Primeira Página

JORNAL VISTO POR REVISTA

Andei dando uma voltinha na entrevista que Lauriberto Braga armou comigo há um ano, por delegação da revista “Fale!”.

O cearense Lúcio Brasileiro completa 67 anos de jornalismo diário, recorde merecedor do Guinnes Book, cativante, autoritário, irônico e surpreendente, ele aborda, aqui, temas tais suicídio e fé, e revela não ser impossível ser feliz sozinho.

Tinha 16 anos, quando foi pedir ao redator-chefe da Gazeta uma coluna social, que o matutino em questão ainda não tinha. O Luís Campos topou, e o pseudônimo foi uma espécie de vingança, pois dois da direção, Olavo Araújo e Afonso Sancho, a princípio, contrários, mudaram, e disseram “você resolve”, porém, o vice-presidente Antônio Brasileiro permaneceu remitente, por considerar futilidade.

A Gazeta era lida da classe média pra baixo, mas não atingia a alta sociedade, quer dizer, não entrava no Ideal, clube que tinha em seus quadros a fina flor do empresariado. O Luís achava que a crônica social, como se dizia então, seria um bom conduto.

Qual seu favorito, jornal, rádio ou televisão? Sou apaixonadíssimo por jornal, mas jamais esquecerei o que o rádio e a televisão fizeram pela minha penetração nas camadas que eu almejava cultivar, que são as classes C e D.

Como se manteve o seu relacionamento com o dr. Luís? Não haveria nenhuma possibilidade de haver o Lúcio Brasileiro sem o Luís Campos. Ele foi meu pai.

É verdade que você escreveu também sobre esporte? Sim, no Unitário, o Associado que saía pela manhã, e por um tempo, sem assinar, toquei uma coluna sobre a Universidade, com que o Manuelito pretendeu homenagear o grande Martins Filho, e o Carlos d’Alge indicou meu nome.

E o Caderno Fame? O Fame nasceu em 13 de agosto de 1977, exatamente no dia em que eu fazia aniversário de jornal, colegas de outros estados vieram prestigiar, e eu dei um coquetel pra eles na Torre do Iracema, onde morava, e no dia seguinte, o governador Adauto Bezerra ofereceu um almoço no Abolição. Durou muitos anos, e começou a fenecer quando Demócrito, sem me consultar, levou pro domingo o que até então circulava aos sábados. Deu origem aos suplementos que foram surgindo no gênero, qual seja, abordagem do movimento social.

Quem você apontaria como número um dos colegas, Ibrahim, Zózimo ou Jacinto de Thormes? O Ibrahim veio aqui a meu convite e me citou algumas vezes. Jacinto de Thormes era um Muller tradicional de Santa Catarina, e sua mãe, Nega Bernadez, teria chegado a namorar o Príncipe de Galles e futuro Rei, que renunciou. Aponto o Zózimo, que se tornou meu amigo, publicou até uma foto minha em sua coluna, sabendo-se que ele era apuradíssimo na seleção das pessoas que citava.

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