotamente, impediu.

Locutores de solenidades oficiais martelam erradamente, “queremos agradecer a presença das autoridades civis, militares e eclesiásticas”. Acontece que não existe especificamente autoridade eclesiástica, o bispo, por exemplo, é uma autoridade civil, pelo simples fato de que não se trata de uma autoridade militar. Assim, para efeito de saudação, as autoridades ou são civis ou são militares.

Pensando bem, não parece lógico que se parabenize aniversariante, pois é difícil admitir ser pertinente abraçar pessoa que está envelhecendo, que, pesado e medido, vem a ser um castigo.

Existe um pecado verdadeiramente mortal, que não dá direito sequer a purgatório, estou me referindo, no caso, a falar mal da vida alheia, com ou sem o propósito de querer derrubar.

Eis a regra, que eu passo pra vocês, com as denominações certas, por exemplo, peixe é pescado, não é marisco; lagosta e camarão são mariscos, não são frutos do mar; ostra e mexilhão são frutos do mar, não são mariscos.

A voz corrente parece querer estabelecer que camisa é pra homem e blusa pra mulher, todavia não é bem assim. Blusa atende ambos, e camisa, embora menos, também, a não ser que seja de vênus.

Aquela sandália popularizada no mundo inteiro só é cafona quando chamada de Japonesa, se de Havaiana, não é.

Duvide da educação da mulher que, quando o cavalheiro lhe passa um salgado ou canapé com a mão, se sai com a pergunta terrível: Onde foi que você pôs essa mão?

“Humildade perante os fatos” era como dizia o saudoso Virgílio Távora, quando uma pequena parte de guarnição militar local pretendeu, após a Revolução de 64, apeá-lo do Poder, por ser amigo do Presidente defenestrado, João Goulart.

Quando você está falando numa roda e dois circunstantes puxam conversa entre si, o jeito é fazer uma pausa, de modo que os inconvenientes percebam a desatenção que estão cometendo.

Quando o empregado pratica um malfeito, você pode se vingar sem que ele saiba. É só pensar que vai lhe dar um aumento e não dar. Não tomando conhecimento, ele não poderá ficar amoado.

Hoje, a realidade estabelece que o brasileiro, em vez de festejar a República, deve enaltecer a Monarquia.

Ao dar uma gorjeta de 30 reais, ponha a cédula de 10 reais cobrindo a de 20, o gratificado vai pensar que a outra cédula também é de 10 e ficará muito feliz ao perceber que é 20, fazendo ele ganhar 10 reais a mais do que pensava. O contrário se dará se você envolver a de 10 com a de 20, fazendo ele meditar que a outra é de 20 também, e que ele será aquinhoado, então, com 40. E ficará um tanto melancólico ao constatar que a que está por baixo é apenas de 10.

Da mais elegante brasileira, Tereza de Souza Campos, que depois virou Princesa de Orleans e Bragança, quando a revista Manchete lhe perguntou se seria capaz de dar algum de seus vestidos pelos pobres de Biafra: Mas por que pelos pobres de Biafra? Eu seria capaz de andar até nua pelos pobres daqui mesmo.

Ao relatar um fato que se passou faz muito tempo, você nunca deve intercalar a narrativa com a frase “estou vendo como se fosse hoje”, pois então a roda ouvinte vai julgar que seu relato é mentiroso.

Só tem uma maneira de você manter um empregado de comprovada eficiência, é convencê-lo de que ele é mais importante pra você do que você pra ele. Com modéstia que não é falsa, citarei meu próprio exemplo, com servidores que duram uma eternidade.

Essa bem que poderia ser minha, mas, infelizmente, não é, pertence ao fantástico acervo fraseológico do Oscar Wilde: Ser belo é melhor do que ser bom, porém sempre estarei pronto a admitir que ser bom é ainda melhor do que ser feio.

Natal e Ano Bom estão se aproximando, portanto hora de recomendar paz aos amigos e conhecidos, todavia evite almejar muita paz, que só é possível se obter no cemitério.

Quando me iniciei, a vida estava inteiramente nos clubes, tanto que a lista dos Mais Elegantes, da qual fui o pioneiro, deu quatro dos dez, Manoel Porto (Ideal), Antônio Guimarães (Náutico), Bertrand Boris (Country) e Egberto de Paula Rodrigues (Maguary).

De gente língua de trapo, dotada de mórbido prazer de espalhar má notícia e falar mal da vida alheia, cabe perfeitamente se concluir que na casa de seus pais não havia bidé.