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A MULHER DO SÉCULO POR INTEIRO

A primeira vez que vi Beatriz Philomeno na vida aconteceu em 1956, quando baixei em sua casa, atendendo a um convite que a primeira-dama, então, dona Nícia Marcílio, deixara no Colégio Cearense, que solicitava minha presença na Rua Francisco Sá, na manhã seguinte.
Linda, aos 33, usando um vermelhinho que lhe assentava muito bem, com tamancos do mesmo tom.
Quando escolhida pelo Ibrahim pra lista das Dez Mais, O Globo mandou ouvi-la como tinha recebido a indicação, saiu-se brilhantemente, pois não se comprometeu, nem revelando deslumbramento, que não era o caso, nem indiferença, que não seria polido.
Sua resposta foi: Os meus sobrinhos cariocas fizeram um grande alvoroço.
O marido ficou vaidoso e lhe presenteou com um espetacular vestido branco, provavelmente adquirido na Casa Canadá, do Rio, meca da elegância brasileira.
Beatriz falava inglês e, sobretudo, francês, e tocava piano e acordeom, tendo tido eu a chance de assisti-la empunhando esse instrumento, num gala dos Aprendizes Marinheiros.
Aliás, foi presidente, durante anos, das Voluntárias de Jacarecanga, entidade com que nunca deixou de colaborar.
Era primorosa anfitriã, e seu estrogonofe tornou-se famoso, tendo tido a oportunidade de receber em Jacarecanga o Embaixador da Santa Sé e os Condes de Bonde representantes da Suécia, acontecimentos para os quais tive a honra de ser convidado.
Quando entrou no Golden-Room do Copacabana Palace para assistir a cantora francesa Dany Dauberson, chamou a atenção de todo mundo.
Em casa da prima Helena Jereissati, foi apresentada ao herdeiro presuntivo da Coroa Brasileira, dom Pedro de Orleans e Bragança.
Dotada de viva conversação, prendia na roda as atenções.
Era extremamente admirada pelo sogro Pedro Philomeno e pelo cunhado Stênio Gomes, que governou o Estado.
Eu estava viajando, quando recebeu o colunista Tavares de Miranda para um chá, que aqui atracara em curso para seu torrão natal, Recife.
No passamento de minha mãe Nair, Chico me deu os pêsames no lobby do Iracema Plaza, informando: Não pude comparecer, porém, Beatriz esteve lá.
Uma das histórias sobre ela é que quase morre por chupar uma manga.
E seu casamento, o rapaz mais rico e a moça mais bonita, foi na base da Lei Seca, por haver partido, em cima, pessoa na família mais próxima do noivo.
E assim definiu seu casamento, que produziu oito: Fui uma mulher muito amada.

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