Bola rolando

Falam muito na linha média Eli, Danilo e Jorge, do Vasco, e Jadir, Dequinha e Jordan, do Flamengo, porém a melhor intermediária do futebol brasileiro em clube foi a do São Paulo, do meio para o fim dos anos 50, Bauer, Ruy e Noronha, todos três craques, enquanto vascaíno Jorge não era e o rubro-negro Jordan também não era.

Bola rolando

Expedito Machado, quando deputado estadual, foi eleito presidente da Federação Cearense de Desportos, guindado pelos principais ases da crônica esportiva. E salvou futebol cearense, que estava a um passo da bancarrota total. Morreu sem ser reconhecido.

Bola rolando

Melhores times do meu tempo foram dois, o Vasco, do Rio, e o Santos, de Pelé. Se tivesse idade, teria curtido o São Paulo, de Leônidas da Silva, que tinha maior linha-média brasileira, toda convocada pra Copa de 50, Bauer, Rui e Noronha. E já grandinho, torci pela Portuguesa de Desportos, de Julinho, Brandãozinho e Djalma Santos.

Bola rolando

Apaixonados pelo futebol apontam Zizinho como o maior jogador da Copa de 50. Grande craque, dos maiores que o Brasil já teve, só que não foi, pois atuou com sua capacidade física reduzida, mercê lesão nos treinos preparatórios. O maior daquele Mundial foi Obdulio Varela, o capitão uruguaio.

Bola rolando

Arati, um apenas razoável lateral do Madureira e depois Botafogo, só jogou uma vez pela Seleção Brasileira, enfrentando México, no Pan-Americano de 1952. Acontece que nessa partida, disputada no Chile, estreou nada mais nada menos que Didi, o futuro bicampeão mundial. E fez assim Arati ter seus 15 minutos de glória.

Bola rolando

O Brasil ganhou o Sul-Americano de 1949, jogado principalmente no Pacaembu de São Paulo e em São Januário, pois não havia ainda Maracanã. Esse título, entretanto, é de pouca valia para os verdadeiros desportistas, pois Argentina não veio, e Uruguai mandou um time de estudantes, tanto que a Seleção disputou a final com o Paraguai, que não representava a força futebolística do continente.

Bola rolando

Naquele tempo, o Campeonato Brasileiro se desenrolava entre as seleções de cada Estado. O jogo Ceará × Pará, realizado no Presidente Vargas ainda de arquibancada de madeira, aconteceu num Sábado Gordo do ano de 1950. Estava 2 a 2, o que classificaria o time visitante, que tinha ganhado em Belém. O prélio se aproximava do final, quando nosso center, Alencar, marcou em visível impedimento, que o juiz cearense Jombrega, muito justamente, anulou. A torcida, de porre, não entendeu assim, e quis linchar o árbitro, que só escapou com vida porque o estádio ficava vizinho ao 23º Batalhão de Caçadores.

Bola rolando

Pernambucano Ademir Marques de Menezes foi estrela no Vasco e, por um ano, no Fluminense. Não brilhou na Seleção, apesar dos cinco ou seis gols assinalados contra Suécia e Espanha, no Mundial de 1950. Acontece que a Suécia mandou um time de estudantes, enquanto o cozinheiro brasileiro da concentração espanhola botou barbitúrico na comida dos jogadores, que já chegaram ao Maracanã dormindo.

Bola rolando

Até hoje, só houve um caso de pai e filho defenderem o Brasil numa Copa do Mundo, todos dois grandes: Domingos da Guia, o Pelé da defesa, em 38, na França, e o sarará Ademir, em 74, na Alemanha.

Bola rolando

O goleiro Ivan Roriz, que foi meu colega no Marista Cearense, era campeão pelo Ceará quando foi chamado para defender a Seleção. Acontece que papou um tremendo frango, deixando passar uma bola que um tal Batistão atirou do meio do campo. O frango valeu o empate para a Seleção Maranhense, e Ivan jamais foi convocado entre os melhores.

Bola rolando

Este repórter, que já foi técnico de futebol em sua natal Aurora, formaria assim uma Seleção Brasileira composta unicamente de craques que não conquistaram o título mundial: Barbosa no arco, Leandro e Domingos da Guia na zaga, Bauer, Fausto e Júnior na linha média, Julinho, Zizinho, Leônidas, Zico e Neimar no ataque. Mesmo sem Pelé e Garrincha, seria tão poderosa quanto o time de campeões.

Bola rolando

Maneca foi um jogador que veio da Bahia para o Vasco da Gama, do meio pro fim dos anos 40. Um craque de verdade, era meia-armador, mas foi aproveitado por Flávio Costa na ponta direita, para substituir o gaúcho Tesourinha, que se lesionara nos jogos preliminares. Foi a sua única chance na Seleção. Depressivo, ao encerrar a carreira, ainda jovem, suicidou-se com veneno, após levar um fora da noiva.

Bola rolando

Não é difícil estabelecer qual foi a maior Seleção Brasileira campeã do mundo, se a de 58, na Suécia, ou a de 70, no México, pois essa última ganha fácil, comportando sete craques, Carlos Alberto, Clodoaldo, Jair, Gerson, Tostão, Pelé, Rivelino, enquanto a anterior escalava cinco apenas razoáveis, Di Sordi, Belini, Orlando, Vavá e Zagallo.

Bola rolando

Dida, que era craque no Flamengo, deu vexame em Copa do Mundo, na primeira partida, na Suécia, em 58, Pelé quebrado, não conseguiu pegar na bola, forçando Feola a, na partida seguinte, escalar Vavá, que não era meia, porém centroavante, para enfrentar a Inglaterra.

Bola rolando

Primeiro título internacional da Seleção Brasileira jogando fora foi o Pan-Americano de Santiago do Chile, em 1952, que não teve muita expressão, pela ausência da Argentina, mas valeu pela vitória sobre o Uruguai, que não enfrentávamos desde a derrota no Maracanã, dois anos antes. Ganhamos de 4x2.

Bola rolando

Maracanã foi inaugurado uma semana antes da Copa de 1950, com o jogo entre seleções de Novos do Rio e de São Paulo. Didi marcou o primeiro gol do estádio monumental, mas os cariocas perderam de três, e, além dele, houve futuros campeões mundiais, como o lateral Djalma Santos.

Bola rolando

O pessoal da crônica esportiva dormiu e deixou passar, porém o Degas Aqui registrou. Após a final de 50, no Maracanã, quando Uruguai saiu campeão, no jogo seguinte, em Santiago, que o Brasil venceu de 4x2, dois que integraram a Seleção Brasileira no Maracanã entraram em campo, Friaça e Ademir; quando o médio Ely foi expulso, o ponteiro cedeu seu lugar a Bauer, que havia formado no onze que perdera o título dois anos antes. Quer dizer, foram três aqueles que participaram da “vingança”.

Bola rolando

Antes de aparecer o Nilton Santos, no jogo de botão, a gente botava o mais peba na lateral esquerda. Mais tarde, com esse grande craque, se colocava o botão mais vistoso e bem aparado.

Bola rolando

Joel e Pepe foram dois ponteiros exemplos de que realmente existem o jogador de clube e o jogador de seleção. Brilhavam no Flamengo e no Santos, respectivamente, porém, com a camisa canarinha, não conseguiam repetir.

Bola rolando

A glorificação de Garrincha não é unânime. Há quem prefira o Julinho, o Júlio Botelho da Copa de 54, quando foi apontado o melhor jogador brasileiro. O treinador Feola sugeriu pensar assim, pois, logo depois do Mundial da Suécia, escalou Julinho como titular, para enfrentar a Inglaterra, deixando o “Pernas Tortas” na reserva. A vaia comeu, mas, assim que pegou na bola, Julinho meteu um gol sensacional, e aí, então, o Maracanã aplaudiu de pé.