Vã filosofia

Se algum bêbado me ofender, nesse estado, e se no dia seguinte vier pedir perdão, em melhores condições, ouvirá a resposta de que só o perdoarei quando estiver bêbado de novo, pois foi assim que me ofendeu.

Palpite

Só a fascinação promove o verdadeiro amor. (Camilo Castelo Branco)

Apanhado

Cabo Anselmo, que liderou a Revolta da Marinha, ponto de partida da queda de João Goulart, pode ainda estar vivo, morando não se sabe onde, camuflado na plástica que o delegado Fleury pagou pra ele, a título de prêmio, pela delação que teria feito de companheiros, nos tempos da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais.

Altavoz

De Deusimar Lins Cavalcante, deputado e anfitrião da sociedade: Quando o Lúcio falava, aí então as mulheres se calavam e ficavam todas atentas ao que ele dizia.

Comportamento

Se a pessoa chamada ao telefone manda dizer que não está, porém você acha que está, não cometa a asneira de insistir, pois só vai provocar aborrecimento em seu amigo, se é que é amigo.

Palpite

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. (Chico Xavier)

Apanhado

O coronel cearense Costa Cavalcante era deputado por Pernambuco e foi ele quem, discursando na Câmara, anunciou a candidatura do general Costa e Silva, que muito desagradou o presidente Castello, que tinha outro nome pra sua sucessão, o político mineiro Bilac Pinto. Castelo chamou o conterra e lhe perguntou por que não o havia consultado antes de fazer o pronunciamento. Cavalcante explicou que não o tinha procurado porque sabia que ele seria contra, não explicitamente contra o candidato, porém pela inoportunidade, pois ele Presidente ainda estava se articulando com os políticos e alguns companheiros.

Ilustradas

Vicente e Margarida Alencar com um dos mais produtivos reitores da Universidade Federal, Antônio Albuquerque.

Primeira Página

BRASILEIRO POR LÚCIO ALCÂNTARA Sei, há muito, que o Lúcio se fez Brasileiro ao adotar o sobrenome do Antonio Brasileiro, tio da minha mãe, então um dos donos da "Gazeta de Notícias", onde iniciava carreira o jovem jornalista. É o que diz a lenda, em indestemida versão. Tio Antonio, sócio do jornal, garantia espaço para expressar suas opiniões em pequenos escritos que assinava com as iniciais A.B. Talvez, fruto do nome, o Lúcio absorvera as esquisitices do meu parente, que fizeram dos dois singulares criaturas. O que nunca soube é a razão do nome Lúcio, que veio a compor pseudônimo que o acompanharia vida afora. Ele incorporou o que eu perdera. Minha mãe, avessa a nomes longos, resumiu no Alcântara, comum aos dois primos, meus pais, minha procedência filial. Daí ele afirmar, com frequência, ser eu o verdadeiro Lúcio Brasileiro. Sou-o de fato, sem aparentar; e ele aparentando, sem sê-lo. Enigma desdobrado na tripla heteronímia, Newton Cavalcante, guardado nos arquivos notariais e benquerenças familiares; Paco, o personagem do jornalista Lúcio Brasileiro, aqui homenageado. O Lúcio é exemplo raro de longevidade e contínua militância jornalística exercida no terreno movediço da crônica de poderosos e da notícia de eventos passíveis de afetarem sua independência profissional. Fiel aos amigos, casa com seus personagens, mantendo-os em cena tal qual anuncia o ritual dos casamentos católicos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... Adapta-se à mudança dos costumes, equilibra-se entre novos e antigos atores; em sua coluna, renova e conserva. É tradicional e inovador. Mercê de estilo próprio, no conteúdo e na forma, deu consistência e originalidade ao colunismo social, gênero tido por efêmero e frívolo. Dotado de notável poder de síntese, traça perfis e comete análises com grande acuidade. Na frase curta e inteligente, deixa espaço para a perspicácia do leitor interpretar sua intenção. Característica visível nos cinco livros que publicou, todos mistura de memórias e flagrantes sociais, narrados na forma contemporânea dos minicontos tão em voga. Dono de memória prodigiosa, arquiva informações minuciosas do futebol e da política, que, entre outros atributos, fazem dele um conversador agradável e instigante. Um tipo leve, no seu jargão. Leitor assíduo, amparado em extensa e confiável rede de colaboradores, informa muito - e bem. Com circulação virtual, compensa o isolamento decorrente de certa reclusão a que se impôs. Frequenta também o Rádio e a Televisão, mas considero seu forte o Jornal. É comum ouvirem-se reparos ao fato de restringir seu foco noticioso a um universo restrito de pessoas e cenários. Não obstante, levantamentos confiáveis apontam sua ampla penetração junto aos leitores, distribuídos entre as diversas classes sociais. Colecionador de êxitos permanentes, não deixaria de despertar inveja e desafeições. Nunca o vi queixar-se dos críticos anônimos ou conhecidos, difusores de infâmias inspiradas no ressentimento e na frustração. Obstinado, persegue determinado seus objetivos, sem renunciar a bizarrices e idiossincrasias. Irrequieto, o convívio com ele é animado e estimulante. Não raro, surpreendente, tal seus extemporâneos sumiços. Disso provamos, Maria Beatriz e eu, em companhia de casais amigos, em inesquecível temporada no chão e águas do Quixadá, acolhidos pelos insuperáveis anfitriões Nicinha e Edmilson Pinheiro. Lúcio, o Guiness pode lhe dar galardão do recorde temporal da faina jornalística, mas do seu mérito profissional e valor humano, dizemos nós seus amigos e admiradores.

Sessão das quatro

Ingrid Bergman moveu todos os seus pauzinhos para ser a Maria de “Por Quem os Sinos Dobram”, uma das duas vezes que contracenou com Gary Cooper, ambas sem muito sucesso, e foi brilhar precisamente naquele filme que nunca a empolgou, “Casablanca”.

Vã filosofia

A maioria dos padres se dirigem, nas celebrações eclesiásticas, a “Meus Irmãos e Minhas Irmãs”, porém isso é redundante, pois “Irmãos” já engloba “Irmãos e Irmãs“, inclusive as Sagradas Escrituras falam apenas em “Irmãos”.

Transa praiana

Na varanda de La Belle Aurore, minha cabana cumbucana, hoje no chão, recebi o grande Paulo Gracindo, brilhante na televisão, menos no programa “O Céu é o Limite”, onde não emplacou.

Ilustradas

Wilma Patrícia e neta Ticiana Suiatti, braço do marido e chef.

Palpite

Tão cegos são os homens que chegam a vangloriar-se da própria cegueira. (Santo Agostinho)

Vã filosofia

Dos Dez Mandamentos da Lei de Deus, se eu fosse a Santa Sé, só deixaria cinco, Amar a Deus Sobre Todas as Coisas, Honrar Pai e Mãe, Não Roubar, Não Levantar Falso Testemunho, Não Pecar (muito) Contra a Castidade.

Primeira Página

Último dia 11, há meio século, Pelé largava a camisa canarinha. Aconteceu no Morumbi de São Paulo, e ele marcou seu último gol pela Seleção, no empate com a Áustria. Pelé foi substituído e ovacionado pela torcida, durante a volta olímpica, em sua primeira despedida. A estreia do Rei aconteceu em 7 de julho de 1957, quando tinha 16 anos. Sendo o único que atuou pelo escrete nacional sem fazer uma partida sequer por seu clube, o Santos, no Campeonato Paulista. Peço vênia para agradecer ao amigo Aprígio Girão pelo belo presente "O Livro das Bolas de Futebol", de Erich Beting.

Marcelino

Mestre do Bom Tom recomendava nunca convidar doze pessoas para jantar, limitando em dez, pois, com o tempo, uma ou duas peças do faqueiro entortam ou desaparecem.

Amigas, adeus!

No Governo Virgílio Távora, este bloguista entrava e saía do 410 da Barão de Studart como se fosse a casa da sogra, graças a dona Luíza Távora, que inclusive me ensejou comparecer ao Almoço da Luz, único jornalista, pois a imprensa foi vetada por Paulo Paranaguá, chefe do Cerimonial da Presidência, que disse haver recebido ordens superiores.

Not garçom

Serviço é tudo, em restaurante, casamento ou festa, vai daí nossa recomendação de que garçom com mancha no rosto não tem condições de trabalhar, simplesmente não é procedente nem fica legal.