Vesperal das moças

“Casablanca” foi o único filme da grande Ingrid Bergman em que a sueca não contracena com mulher. Aliás, ela detestava mulher, era uma fêmea de verdade. Em “Casablanca”, foi muito feminina mais uma vez, todavia não apareceu no meio daqueles talentos todos.

Cinema de véspera

Orson Welles foi sempre mais criador do que ator. Ainda assim, roubou a cena de Joseph Cotten, no maior filme inglês de todos os tempos, “O Terceiro Homem”.

Cinema de véspera

Mae West, a Rainha das Vamps, chegou a uma festa e, quando entregou seu casaco para a chapeleira, esta proclamou: Meu Deus, que pele sensacional! Resposta da atriz: Deus nada teve a ver com isso, queridinha.

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Quando se soube, em Hollywood, que a atriz Lauren Bacall tinha traído o marido, e logo com Frank Sinatra, uma amiga lhe perguntou: Como é que uma mulher tem coragem de trair um homem como Bogart? E a resposta: Eu também pensava assim, até que aconteceu.

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O cidadão Amadeu Barros Leal merece um estudo sério, pois teve a ousadia de, com sua empresa Cinemar, enfrentar o onipotente Severiano Ribeiro. Abriu cinco casas, sendo a primeira o Jangada, na Floriano Peixoto; depois, Samburá, na Major Facundo; veio, então, o Araçanga (depois Art); o Atapu, na Joaquim Távora com Pontes Vieira; e na Praça José de Alencar, o Toaçu, que muito pouca gente sabe que existiu.

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Não tendo ainda televisão, cada subúrbio tinha o seu cinema. Alguns bairros tinham dois, como, por exemplo, Otávio Bonfim, que mantinha o Familiar, dos padres, na praça, e Nazaré, ali bem pertinho, por trás da Sumov. Mais ou menos em 1953, quase todas essas casas exibidoras foram extintas.

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Marylin Monroe estava protagonizando “Adorável Pecadora” com ator francês Yves Montan. Uma fofoqueira telefonou para Paris, sugerindo à mulher de Montan, Simone Signoret, que a dupla estava levando a tela para a vida real. Simone disse apenas “isso passa”, e realmente passou, pois seu marido, terminado o filme, voltou pra ela e esqueceu la Monroe.

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Maior filme inglês de todos os tempos, provavelmente, terá sido o “Terceiro Homem”, pretensamente passado nas ruínas de Viena no após-guerra. Nele, o grande Orson Welles faz uma ponta como falsificador de penicilina, que mata ou aleija milhares de crianças, e, aparecendo em cena três ou quatro vezes, rouba o espetáculo.

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Humphrey Bogart partiu aos 57 anos, vitimado por um câncer de esôfago, provavelmente proveniente do cigarro. A cirurgia a que se submeteu levou 13 horas, e ele ainda durou algum tempo. Alguns amigos vinham, no final da tarde, tomar um uísque com ele, que bebia com muita água. Seu último filme foi “A Trágica Farsa”, que ele trabalhou já doente.

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Ingrid Bergman não dava pelota pra jornalista. Quando devolveu um convite da fortíssima Louella Parsons, o tempo fechou. Ao saber, diretor do estúdio disse à sua maior atriz que não podia proceder assim, e um acordo foi feito. A companhia pagaria, mas Ingrid não compareceria.

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Sophia Loren já passara dos 80 quando definiu razão de sua juventude: Faz muitos anos que só janto espaguete.

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Ingrid Bergman não foi indicada pro Oscar por “Casablanca”. Seu desempenho, aliás, não merecia. O maior ator do maior filme de todos os tempos foi Claude Rains, que fazia o chefe de polícia, que perdeu injustamente o troféu de Coadjuvante. Bogart foi indicado pro Oscar de Ator Principal, porém perdeu para Paul Lukas, por um filme sobre Pasteur.

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Fortaleza teve um cinema que as mulheres entravam para um lado e os homens para o outro. Tratava-se, no caso, do Cine São José, que funcionava no lado oeste da Praça Cristo Redentor. Talvez um caso único no Brasil.

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Cinema de véspera Os principais clubes programavam filmes uma vez por semana, o Líbano, às segundas, o Náutico, às quartas, o Diários praiano, às quintas, o Ideal, também às quintas e também uma sessão infantil aos domingos. Exibiam bons filmes, alugados ao Ribeiro, que a gente não podia assistir direito, pois a máquina parava de rodar uma, duas ou mais vezes. As cadeiras também primavam pelo desconforto, porém eram bastante frequentados.

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Cinema de véspera O Cine Ventura, na Barão de Studart com Pinto Madeira, era um dos dois cinemas da Aldeota. Era filiado à Empresa Ribeiro, que entrava com os filmes em troca da metade do faturamento da bilheteria. Como todas as casas fora do tempo, fechou em 1953, reabrindo alguns anos depois, mas aí apenas com a família Ventura, de Júlio Ventura, hoje nome da rua adjacente, porém logo desapareceu definitivo.

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Cinema de véspera Ao falar, na inauguração do São Luiz, Luiz Severiano Ribeiro, então com 84, estabeleceu do palco, numa das maiores noites da sociedade cearense de todos os tempos: Fomos muito criticados por ter a construção desta casa de espetáculo demorado 18 anos, porém vocês estão vendo o resultado, não estou dando à minha terra um cinema, todavia o maior cinema do País.

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Teve um cinema aqui em Fortaleza que se chamava Nazaré, ficava por trás da Sumov. Aliás, Otávio Bonfim tinha duas salas, sendo a outra o Cine Familiar, dos padres, que ficava ao sul da praça. Em tempos modernos, tive um acesso de nostalgia e localizei o Nazaré, que tinha virado oficina de carro, mas mantinha o buraco na parede onde a gente comprava o ingresso.

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As novas gerações não frequentaram o Cine Centro, que ficava na Duque de Caxias, esquina da Imperador ou talvez da Tristão Gonçalves. Exibia os filmes da Fox, e, como quebrava várias vezes, durante a exibição, e as luzes acendiam, as mães das redondezas permitiam que as filhas fossem com os namorados, pois, passeando na calçada, elas podiam vigiar. O prédio pertencia a um centro artístico cearense e só mais recentemente foi demolido.

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O Cine Rex, sobretudo aos domingos, era o refúgio do pessoal jovem, pois ficava no interior da General Sampaio, local de residência da classe média não alta. Foi ali que vi, pela primeira vez, Ingrid Bergman na tela, em "O Médico e o Monstro", em que contracena com o grande Spencer Tracy e a apenas bonita Lana Turner.

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Frequentei o Cine Santos Dumont, popularmente chamado Dioguinho, explorado pelos jesuítas, que tocavam a Igreja do Cristo Rei. Era bem perto da casa do meu avô, na Nogueira Acioly, e do meu pai, na Gonçalves Ledo. Ainda hoje está lá, no lado sul da Praça do Colégio Militar, sediando uma secção da Petrobras.