Almeida Leite, que tantas vezes se inspira na mais refinada pintura francesa, entrou na quarentena com propósitos mutantes. Pois acabou por bem professar os pintores rafaelistas espanhóis, tal Aurélio Roylo. Por sinal que ele já olhava avidamente para o gênero, que programa pastel seco sobre papel (giz colorido). Fez três retratos, sendo quarto trabalho uma transmissão de trecho londrino, que lhe foi enviado via Instagram pelo amigo médico Francisco de Assis, que mora na Inglaterra. O lançamento não se dará neste ano padrasto, porém no próximo, que se espera restabelecedor. E muito provável que o local escolhido para a mostra seja o próprio estúdio da Barbosa de Freitas, onde já estive, num vernissage.

AS DUAS MULHERES DO SÉCULO & OUTRAS NOTAS A mulher mais elegante do Brasil, em todos os tempos, Tereza Leite de Souza Campos, que vem de partir mais que noventona, concedeu, faz muito tempo, entrevista à então revista Manchete, que foi elogiada, nada mais, nada menos, pelo prof. Parsifal Barroso. Qual o seu esporte favorito? O polo, que é praticado pelo meu marido, e o futebol, que é a própria vida. E justificava: Bola avançada, que é um ataque, bola recuada, que é uma defesa, bola na área, que representa o perigo, e bola na rede, que é o gol e a vitória. Você seria capaz de dar algum dos seus vestidos pelos pobres de Biafra? Mas, por que pelos pobres de Biafra?! Eu seria capaz de andar até nua, pelos pobres daqui mesmo. Como saiu da lista das Dez Mais Elegantes? Como entrei, em silêncio. Já separada de Didu e casada com o Príncipe Dom João de Orleans e Bragança, Tereza foi fortemente atingida por um pesadelo. É que o filho Diduzinho, dirigindo pernoitado, por um viaduto no Rio, foi salpicado pela janela. Escapou com vida, porém perdeu noventa por cento da visão. E hoje vive em apartamento peba de sala-quarto, de pensão de salário mínimo e ajuda periódica de alguns amigos. Luciano Mesquita me passa que a turma de 61 da Escola de Direito, da qual faz parte, se reúne mensalmente no Náutico, citando, entre outros, Valfrido Salmito, Meton Vasconcelos, Edilberto Pontes, Dionísio Torres, José Háteras e a desembargadora Irisman Cidade. Adísia Sá apostolou este que vos fala de O Solitário do Cumbuco, pois bem, no recente prolongado recesso, a praia capital do oeste próximo virou A Praça da Solidão, e ainda não deu para reanimar a casa. O desembargador Zezé Câmara, mais conhecido entre os que o amam por O Indispensável, costuma arrumar surpresas, só que agradáveis, para os amigos. Semana passada, fui aquinhoado por meu amigo Fernando Távora do outro lado da linha, que secularmente não via. Nosso relacionamento se fez no I Veterado, quando veio do Rio, assessorar o primo Virgílio, que assumira o Governo. E foi um auxiliar de foro privilegiado, pois era hóspede do próprio Governador, tendo dona Luíza lhe cedido uma alcova disponível na ala oeste do 410 da Barão de Studart, casa então pertencente ao senador Fausto Cabral.

E Deus chamou, a meu ver, na hora acima da certa, duas referências da plenitude feminina brasileira. Martha Rocha, a miss que ganhou nas ruas de Long Beach e só perdeu nas passarelas por duas polegadas a mais, que só o júri viu. Conheci a baiana no meu Ugarte, levada por Wilma Patrício, e tive a feliz oportunidade de entrevistá-la pra Jangadeiro, na loja da Emília e Campelo. Tereza de Souza Campos, mineira de Ubá, a quem fui apresentado pelo marido Didu, no Flag, o maior bar que o Rio já teve. Os dois formavam o Casal 20, sendo Tereza primeiríssima da lista das Dez de Jacinto de Thormes. Ela morreu princesa, viúva que era de Dom João de Orleans e Bragança, única família sangue azul das Américas.