Categoria: Vã filosofia

Para programar um jantar sentado, de lugares marcados, os anfitriolos devem sempre cogitar de conversadores interessantes, seja homem, seja mulher. Gente pesada vai contribuir para que o encontro não deslanche nem emplaque.

Quando eu morava em Fortaleza e recebia bastante na Torre do Iracema, adotava a seguinte filosofia, quando convidava alguém e não vinha, convidava de novo e não vinha, não dava uma terceira chance, mesmo que os motivos alegados fossem pertinentes.

Quando empresário Zewaldo Cabral anunciou instalação da fábrica de gelo Ice, não conseguiu convencer presidente da Federação das Indústrias José Flávio Costa Lima, que o advertiu que o cearense não dava bola aos cubos, apenas uísque era que importava. Coube a este colunista ressaltar que ele se tornara um “Amigo Mais Quente Por Nos Dar o Gelo”.

Meu irmão civil Luís Frota me advertiu certa vez: Você, sendo candidato, tem meu voto, porém torcerei para perder, pois dos amigos só quero tempo, e quem é eleito não tem tempo para amigo.

Uma senhora quer saber se se pode cantar à mesa, durante almoço ou jantar. Respondo que, por mim, pode cantar à vontade, pois ante uma boa refeição é ocasião para expandir alegria. Porém, há quem não concorde comigo.

Quando o dono ou a dona da casa lhe propõe a repetição do prato e não estando disposto a aceitar a ideia, a expressão apropriada não é “obrigado, mas estou satisfeito”, e sim “obrigado, mas estou servido”.

Sempre aconselho aos garçons com quem palestro aqui na praia. Colocar o cardápio na frente do freguês não é o mais correto, tem de “vender” o menu, transmitindo uma ou outra sugestão de prato ou novidade.

A melhor maneira de segurar um empregado eficiente é fazê-lo ver que ele é mais importante para o patrão do que o patrão para ele. Vai daí, quase todos meus durarem uma eternidade.

Se quem lhe fez uma desfeita o procura algum tempo depois, para pedir um favor, a resposta cristã será “Ao ódio, respondo com o perdão, vou fazer”.

“Garotos ao Recreio” era como Otacílio Colares demonstrava às mães seu desagravo (e o meu) com crianças farejando roda de adulto, e naturalmente atrapalhando papo, mister em que o poeta era craque, provavelmente maior.

Quando o namorado desaparece e a moça lhe pede explicações pela ausência, querendo saber a razão, boa política é estabelecer que apenas pediu tempo, como no banquete.

Não existe remédio para remediar o bocejo, a não ser ter o máximo de cuidado para não repetir.

O guardanapo de apoio, geralmente do tamanho de um quarto do guardanapo comum, de mesa, não pode ser de papel, pois destina-se a atenuar a umidade do copo na mão, se não for de pano, não tem condição de exercer essa função.

Comunicado por um parente do passamento de um amigo ou conhecido, jamais cometa a gafe de perguntar de que partiu ou por que está internado no hospital.

Em vigília fúnebre e sepultamento, limite suas condolências ao mínimo de palavras, pois nada que possa dizer poderá ressuscitar a pessoa que partiu.

Foi Deusimar Lins Cavalcante quem me revelou que gelo só não gela, devendo a salmoura ser composta de três partes de cubos e uma parte d’água, assim o balde estará em condições de pôr a garrafa, de vinho, naturalmente, na temperatura ideal.

Me hospedei muitas vezes na Fazenda Cedro do Quixadá. Meus amigos Nicinha e Edmilson Pinheiro recebiam muito bem, porém tinha um problema no sertão, o moscatel, que obrigava a gente a tomar uísque com tampa no copo.

O cavalheiro não deve beijar a mão de uma dama dentro de um ônibus, na praia ou num comércio muito concorrido. E jamais beijar uma mão enluvada, porque aí, então, não beija a mão, beija a luva.

“Favor” envolve um carma negativo, portanto, ao invés, use “por gentileza” ou “por obséquio”.

Quando o cliente pede o galheteiro ao garçom, o servidor não deve entregar em mão, e, sim, aproximar a peça, que reúne saleiro e pimenteira, para perto de quem solicitou.