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BRASILEIRO POR MARCUS LAGE

NA FAZENDA SOLEDADE

Uma das grandes datas para mim e o LB é a prévia da nuit de Noel, lá na fazenda Soledade, de propriedade da tradicional família Oliveira, cuja anfitrã é D. Raimundinha Arruda, esposa do decano do clã de Granja, cuja alcunha é Sr. Iéié. Sebastião Arraes retira da sua adega o que tem de melhor da França. Comemos galinha assada, galinha frita. A casa, um resgate à memória do clã. Fotos das famílias Gentil, Carneiro, Porto, dos Arruda, é claro, adornam as paredes da centenária herdade.

Sentamos, comemos queijos italianos, bebemos à farta. Do clã, o filho Vicente é o coanfitrião, enquanto zelosa rainha do lar coordena à criadagem o preparo do festim, que só é servido às 21h, após as nossas incursões baquianas. Vicente, quando muito, prova uma taça. O “menu” é selado com um bom doce de leite, fiel tradutor da lhanesa da anfitriã. Eles são demais. Somos, a cada ocasião, tratados melhor. Como se a nossa amizade com o feudo datasse d’antanho… Mesmo ciente – toda a Soledade – que, nas eleições, o voto do Brasileiro é do vermelho…

TESE PERFUMADA

Sabem que o LB poderia ser um causídico? É mesmo. A cena deu-se nos tempos da ditadura, na velha Fortal, numa roda de pif (sei lá, poderia ser em meio a um jantar, mas não importa). Um coronel – da ala espartana – fez um comentário negativo a respeito de uns irmãos-empresários, amigos do repórter, hoje cinquentão. E consta que a menção do militar foi pertinente, colocando a irmandade em comento numa situação quase indefensável. E, eis que vocifera o jovem repórter, no ímpeto da idade, com seu característico estilo, o de tornar indefectíveis todos os seus apreços:

– Coronel, não fale essas coisas. Esse pessoal toma seis banhos por dia.

A GRAMA, OU MELHOR, A GRANA DO VIZINHO

Quem o vê estrelando no jet-set, viajando, frequentando as melhores rodas, não adivinha que o Lúcio Brasileiro vive modestamente. Sua morada, no Cumbuco, é franciscana. Livros, poucos móveis, nada de decoração. O que lá tem muito mesmo é naftalina. Fruto da sua aversão a baratas. Quezado as compra aos quilos.

Aconteceu que, depois de excursionar pela Rússia, Portugal, Itália, Chile (ele geralmente começa com vodca e, depois, quando o astro-rei se põe, parte para os tintos), tarde da noite chega em casa. Disposto a pegar no sono dos justos, é incomodado por um barulho, como se fosse alguém – um ladrão – querendo forçar a fechadura. De pronto, grita para o amigo do alheio: Aqui não tem dinheiro não, rapaz. Vá assaltar a casa do Fulano, do Sicrano, do Beltrano (começou a citar os nomes dos ricos veranistas cumbucanos). Creiam, foi mais rápido do que acionar a segurança.

(Do livro Um Brasileiro Muito Especial, de Lustosa da Costa)

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