Categoria: Apanhado político

Nosso saudoso cardeal Aloísio Lorscheider era contrário à manutenção das chamadas Embaixadas do Vaticano. Vossa Reverendíssima teria sido incontinenti no assunto, na véspera da escolha do novo Papa, e, por isso, apesar de favorito, não foi o escolhido.

Armando Falcão foi o grande artífice cearense civil da Revolução de 64, isso em âmbito nacional, mas não podemos olvidar a participação de Vicente Augusto na União Pelo Ceará, consubstanciada em entrevista concedida à preclara jornalista Adísia Sá, defendendo a união dos dois maiores partidos, UDN e PSD, para enfrentar as esquerdas. Foi a versão local do Movimento.

Fausto Cabral exerceu sete anos do mandato senatorial do prof. Parsifal. Concluiu no início de 1963, tendo recebido em Brasília as homenagens devidas. Dia seguinte, repentinamente morreu.

Políticos daquele tempo sempre me fizeram ver que candidato a governador em 1958, Dr. Parsifal na realidade não queria ser eleito. Pensava que se perdesse para Virgílio voltaria ao Ministério do Trabalho ou seria indicado por Juscelino para embaixador no Vaticano. A Grande Seca determinou sua vitória sobre Távora, só que de dedo no nariz.

Assumindo o Senado, na vaga de Paulo Sarasate, Waldemar Alcântara estreou na tribuna defendendo, na qualidade de médico, o uso da maconha externando sua opinião de que era muito menos danoso para o organismo do que o cigarro comum. O pronunciamento valeu um destaque da revista Veja.

Derrubado pelo Exército, em 1945, Getúlio Vargas candidatou-se, no ano seguinte, a senador, por dois estados, e a deputado federal, por cinco. Foi eleito pros sete, porém preferiu a senatória pelo torrão natal, o Rio Grande do Sul, chegando a assumir, quando discursou.

Paes de Andrade teve três mandatos de deputado estadual, porém apenas duas eleições, pois, na primeira vez, em 1950, ficou na suplência, assumindo com a morte do colega Queiroz Matoso, em acidente de carro; agora, federais foram oito, empatando com Furtado Leite.

Uma das grandes injustiças da Revolução de 64 foi cassação do governador de Goiás, Mauro Borges, que apoiaria o Movimento, tendo, inclusive, depois, participado do grupo de governadores que levou a Costa e Silva o nome de Castello Branco para Presidente. Foi vítima de picuinha de militares que serviam em Goiânia que não gostavam dele, um dos raros casos acontecidos.

Antônio Dias Macêdo, que chegou a funcionário do Tesouro Brasileiro nos Estados Unidos, foi o segundo irmão mais velho de José Macêdo. Em 1958 José insistiu e ele acabou aceitando representar o Ceará na Câmara Federal, ainda no Rio, porém, morreu alguns dias antes do pleito. José teve que ocupar o seu lugar, e foram três mandatos. Em 1970 preferiu ser suplente de Virgílio Távora.

Três representantes da família Gentil, filho e neto do coronel José Alves de Carvalho (nome real do patriarca), tiveram mandatos legislativos, Antônio, uma eleição federal, Adolfo, duas federais, e Antônio José, uma vez estadual, sendo hoje o único sobrevivente da bancada de 1950.

Pai e filho somados recordistas de deputações federais, ambos médicos, dr. Leão Sampaio, com seis eleições, 46, 50, 58, 62, 66, 70, e Mauro com cinco, 74, 78, 82, 86, 90, totalizando 11, sendo mais importante que entraram e saíram de mãos limpas.

Uma das disputas mais acirradas para prefeito de Fortaleza foi a de 1962, quando Murillo Borges derrotou nos pênaltis o populista Péricles Moreira da Rocha e o esquerdista Moura Beleza. Murillo foi um grande prefeito, figurando entre os cinco maiores de todo o currículo.

Ganhei do amigo Marcus Silveira algumas revistas dos Anos Dourados, que numa delas, O Cruzeiro, traz um prognóstico de nomes sobre quem iria compor o Governo de Juscelino. Aparecem dois cearenses, Armando Falcão, que era deputado federal, e Parsifal Barroso, que era senador. Ambos confirmados pra Justiça e Trabalho, respectivamente, sendo que Parsifal saiu na metade, pois eleito governador.

Firmo de Castro, que era secretário da Fazenda de Gonzaga Mota, se elegeu deputado federal do lado de Tasso Jereissati. Na eleição seguinte, em 1990, foi ultrapassado na reta final por Ariosto Holanda, que estreava, e foi beneficiado pelos votos de Maria Luíza. Quatro anos depois, Firmo deu o troco, deixando Ariosto na suplência.

Eleito deputado Constituinte, em 1946, Antônio da Frota Gentil, filho mais velho do coronel José Gentil e de dona Melinha Frota, foi lançado pelo PSD para a Prefeitura de Fortaleza. Parecia o favorito, até a UDN se valer do radialista Paulo Cabral, direto da PRE-9. Como era banqueiro, o populaço logo instituiu o slogan “O Tostão Contra o Milhão”. Apesar de candidato do governador eleito Raul Barbosa, Antônio Gentil perdeu.

O presidente Figueiredo recebeu uma comitiva da Confederação Brasileira de Desportos, comandada pelo próprio João Havellange, que veio pedir respaldo para a realização da Copa do Mundo no Brasil. Reação do Chefe da Nação: Importante não é sediar Copa, e sim, ganhar.

O pai da matriarca Gentil, Maria Amélia, dona Frota, João Evangelista, era abastado criador em Sobral, e bem dentro desse mister, é que foi morto em pleno vigor, vítima do coice de custoso boi que adquirira nas Minas Gerais. Dona Melinha jamais se recuperou desse infausto acontecimento.

Francisco José Studart, que vem a ser cunhado do senador José Lins e foi genro de Parsifal e Olga Barroso, teve dois mandatos de deputado federal pelo Rio, contando com o apoio do governador Chagas Freitas, de quem era amigo. Era dotado de uma das conversas mais inteligentes que eu tive o prazer de usufruir.

Com a partida do amigo Célio Moraes, meu colega marista fica reduzido a sete sobreviventes a Turma do Náutico, que tanto marcou o Meireles em meados dos anos 50s, quais sejam, Carlos Padilha, César Galvão, Ediano Guimarães, Fabiano Lima, Gotardo Moraes, Marcílio Gentil e o Degas Aqui.

Dois políticos cearenses, o de mais ativa participação na Revolução de 64 foi Armando Falcão, que era deputado federal, e havia debandado do PSD juscelinista para os hostes lacerdistas. De jornalista, menciono Eduardo Campos, que, inclusive, em 31 de março, saiu com editorial de primeira página, conclamando a deposição do Presidente.