Categoria: Apanhado político

Antônio da Frota Gentil, que havia sido deputado federal e constituinte da República, presidia um dos dois maiores partidos, o Social Democrático (PSD). Tentou fazer o genro Fausto Cabral Governador do Estado, porém não vingou, o empresário seria compensado quatro anos depois como suplente de Parsifal Barroso, concorrente ao Senado, cumpriu quase todo mandato, primeiro com nomeação do titular para Ministro do Trabalho de Juscelino, e depois, quando o professor foi eleito Governador.

Virgílio Távora não casou no Ceará, porém, no Rio, e quem conduziu a noiva, Luíza Moraes Correia, foi o general Juarez, tio do noivo. Consta, sem confirmação, que no mesmo dia João Goulart se unia, por procuração, com Maria Tereza, que depois seria uma das primeiras-damas mais bonitas do mundo.

Os dois principais artífices na vitória de Murilo Borges para Prefeito, em 1972, foram seu vice Luís Campos e o programador Aécio de Borba, cedido por Virgílio Távora, cuja eleição para Governador eram favas contadas, aliás, quando, alta noite, Aécio e eu saíamos da casa do coronel, na Barão de Studart, Borba estabelecia: Nossa vitória está na dependência do comportamento da classe média, pois o subúrbio vota em Pekim e a esquerda no Beleza.

Os três maiores nasceram em cidades que começam pela letra C, José Macêdo, em Camocim, Edson Queiroz, em Cascavel, Ivens Dias Branco, em Cedro, e a diferença entre seus anos de nascimento é divisível por três, Macêdo seis a mais do que Edson, Edson nove a mais do que Ivens, e Macêdo quinze a mais do que Dias Branco.

Já desaparecidos, Paes de Andrade e Jorge Furtado Leite ainda dividem a liderança da deputação federal cearense, ambos com oito mandatos. No desempate, se usarmos o critério de quem chegou ao ponto mais alto do Legislativo, Paes ganha, pois foi presidente da Câmara, enquanto Furtado Leite, apenas secretário. Porém, se optarmos pelo seguimento sem interrupção, Furtado Leite salta vencedor, pois Paes de Andrade teve duas interrupções, na caminhada.

A política cearense teve três Walter Sá, que partiram no exercício do mandato. O Cavalcante, no Rio, de tumor cerebral, quando era tido como forte candidato ao Governo do Estado. O Bezerra, também quando deputado federal, teve um infarto. E o terceiro, com quem trabalhei na Secretaria dos Serviços Urbanos, logo após assumir Assembleia Legislativa.

Moacir Aguiar serviu a dois governadores, na qualidade de Secretário de Administração, Virgílio Távora e Adauto Bezerra. O que poucos se lembram é que ele trabalhou também com VT Ministro da Aviação, chamado a Brasília para exercer a Secretaria particular, principalmente respondendo às cartas dos políticos cearenses.

Vicente Augusto sempre foi considerado um dos cabeças do PSD, entretanto, para o grande articulador que realmente era, tendo sido um dos responsáveis pela União do Ceará, que nos ensejou o redentor Governo Virgílio Távora, não foi tão reconhecido pelas urnas. Só teve um mandato de deputado federal e amargou suplência no pleito estadual. Terminou como assessor do grande governador César Cals, chefiando sua Casa Civil.

Primeiro Arruda a se candidatar não foi o Esmerino, que só apareceu em 1954. O seu aparentado Edgar Arruda foi constituinte em 47 e, três anos depois, enfrentou Raul Barbosa para o Governo do Estado, e perdeu.

Armando Falcão teve quatro mandatos de deputado, iniciando em 1950, quando foi segundo mais votado na bancada do PSD, batendo Menezes Pimentel. Em 1954, repetiu, só perdendo para José Martins Rodrigues; em 1958, foi o mais votado; em 62, ficou em posição mediana, porém eleito, só perdendo em 66, no primeiro pleito após a Revolução de 64.

Carlos Jereissati era muito bom de urna. Candidatando-se pela primeira vez em 1954, foi o segundo na coligação do PTB com a UDN, só perdendo pro seu amigo Virgílio Távora. Na segunda, quatro anos depois, só perdeu pro seu inimigo Armando Falcão, mais votado na legenda do PTB com o PSB. Finalmente, em 62, se elegeu senador, porém só assumiu em Brasília, pois partiu dias depois, no Rio, não chegando, portanto, a exercer o mandato. Como bem definiu Nertan Macêdo, foi um grande líder.

Exercendo o quarto mandato de deputado federal, após haver sido constituinte estadual, em 1947, Adahil Barreto foi cassado, em 1964, numa das injustiças mais explícitas da Revolução Militar. Quando teve seus direitos políticos de volta, tentou voltar à Câmara, porém partiu antes da eleição, segundo alguns de seus amigos, evitando uma decepção, pois não se elegeria.

Esmerino Arruda foi suplente de senador por 16 anos e não assumiu sequer um dia. Já Fausto Cabral tirou quase um mandato inteiro de oito anos, com Parsifal Ministro e depois Governador, o mesmo acontecendo com Waldemar Alcântara, que assumiu o lugar de Sarasate, que tirou menos de dois anos na Câmara Alta.

A época de ouro dos Moreira da Rocha que eu conheci foi da segunda parte dos anos 40 até o comecinho dos 60. Quatro deputações estaduais para Péricles, três para Crisanto, e Acrísio duas vezes prefeito, cargo que Pekim disputou e perdeu, encerrando o ciclo da família.

Fiz parte, com muito orgulho, do grupo de jornalistas que popularizou Virgílio Távora, junto a Dário Macêdo, Newton Pedrosa, Frota Neto, Rangel Cavalcante e outros companheiros. VT chegou como antipático e saiu do Governo como Rei da Simpatia.

Na eleição de 1962, que deu a União Pelo Ceará e Virgílio Távora governador, seu antecessor, Parsifal Barroso, permaneceu no Governo, e, portanto, não poderia ser candidato a deputado. Surgiu a ideia, que não vingou, de Parsifal disputar pelo Piauí, cujo governador Chagas Freitas disputaria pelo Ceará, um garantindo a eleição do outro, para a Câmara Federal, pois não havia ainda o domicílio eleitoral.

Em 1954, ainda se votou para suplente de senador, que na época era só um, isso significando que você podia sufragar o titular de uma chapa e o reserva de outra chapa.

Nos velhos tempos, o cidadão podia ser candidato a governador e a deputado na mesma eleição, tal aconteceu com Armando Falcão, em 1954, e Adahil Barreto, oito anos depois. Perderam para o Governo, mas garantiram cadeira na Câmara Federal.

Lúcio sempre me reclamou não pôr seu pai junto ao senador Fernandes Távora, cujo filho Virgílio e neto Carlos saíram também deputados federais. Acontece que Valdemar teve um mandato, na legislatura 55-59, porém não foi eleito, ficou na suplência e assumiu.

O senador Arnon de Mello, pai do Collor, que adotou o nome da mãe gaúcha, veio para a posse de seu correligionário udenista Virgílio Távora, eleito pela primeira vez governador. Mas ia se retirando do banquete pra mais de mil, no Náutico, que eu formalizara, por achar que não tivera o lugar merecido à mesa, avisado, desci para segurá-lo na calçada, e consegui, após pronunciar as seguintes palavras: Senador, se o senhor for embora, serei demitido pelo meu Governador. O político alagoano retrocedeu, voltou e se sentou na cadeira que eu designara.