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Nenhum político cearense ou talvez do Brasil teve década tão brilhante quanto prof. Parsifal Barroso, que iniciou os anos 50 como deputado estadual, foi logo a seguir eleito federal, depois senador, Ministro do Trabalho, fechando como Governador.

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Ainda hoje não se sabe quem ganhou as eleições de 1954. Paulo Sarasate assumiu, porém, anos depois, viajando com Armando Falcão, Virgílio Távora lhe perguntou: Doutorzinho, quer ser Governador do Ceará, de novo? Sugerindo que Falcão havia vencido, todavia foi “tomado” no Tribunal.

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Sérgio Philomeno bancou duas eleições do irmão Cláudio à Câmara Federal, mas ele próprio só teve um mandato, em 1982. No pleito seguinte, já financeiramente alquebrado, mentalizou uma estratégia, formando uma chapa com candidatos que seguramente receberiam pouca votação. Cogitava que, somando essas ninharias, conseguiria obter uma vaga, que seria para ele, pois sairia em primeiro. Errou duas vezes, o partido não elegeu ninguém, e se tivesse elegido, não era ele, já que apareceu um companheiro mais votado.

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Filho da legenda sobralense José Saboya, Ernesto só teve uma eleição para deputado federal, em 1958, quando ficou em último lugar. Foi um bom parlamentar, até o dia em que entrou numa fria, envolvendo uma lei aprovada pela Câmara, segundo a qual os deputados podiam importar carro sem pagar as taxas ao Fisco. Pressionado por Carlos Lacerda, o Senado derrubou, porém Saboya, que havia sido um dos líderes da empreitada, ficou marcado, a ponto de sobrar no pleito seguinte.

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Em sua visita ao Ceará, logo após 64, o governador Carlos Lacerda começou por Juazeiro, onde foi recebido pelo coronel Humberto Bezerra, que havia sido escolhido Prefeito do Ano, na promoção dos Associados. Depois, veio para Fortaleza, onde foi homenageado com um almoço, no Náutico, e eu estava lá.

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Os desportistas devem ter esquecido, porém Expedito Machado, quando deputado estadual, foi escolhido presidente da Federação Cearense de Futebol e se destacou, inclusive, iluminando o Estádio Presidente Vargas. A crônica o apoiou, mas os que vieram depois não souberam reconhecer a sua atuação, sempre omitida nos meios de comunicação.

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Virgílio Távora, em 66, e Adauto Bezerra, 12 anos depois, quando deixaram os respectivos governos, obtiveram brilhantes votações, porém não padece dúvida de que a maior de todas foi a de Ciro Gomes, para o mesmo posto, deputado federal.

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Moysés Pimentel, exatamente o oposto do empresário selvagem, foi candidato a deputado federal, em 1962, e obteve sua cadeira por meio de uma belíssima votação, pois sufragado praticamente em todos os municípios, tendo como base Fortaleza, onde obteve mais de dez mil. Teve os seus direitos políticos suspensos na Revolução de 64, acusado de comunista, que absolutamente não era. Vencido o prazo, voltou, mas aí sem a velha fleugma. Foi um dos injustiçados.

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Além da surpresa de ter saído governador, Plácido Castelo logo teve outra, sua posse foi antecipada em cinco meses, assim, enquanto seus companheiros de outros estados só apearam o poder em janeiro, ele, em agosto do ano procedente. Dizem que foi uma manobra de Sarasate, junto presidente Castello, para impedir que Virgílio Távora fizesse o Governador-tampão.

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Gostaria de esclarecer mais uma vez que o Leonel Brizola não veio para a posse de Parsifal Barroso no Governo, o que seria sua primeira visita ao Ceará. Só para ilustrar, direi que nessa oportunidade fui apresentado a Jango, pelo deputado Carlos Jereissati, em casa de Bonaparte Maia, que era meu patrão em O Jornal.

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Armando Falcão teve quatro mandatos federais, 50, 54, 58, 62. Quando pleiteou o quinto, em 1966, ficou na terceira suplência e não mais disputou. O empresário José Macêdo, que fora reeleito deputado, se ofereceu para abrir para ele, tirando uma licença, porém Armando declinou, explicando que não poderia aceitar, se o eleitorado o havia rejeitado.

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Adahil Barreto foi quatro vezes deputado federal, 50, 54, 58, 62. Nessa última eleição, saiu também pra Governador, pelo PTB de Jereissati, só que, do outro lado, intitulado de União Pelo Ceará, estava, nada mais, nada menos, que Virgílio Távora. Adahil, homem honrado, foi cassado logo após a Revolução de 64, sem que o Brasil atinasse por quê. Talvez porque pertencia à ala mais à esquerda da Câmara Federal, sem jamais ter sido comunista. Vencido seu prazo de dez anos, pretendeu voltar, mas então morreu, e, segundo seus amigos, evitou o dissabor de uma derrota.

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Wilson Roriz, que representava o Cariri, era um parlamentar sério e trabalhador, envolveu-se na luta pela vinda de Paulo Afonso, talvez nascendo daí oposição crônica a Virgílio Távora. Só obteve um mandato de deputado federal, tendo ficado suplente na eleição seguinte, vítima que foi de sério acidente automobilístico, batendo com a cabeça.

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Lacerda discursava no Palácio Tiradentes, quando trêfega deputada Ivete Vargas cometeu a ousadia de apartear: “Vossa Excelência é um ladrão.” “Mas como ladrão, se sou conhecido nessa Casa por combater os ladrões.” “Vossa Excelência é um ladrão da honra alheia.” Carlos fulminou: “Então a senhora esteja tranquila, pois nada tem a temer de mim.”

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O milionário Bonaparte Maia, após abrir seu jornal, partiu pra disputar uma cadeira de deputado, entabolando 90 mil votos, e acabou entrando em penúltimo lugar com apenas 15, até o padre Palhano, que prometera cinco mil em Sobral, só conseguiu dar 150. Achou, muito justamente, que era prejuízo demais, fechou o jornal e nunca mais se candidatou.

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Quando Lustosa da Costa resolveu ser candidato a deputado federal, em 1966, primeiramente procurou seu grande amigo Edson Queiroz, que imediatamente lhe passou um cheque, estabelecendo: Não estou acreditando em sua campanha, mas, se você próprio acreditar, volte aqui, que eu dobro. Lustosa não voltou e perdeu por poucos votos, que o Edson, sem dúvida, teria coberto.

Apanhado político

Tomando a iniciativa um e ajudando sobremaneira outro, derrubando fraco João Goulart, Magalhães Pinto e Ademar de Barros prestaram grande serviço ao Brasil, porém também um desserviço, almejando também serem Presidentes, evidenciaram ao general Costa e Silva a desunião dos políticos da Revolução, ainda mais quando os dois faziam péssimas administrações em seus estados, enquanto Lacerda, na Guanabara, realizava a maior administração do País.

Apanhado político

Além de conter natural caminhada de Lacerda para a Presidência, outro pecado de Castello Branco foi ter indicado Pedro Aleixo para vice, quando Costa e Silva gostaria de ter João Agripino formando a dupla Sul-Norte. O paraibano teria sido inteiramente favorável ao AI-5 e, no acometimento cardiovascular do general, teria assumido tranquilamente o seu lugar.

Apanhado político

O gaúcho Daniel Krieger terminou no ostracismo, apesar de ter sido revolucionário de primeira hora, inclusive derrotando, após o suicídio de Getúlio, o João Goulart, na disputa senatorial, no Rio Grande. A meu ver, sua queda começou quando não aceitou ser Ministro da Justiça de Costa e Silva, que então nomeou o professor Gama, conhecido por suas ideias radicais. Votou contra o AI-5, perdeu a amizade do Presidente e não teve mais chance influencial até desaparecer completamente.

Apanhado político

Para quem não era corrupto nem subversivo, porém a Revolução queria ver fora do lance, os militares de 64 criaram um terceiro item de expurgação, Contestação ao Regime, e foi assim que pegaram dois grandes e impolutos, Carlos Lacerda e o nosso José Martins Rodrigues.