Categoria: Apanhado político

Waldemar Alcântara assumiu uma cadeira de deputado ainda no Rio. Porém, não fora eleito, entrando na vaga de Walter Sá Cavalcante, que pereceu prematuramente, batido por tumor cerebral.

O Rancho Alegre foi palco de acontecimento que implicou no futuro do Estado. Armando Falcão, que sempre se hospedava lá, naquele tempo, pediu que o Edmilson Pinheiro localizasse o Virgílio Távora e solicitasse que ele se deslocasse até a Serrinha, pois precisava lhe falar. VT logo se encaminhou, pra ouvir Falcão comunicar que estava procurando trazer seu partido, PSD, para formar uma frente única com a UDN, evitando que o Ceará caísse nas mãos de esquerdistas, e que ele Virgílio seria o candidato. E assim surgiu a redentora União Pelo Ceará.

Entre seus amigos na imprensa, Jonas Carlos da Loteria escolheu três pra receber bilhete semanal de graça. Lustosa da Costa, Armando Vasconcelos e este que vos fala. O Armando, eu não sei, porém Lustosa e eu, passado algum tempo, declinamos da oferenda, pois nunca ganhamos, e dava prejuízo, com a gorjeta que pagávamos aos garotos do restô do Ideal pra ir receber na Rua Edgar Borges a generosidade do Jonas.

Legendário Pontes Neto saiu presidente da Assembleia no Governo Parsifal Barroso, sendo assim segundo vice-governador. Só não sei, até hoje, se assumiu a Chefia do Executivo, penso que não.

Garçom, quando quer, pode derrubar quem quiser. Cito o exemplo do I Veterado, quando deputado pessedista conseguiu alto posto, que Virgílio prometeu nomear. Acontece que, participando de uma roda de uísque no Náutico, o pretendente fez comentários não favoráveis ao Governador, que o Alcides, que servia a mesa, foi direto à dona Luíza, de modo que, ao ir buscar sua nomeação, no dia seguinte, foi comunicado de que não haveria mais nomeação.

Quando promovido, o coronel Clóvis Alexandrino ganhou jantar íntimo do gentleman Milton Moraes Correia. Nessa mesma noite, este colunista era protagonista de um grande jantar no Rancho Alegre, de Nicinha e Edmilson Pinheiro, para o qual Sua Excelência era também convidado. Mandou o porta-voz Nertan Macêdo lhe representar e preferiu comparecer à casa do cunhado, e nem poderia ser diferente, pois Alexandrino, ocupando a Secretaria de Polícia, foi completamente fiel na sustentação de VT, que um grupo de militares pretendia derrubar.

Na última eleição pra deputado que disputou, o meu amigo Esmerino Arruda, que estava a perigo, recebeu uma merenda eleitoral de última hora e acabou entrando, quase desbancando meu amigo também José Flávio Costa Lima, que acabou na rabeira, deixando na primeira suplência o médico sobralense Francisco Adeodato.

Permanecendo no Governo e fazendo Virgílio Távora seu sucessor, Parsifal Barroso acabou não emplacando seus dois candidatos favoritos, Armando Falcão, que o PSD já não aceitava pelas posições lacerdistas, e José Flávio Costa Lima, que a UDN considerava não ter densidade eleitoral.

Quando dr. Parsifal Barroso governava, Dário Macêdo, que trabalhava no jornal da família, o procurou para pedir um colégio no Interior, em seu desejo de uma cadeira na Assembleia. O professor pôs as duas mãos nos ombros do jornalista e assim se pronunciou: Meu filho, o nome não é colégio, é curral, e não posso lhe dar nenhum curral, pois a sede da minha turma é insaciável.

Todos nós desejávamos ver grandiosa Olga Monte Barroso embaixatriz, seria em Israel, mas derrubada do presidente Jango, que iria nomear Parsifal, atrapalhou tudo.

Após perder pra Parsifal Barroso, em 1958, e não podendo reverter ao Exército, porque o marechal Lott não apreciava os Távora, Virgílio passou por Natal, e seu colega Dinarte Mariz, que era o governador, lhe disse simplesmente: Escolha a Secretaria, que eu o nomearei imediatamente. Apesar de estar por baixo, VT não aceitou a gentil oferta, e meses depois seria nomeado para a Novacap e, a seguir, ministro do Parlamentarismo, com a renúncia do presidente Jânio Quadros.

O rótulo de político profissional não é, por si, pejorativo, pois envolve gente boa também. Cito o exemplo maior de José Martins Rodrigues, um dos homens públicos mais probos e vocacionados que o Ceará e o Brasil já produziram.

José Raimundo Gondim, nosso saudoso Major, quase sai vice na garupa de Plácido, pois era o candidato do presidente Castello, quem atrapalhou foi o PSD, que foi a Sarasate, via Waldemar de Alcântara, rotulando o nosso amigo de excessivamente virgilista. Castello queria, em seu Estado, pelo menos, os candidatos a governador e vice fossem civis.

Se governador, grandioso Antônio Martins Filho teria sido magnífico, e também como ministro da Educação.

Ary Gadelha de Alencar Araripe, presidente recordista do Náutico, 26 anos em duas etapas.

A expressão “Político profissional” pode não ser pejorativa, exemplo muito evidente é o do dr. José Martins Rodrigues, um dos homens públicos mais sérios que o Brasil já produziu.

Fausto Cabral, empresário com incursões políticas, foi genro de Antônio Gentil, presidente do PSD, quase sai candidato a Governador, em 1954, porém teve sua compensação, a suplência do prof. Parsifal Barroso, e assumiu quase o mandato inteiro, primeiro, quando o titular saiu Ministro de Juscelino, e depois, quando eleito Governador do Estado.

Para selar a participação do partido que presidia, PSD, na União Pelo Ceará, em 1962, dr. Pimentel reuniu a bancada na Imperador, para indicar o vice-governador na chapa de Virgílio Távora e nome para o Senado. Quando anunciou Figueiredo Correia, para a garupa de VT, não houve discrepância, porém, ao proclamar Armando Falcão para a Câmara Alta, dr. Waldemar Alcântara pediu a palavra e ponderou que a bancada estadual preferia, para a vaga, Wilson Gonçalves. Falcão, falando a seguir, concordou, desde que lhe dessem os colégios necessários para a recondução à Câmara.

Raimundo Oliveira, primeiro cearense a atingir a diretoria internacional do Rotary, não bebia, no Réveillon do Ideal ele calculava qual seria a gorjeta do garçom, se ele enxugasse umas e outras, e aí estabelecia, deixando o servidor feliz, pois sempre saía ganhando.