Categoria: Apanhado político

Saudosos Paes de Andrade e Jorge Furtado Leite empataram no número de deputações federais, oito pra cada. No desempate, se acoplarmos as eleições para a Assembleia, Paes leva a vantagem de ter sido duas vezes estadual, que Furtado Leite não teve. Agora, se for decidido por mandatos corridos, Hildo ganha, pois não teve intervalo no currículo, enquanto Paes furou duas vezes, disputando sem sucesso o Senado.

Flávio Marcílio, após governar o Estado substituindo Sarasate, saiu pra Prefeito, ficando em terceiro. Na eleição seguinte (1962), candidatou-se a deputado, obtendo a segunda suplência, assumindo com a cassação, por sinal injusta, de Adahil Barreto. De 66 em diante, foram cinco eleições seguidas, incluindo Presidente da Câmara por três vezes.

Parsifal Barroso teve uma década tão recheada, que acredito não tenha bafejado nenhum outro político cearense ou mesmo do Brasil. Estou falando nos anos 50, que o professor iniciou como deputado estadual, depois federal, depois senador, depois ministro e depois governador.

Luiz Eduardo Campello foi um cearense que obteve grande notoriedade em São Paulo, tanto empresarialmente, como um dos capitães da indústria metalúrgica, como também socialmente, tendo fundado o Samambaia, na época o clube mais exclusivo de Guarujá. O governador Virgílio Távora o agraciou com a Medalha Castello Branco, que criou especialmente para os co-estaduanos que se destacassem fora do Ceará.

Quando presidente Costa e Silva, ouvindo sugestão de Jaime Portela, mandou encarcerar Carlos Lacerda, nenhum comandante de prisão militar queria guardar o líder civil da Revolução, pois todos eram lacerdistas. Assim, Lacerda ficou zanzando de um forte para outro forte. Lá pras tantas, cansado de rodar, soltou esta genial: Vocês se resolvam, pois não nasci para ser ioiô de general.

Qual o maior Governador do Ceará, Virgílio ou Tasso? Acho que os dois.

Virgílio Távora era dotado de extraordinário espírito público, como bem reconhece um dos seus sucessores, Tasso Jereissati. E muito denodo, para as suas metas serem atingidas, tendo sido sua maior obra a vinda de Paulo Afonso, marco de seu primeiro Governo Redentor.

Na União Pelo Ceará, o grupo do Zemartins Rodrigues ficou com direito a indicar um senador, que depois foi permutado pela Vice-Governadoria. Paes de Andrade, na reunião decisiva, falou pro sogro que pretendia ser o indicado para companheiro de chapa de Virgílio. Porém, o líder deu duro: “Você é meu genro, todavia o candidato é o Figueiredo Correia.” Como de fato aconteceu.

O banqueiro Olavo Setúbal, do Itaú, teria sido um belíssimo governador para São Paulo. Geisel queria e até sugeriu a Figueiredo, que ia assumir a Presidência, entretanto preferiu Laudo Natel, que foi bom para dirigir São Paulo, só que o time de futebol.

O gaúcho Daniel Krieger terminou no ostracismo, apesar de ter sido revolucionário de primeira hora, inclusive derrotando, após o suicídio de Getúlio, o João Goulart, na disputa senatorial, no Rio Grande. A meu ver, sua queda começou quando não aceitou ser ministro da Justiça de Costa e Silva, que então nomeou o professor Gama, conhecido por suas ideias radicais. Votou contra o AI-5, perdeu a amizade do Presidente e não teve mais chance influencial, até desaparecer completamente.

Filho da legenda sobralense José Saboya, Ernesto só teve uma eleição para deputado federal, em 1958, quando ficou em último lugar. Foi um bom parlamentar, até o dia em que entrou numa fria, envolvendo uma lei aprovada pela Câmara, segundo a qual os deputados podiam importar carro sem pagar as taxas ao Fisco. Pressionado por Carlos Lacerda, o Senado derrubou, porém Saboya, que havia sido um dos líderes da empreitada, ficou marcado, a ponto de sobrar no pleito seguinte.

Moisés Lupion, considerado político mais corrupto do País, tanto que “lupion” virou sinônimo de roubalheira, para se ver livre das grades, candidatou-se ao mesmo tempo a senador, deputado federal e estadual, ensejando ao paranaense lhe dar uma lição, perdeu nos três.

Virgílio Távora, em 66, e Adauto Bezerra, 12 anos depois, quando deixaram os respectivos governos, obtiveram brilhantes votações, porém não padece dúvida de que a maior de todas foi a de Ciro Gomes, para o mesmo posto, deputado federal.

Tomando a iniciativa, um, e ajudando sobremaneira, outro, derrubando fraco João Goulart, Magalhães Pinto e Ademar de Barros prestaram grande serviço ao Brasil, porém também um desserviço, almejando também serem Presidentes, evidenciaram ao general Costa e Silva a desunião dos políticos da Revolução, ainda mais quando os dois faziam péssimas administrações em seus estados, enquanto Lacerda, na Guanabara, realizava a maior administração do País.

Para quem não era corrupto nem subversivo, porém a Revolução queria ver fora do lance, os militares de 64 criaram um terceiro item de expurgação, Contestação ao Regime, e foi assim que pegaram dois grandes e impolutos, Carlos Lacerda e o nosso José Martins Rodrigues.

Este mérito ninguém tira do Gonzaga Mota, pois foi quando Governador compareceu à televisão para proclamar que iria permanecer, para fazer Tasso seu sucessor, que o Ceará começou a acreditar que o Galeguim do “zói” azul poderia vencer o então favorito Adauto Bezerra.

Virgílio Távora era pra ter saído ministro de Geisel. O general estava propenso, e a pasta seria de Minas e Energia. Porém, Shigiaki Ueki, escolhido para a Petrobras, foi chorar junto ao Presidente, que o atendeu, não foi de todo mal, todavia não brilhou, enquanto VT teria dado um show.

Gonzaga Mota poderia ter sido Presidente da República. Negócio seguinte: Tancredo Neves mandou um jatinho apanhar o Governador do Ceará, direto a Belo Horizonte. Ali, ele próprio esperava no aeroporto Gonzaga, a quem informou que a Ala Radical do MDB não aceitava Sarney como candidato a vice e que o nome seria ele, Gonzaga, que alegou estar em meio de mandato, e sua única aspiração seria concluir o que o povo cearense lhe delegara, perdendo, assim, a chance de ser condutor do País, com a morte de Tancredo.

Castello Branco ficou uma fera quando soube que, já tendo Tribunal de Contas do Estado, haviam inventado um Tribunal de Contas exclusivo para Fortaleza. Ordenou imediatamente que ele fosse extinto, e cada integrante ficasse recebendo por tempo de serviço.

Ao contrário do pai, Virgílio Távora, único filho varão, Carlos, nunca demonstrou aptidão política. Teve três mandatos federais, porém seu querer era muito mais a vontade da mãe, que adorava.