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Virgílio Távora, em 66, e Adauto Bezerra, 12 anos depois, quando deixaram os respectivos governos, obtiveram brilhantes votações, porém não padece dúvida de que a maior de todas foi a de Ciro Gomes, para o mesmo posto, deputado federal.

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Moysés Pimentel, exatamente o oposto do empresário selvagem, foi candidato a deputado federal, em 1962, e obteve sua cadeira por meio de uma belíssima votação, pois sufragado praticamente em todos os municípios, tendo como base Fortaleza, onde obteve mais de dez mil. Teve os seus direitos políticos suspensos na Revolução de 64, acusado de comunista, que absolutamente não era. Vencido o prazo, voltou, mas aí sem a velha fleugma. Foi um dos injustiçados.

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Além da surpresa de ter saído governador, Plácido Castelo logo teve outra, sua posse foi antecipada em cinco meses, assim, enquanto seus companheiros de outros estados só apearam o poder em janeiro, ele, em agosto do ano procedente. Dizem que foi uma manobra de Sarasate, junto presidente Castello, para impedir que Virgílio Távora fizesse o Governador-tampão.

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Gostaria de esclarecer mais uma vez que o Leonel Brizola não veio para a posse de Parsifal Barroso no Governo, o que seria sua primeira visita ao Ceará. Só para ilustrar, direi que nessa oportunidade fui apresentado a Jango, pelo deputado Carlos Jereissati, em casa de Bonaparte Maia, que era meu patrão em O Jornal.

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Armando Falcão teve quatro mandatos federais, 50, 54, 58, 62. Quando pleiteou o quinto, em 1966, ficou na terceira suplência e não mais disputou. O empresário José Macêdo, que fora reeleito deputado, se ofereceu para abrir para ele, tirando uma licença, porém Armando declinou, explicando que não poderia aceitar, se o eleitorado o havia rejeitado.

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Adahil Barreto foi quatro vezes deputado federal, 50, 54, 58, 62. Nessa última eleição, saiu também pra Governador, pelo PTB de Jereissati, só que, do outro lado, intitulado de União Pelo Ceará, estava, nada mais, nada menos, que Virgílio Távora. Adahil, homem honrado, foi cassado logo após a Revolução de 64, sem que o Brasil atinasse por quê. Talvez porque pertencia à ala mais à esquerda da Câmara Federal, sem jamais ter sido comunista. Vencido seu prazo de dez anos, pretendeu voltar, mas então morreu, e, segundo seus amigos, evitou o dissabor de uma derrota.

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Wilson Roriz, que representava o Cariri, era um parlamentar sério e trabalhador, envolveu-se na luta pela vinda de Paulo Afonso, talvez nascendo daí oposição crônica a Virgílio Távora. Só obteve um mandato de deputado federal, tendo ficado suplente na eleição seguinte, vítima que foi de sério acidente automobilístico, batendo com a cabeça.

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Lacerda discursava no Palácio Tiradentes, quando trêfega deputada Ivete Vargas cometeu a ousadia de apartear: “Vossa Excelência é um ladrão.” “Mas como ladrão, se sou conhecido nessa Casa por combater os ladrões.” “Vossa Excelência é um ladrão da honra alheia.” Carlos fulminou: “Então a senhora esteja tranquila, pois nada tem a temer de mim.”

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O milionário Bonaparte Maia, após abrir seu jornal, partiu pra disputar uma cadeira de deputado, entabolando 90 mil votos, e acabou entrando em penúltimo lugar com apenas 15, até o padre Palhano, que prometera cinco mil em Sobral, só conseguiu dar 150. Achou, muito justamente, que era prejuízo demais, fechou o jornal e nunca mais se candidatou.

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Quando Lustosa da Costa resolveu ser candidato a deputado federal, em 1966, primeiramente procurou seu grande amigo Edson Queiroz, que imediatamente lhe passou um cheque, estabelecendo: Não estou acreditando em sua campanha, mas, se você próprio acreditar, volte aqui, que eu dobro. Lustosa não voltou e perdeu por poucos votos, que o Edson, sem dúvida, teria coberto.

Apanhado político

Tomando a iniciativa um e ajudando sobremaneira outro, derrubando fraco João Goulart, Magalhães Pinto e Ademar de Barros prestaram grande serviço ao Brasil, porém também um desserviço, almejando também serem Presidentes, evidenciaram ao general Costa e Silva a desunião dos políticos da Revolução, ainda mais quando os dois faziam péssimas administrações em seus estados, enquanto Lacerda, na Guanabara, realizava a maior administração do País.

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Além de conter natural caminhada de Lacerda para a Presidência, outro pecado de Castello Branco foi ter indicado Pedro Aleixo para vice, quando Costa e Silva gostaria de ter João Agripino formando a dupla Sul-Norte. O paraibano teria sido inteiramente favorável ao AI-5 e, no acometimento cardiovascular do general, teria assumido tranquilamente o seu lugar.

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O gaúcho Daniel Krieger terminou no ostracismo, apesar de ter sido revolucionário de primeira hora, inclusive derrotando, após o suicídio de Getúlio, o João Goulart, na disputa senatorial, no Rio Grande. A meu ver, sua queda começou quando não aceitou ser Ministro da Justiça de Costa e Silva, que então nomeou o professor Gama, conhecido por suas ideias radicais. Votou contra o AI-5, perdeu a amizade do Presidente e não teve mais chance influencial até desaparecer completamente.

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Para quem não era corrupto nem subversivo, porém a Revolução queria ver fora do lance, os militares de 64 criaram um terceiro item de expurgação, Contestação ao Regime, e foi assim que pegaram dois grandes e impolutos, Carlos Lacerda e o nosso José Martins Rodrigues.

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Os irmãos Bezerra tiveram seis mandatos federais, Orlando três, Adauto um e Humberto dois, embora só tenha exercido um, pois teve que vir ajudar gêmeo a governar. Adauto foi deputado federal mais votado; quando deixou a Abolição, era pra ter saído senador, porém desistiu, alegando que Virgílio estava pronto para traí-lo, teoria que nunca conseguiu boa aceitação por parte dos amigos de VT e mesmo da população em geral.

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Em nenhum momento da campanha governamental de 1958, o professor Parsifal Barroso deu a entender que queria ganhar. Cogitava voltar ao Ministério do Trabalho ou ser nomeado por Juscelino pra Embaixada do Vaticano. Aí deve ter residido administração descolorida que realizou.

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O padre José Palhano foi a carreira mais brilhante e fugaz da política cearense, tendo saído prefeito contra forças poderosas e um dos deputados mais votados. Quando veio 64, seus inimigos sobralenses propagaram várias acusações de corrupção, e a Revolução o cassou. Ele se tornara muito chegado ao presidente deposto João Goulart, e uma de suas façanhas, quando prefeito, foi meter no calor sobralense Elisinha Moreira Sales, mulher de um dos homens mais ricos do Brasil e então Ministro da Fazenda. Certo é que Palhano morreu pobre e completamente dominado pelo diabetes.

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Talvez Igor Queiroz Barroso, bisneto mais evidente, não tenha ainda tomado conhecimento que seu bisavô, Chico Monte, foi o primeiro político cearense a atingir o quarto mandato, tendo sido constituinte em 46 e se reelegendo em 50, 54 e 58, partindo em exercício, quando a Câmara já funcionava em Brasília.

Apanhado político

Existiram três Walter Sá na política cearense, pela ordem de entrada em cena, Walter de Sá Cavalcante, Walter Bezerra de Sá e Walter Cavalcante Sá. Os dois primeiros partiram quando deputados federais, e o terceiro, com quem trabalhei na super Secretaria de Serviços Urbanos, que abrangia limpeza, iluminação e até a Banda Municipal, foi vereador e deputado estadual.

Apanhado político

O empresário de tecidos Juarez Gomes realizava uma das mais dinâmicas administrações que Iguatu já teve. Nesse período, estive na capital do Centro-Sul para atestar pessoalmente. Acontece que para atingir o governador Virgílio Távora, que o apoiava, Waldemar Alcântara e Vicente Augusto armaram uma jogada envolvendo o Tribunal de Contas. Ainda cheguei a procurar o general Dilermando, para relatar o absurdo que estavam cometendo, porém o Comandante da Região ressaltou que não era assunto seu. Juarez teve de sair e nunca mais quis saber de política.