Fala, coração

O maior de todos, o Lustosa da Costa, foi uma estaca segura em que sempre me apoiei. Houve uma época, os anos 60, em que almoçávamos de segunda a sexta no Ideal, e eu sempre saía de lá com uma segura diretriz. Quando alguém tentava me denegrir na frente dele, não dava uma palavra, deixava o prato no meio e ia embora. Foi o autor de "Um Brasileiro Muito Especial", reunindo depoimentos de muitos colegas, obra-prima de solidariedade e reconhecimento.

Apanhado político

César Cals foi grande governador, um dos cinco melhores que tivemos, porém deixava a desejar como político. Ele praticamente deu na bandeja a senatória pro Mauro Benevides, lançando Edilson Távora, excelente deputado, mas, tradicionalmente, de precário apelo na Capital. César, que chegou a chefiar grupo político, terminou com um só deputado estadual, seu filho Marcos.

Motu proprio

A família é a ditadura do afeto.

Etiqueta

1. Não se usa lenço na mesa da refeição. Até para se assoar, sempre terá que ser o guardanapo. 2. Caminhando numa calçada, o lugar de honra, quer dizer, o da mulher, é ao lado da parede, ficando o da rua para o acompanhante. 3. Subindo uma escada, o homem vai na frente. Porém, na descida, a mulher vem na frente.

Cota máxima

Sérgio Porto, papa do jornalismo de humor, costumava contar que o Millôr Fernandes vivia insistindo para que ele se tornasse amigo de seu irmão Hélio Fernandes, para ouvir a seguinte justificativa para a negativa: Cada homem só pode ter um amigo mau caráter, e eu já sou do David Nasser.

E a mesa acabou

Faz muito tempo que o pôr do sol das quintas, na Praia do Horizonte Novo, intermédia entre o Cumbuco e o Cauípe, deixou de existir, isso porque parto do princípio de que, algo para ter charme, tem de haver começo, meio e fim. Aliás, quem criou encontro semanal em questão foi o Luciano Girão, que, morando em São Paulo, vinha sempre ao torrão, às vezes trazendo o Frei Felipinho, que benzia os índios Graviolas, que eram quem servia aos partícipes.

Apanhado Político

Sempre que abordado para estabelecer quais foram os melhores prefeitos de Fortaleza, abro a relação com Vicente Cavalcante Fialho, que, entre outras vantagens, foi descobridor da quinta cidade do Brasil. Em segundo lugar, Murilo Borges, na mais acirrada disputa já havida, batendo, nos finalmentes, Péricles Moreira da Rocha e Moura Beleza. Em terceiro, Cordeiro Neto, pois só a Perimetral vale por uma administração. Em quarto, Juraci Magalhães, mas pretendo realçar só a primeira gestão, pois, depois, nefastas participações quase acabam com ele. O engenheiro José Walter Cavalcante fecha a lista, homem seriíssimo, embora péssimo político.

Destino Certo

Meu incomparável companheiro Zózimo Barrozo do Amaral, quando recebia um pedido para noticiar aquilo que não interessava à coluna e apenas ao solicitador, respondia que ia pôr na sexta, e o cara ficava esperando pela nota que jamais saía, pois a cesta a que o Zózimo se referia era a cesta do lixo.

E a mesa acabou

Muitos pensam que foi o grande governador César Cals quem acabou com a Mesa Oficial nos réveillons e em outros grandes bailes dos clubes mais fortes, porém isso não é verdade. César, tanto quanto VT, prestigiava, mas o esvaziamento partiu do coronel Adauto Bezerra, que, quando convidado pelas diretorias, estabelecia que poderia comparecer, mas em mesa com sua família e não de autoridades. Daí por diante, a mesa em questão, hoje, quase que se resume aos próprios comandos das agremiações sociais.

Multifaciário

No período que imediatamente antecedeu meu primeiro Jubileu Diamantino, quer dizer, 60 anos de batente, o jornalista diário mais antigo do planeta, em minhas andanças aqui pelo Cumbuco, compus o soneto "Três Rimas", que marcou minha estreia em verso e que declamei no almoço que o Rotary Club de Fortaleza me ofereceu no Náutico Atlético Cearense: Quão desproposital Deus dos Nazarenos Em fazendo claros E não escuros Os dois venenos Açúcar e sal

Notícia

O Ceará vai bem, obrigado, em termos de participação dos conterrâneos nos Poderes da República. A ver: são dois ministros no Superior Tribunal de Justiça, Napoleão Nunes Maia e Raul Araujo; no Superior Tribunal Militar, José Coelho Ferreira, presidente atual, e o brigadeiro Joseli Parente Camelo; no TST, a ministra Katia Magalhães Arruda; no Legislativo, o presidente do Senado é Eunício Oliveira; e no Executivo, Mansueto Facundo de Almeida, secretário do Tesouro Nacional.

Histórias do pasto

Melhor restaurante em Fortaleza, levando em conta apenas os que não existem mais, foi o Panela, do Iracema Plaza Hotel, obra-prima do meu particular amigo e hospedeiro Chico Philomeno. O Sandra's, sobretudo na fase da praia, foi bem, mas a Sandra era cozinheira de receita, não era muito criativa, e a melhor coisa que dela provei foi uma carne de sol, que preparou, aí, já nas Dunas, para o grande Zózimo Barrozo do Amaral. O Panela era um bistrô tipo parisiense, em seus anos iniciais, com apenas 28 lugares e fazendo fila nos fins de semana.

Primeira mão

Nessa carreira, que me parece ainda curta, maior furo, dado em 1963, ainda está por conta da notícia que dei, em O POVO, sobre a ida do deputado Expedito Machado para o Ministério de Viação e Obras Públicas, tão forte, que depois virou cinco. Nesse caso, simplesmente, este repórter furou toda a imprensa brasileira, inclusive O Globo, do Rio, e O Estado de S. Paulo.

Assunto pessoal

Se vou lançar o sexto livro? Talvez sim, talvez não. Até mesmo porque os cinco já lançados, "Até Agora...", no Náutico, "Assim Falava Paco", no Ideal, "Pela Sociedade", no Iate, "Longe de Dizer Ades", no Country, e "500 Contos de Réis", no Estoril, obtiveram tanto sucesso, com noites de autógrafos completamente recordes e literariamente também, que temo, sinceramente, não repetir na nova empreitada.

Avis rara

A sociedade cearense tem um acervo muito modesto, estou falando, no caso, de histórias picantes, porém dosadas de charme. Cito o exemplo do colar de brilhantes, que já faz mais de 60 anos que aconteceu (ou teria acontecido), que continua sendo único episódio realmente interessante de nossa alta roda.

Eleitos & escolhidos

Quando comecei a escrever, era hábito da sociedade, nos grandes casamentos, convidar todo mundo para a igreja e só uma parte bem menor para a recepção, que naquele tempo acontecia na casa dos pais da noiva. Muita gente combatia, porém eu achava o máximo, talvez até mesmo porque era sempre chamado para o ato religioso e, depois, os comes e bebes. Mas que era tremenda esnobada, era.

Parada godê

Quem foi o melhor: Virgílio ou Tasso? A parada é godê e o páreo é duro, tudo indiciando um empate técnico, pois, enquanto Virgílio encontrou um Estado proveniente de governadores fracos, pois lhes faltando vocação administrativa, Sarasate, Flávio Marcílio e Parsifal, Tasso conseguiu restabelecer, de saída, autoridade do trono, tendo inclusive os cuidados de manter os políticos longe do cofre. Tenho impressão de que vamos morrer sem conseguir apontar qual deles foi o número um.

Assunto pessoal

Tenho advertido leitores de minha coluna que ali não acontecem entrelinhas. E não acontecem, simplesmente, porque acho que entrelinhas são para quem não tem muita imaginação. O que, felizmente, não é o caso deste repórter Brasileiro, que, segundo saudoso advogado Itamar Espíndola, está com a cabeça sempre aberta para novas criações. E, além do mais, é muito bom de linha.