Categoria: Apanhado político

Três vezes deputado (58, 62, 66), José Macêdo nunca apareceu liderando a votação, nem tampouco nos últimos lugares, sempre calculava o suficiente para uma tranquila eleição, mas sem exorbitar, pra não espantar cavalos na chuva.

Concretizada a vitória da Revolução de 64, Juscelino Kubitschek telefonou ao general Dutra, oferecendo-lhe a candidatura à Presidência pelo PSD, mas logo depois mudou de ideia, quando lhe passaram que Dutra era tisnado pelo getulismo e, como tal, não teria o apoio da oficialidade jovem JK. Então, voltou-se para Castello Branco, levado por seu correligionário, também mineiro, Negrão de Lima.

O brigadeiro Eduardo Gomes, herói da Revolta dos 18 do Forte, disputou duas vezes a Presidência da República, perdendo em 45, na Redemocratização, para o general Dutra, e em 50, pra Getúlio Vargas.

Carlos Lacerda muito insistiu que o Brasil promovesse uma democracia de transição, fechando o Congresso por 20 anos e depois entregando a uma nova geração mais preparada e bem-intencionada. Fizeram ouvido de mercador, e o resultado é o que estamos sofrendo, o país correndo célere para o abismo.

Em 1962, portanto, há 60 anos, Assembleia Legislativa do Ceará oferecia 67 vagas de deputado estadual, número que tiveram que reduzir quase que na marra, quando os brasileiros fardados assumiram.

Em 1970, José Macêdo compôs a chapa senatorial com Virgílio Távora, oito anos depois, só lhe ofereceram a segunda suplência, que ele aceitou, porém aí encerrou, achando talvez que estava de bom tamanho, pois tivera antes três mandatos de deputado.

O primeiro sintoma que João Saldanha não tinha o necessário equilíbrio para dirigir a Seleção Brasileira aconteceu no intervalo da partida ante a inexistente Venezuela, pelas Eliminatórias da Copa de 70, quando não conseguiram marcar gol, e Saldanha se negou a lhes dar chave do vestiário, impedindo que fizessem pipi. Carlos Alberto, Pelé, Gerson, Tostão viram então onde estavam metidos e passaram a ver o treinador com desconfiança.

Lendo Paulo Francis, aprendi a dizer corretamente o nome do presidente deposto em 1964, tal como se pronuncia no torrão gaúcho, “gularte”, e não apenas “gular”, como no resto do Brasil.

Nomeado para o super Ministério da Viação e Obras Públicas, Virgílio Távora veio pela primeira vez ao Ceará e reuniu seus comandos. Era um mundo, RVC, DNOCS, DNOS, DCT, DNER... O pessoal foi pego de surpresa, pois ele abriu o encontro perguntando: Os senhores acham que eu sou um grande ministro? Ninguém respondeu, ensejando VT estabelecer: Tomo o silêncio como uma afirmativa.

O embaixador Gilberto Amado, que falava onze línguas e tinha sólidos conhecimentos do hebraico, quando Getúlio Vargas lhe inquiriu por que fazia tanta questão de governar Sergipe: Para roubar, Presidente, para roubar e roubar muito.

Parsifal Barroso teve uma década tão recheada, que acredito não tenha bafejado nenhum outro político cearense ou mesmo do Brasil. Estou falando nos anos 50s, que o professor iniciou como deputado estadual, depois federal, depois senador, depois ministro e depois governador.

A Reitoria nunca hospedou Presidente da República. Quem ali pernoitou foi dr. Tancredo Neves, quando Primeiro-Ministro. Aliás, a mando do dr. Martins, Carlos d’Alge e eu fomos à loja A Cearense, comprar travesseiros, fronhas e lençóis.

Dos políticos cearenses, Chico Monte foi o primeiro a ganhar o quarto mandato federal, justo em 1958, quando teve a alegria de ver o genro Parsifal Barroso, que considerava como filho, abiscoitar o Governo do Estado, derrubando Virgílio Távora.

Figueiredo Correia, que era o vice de Virgílio Távora, quando alguns militares ligados ao 10º Grupo de Obuzes pretenderam apeá-lo do poder, exercia interinamente, e quando baixaram no Palácio da Luz com esse papo, ele simplesmente desconversou. Aliás, foi um dos políticos mais sérios que o Ceará já cobriu.

O general Machado Lopes, que deu respaldo à posse de João Goulart, embora com o disfarce de parlamentarismo, que realmente nunca funcionou, reunido com seus oficiais, no auge da confusão assume-não-assume, estabeleceu: Aviso se conformar com a corja. Naturalmente que a corja eram Jango e Brizola.

Além da Justiça, Armando Falcão exerceu interinamente outras pastas no governo de Juscelino, tal Saúde, onde, numa peleja com dona Sara Kubitschek, que pretendia ajudar instituição católica de Minas, que não constava no orçamento, Juscelino lhe deu razão, pondo-se contra a Primeira-Dama, sua mulher.

Armando Falcão, que perdeu a eleição para Governador em 1954, e Adahil Barreto, que perdeu a mesma disputa em 62, escaparam, pois se elegeram deputado, que naquele tempo podia disputar uma eleição direta e outra proporcional. Foi a Revolução de 64 que acabou essa duplicidade.

O general Ernesto Geisel era o presidente quando soube que um senador por Pernambuco fora flagrado tentando achacar um industrial. Embora de seu próprio partido, a Arena, lhe cassou direitos políticos imediatamente, sem dó nem piedade.

Tocantins, o Estado criado por Ernesto Geisel, teve um cearense como primeiro governador. Atendia por Siqueira Campos, nome de rua no Rio, mas não por causa dele, e não sei se ainda vive, pois nunca mais ouvi falar.

Chico Monte, pouco abonado nas letras, porém de inegável vocação política, foi o primeiro deputado cearense a atingir o quarto mandato, sendo eleito 46, 50, 54, 58. E morreu como parlamentar, quando a filha única, Olga, era Primeira-Dama.