Categoria: Apanhado político

Fala-se muito no patriarca José Gentil Alves de Carvalho, que é muito justo, porém, nada se diz de sua mulher, dona Melinha, que lhe deu 16 filhos, sendo um padre e seis freiras, e mais um, que mal chegou, partiu, criancinha de colo. Pertencia ao tradicionalíssimo ramo sobralense Frota, inclusive, detentor de poder econômico. Era uma senhora muito religiosa, que desapareceu morando na Reitoria (Palacete Gentil), com 84 anos. As 53 igrejas de Fortaleza, todas, repicaram seus sinos, pois se tratava de uma amante de Deus para vale e benfeitora dos humildes.

A fase mais efervescente do Clube de Diretores Lojistas aconteceu na Rua Pedro Borges, quando as correntes clovistas e parentistas disputavam o poder. Os respectivos líderes, Clóvis Rolim e Inácio Parente, foram ambos notáveis presidentes, só que Inácio passou à história da instituição como tendo realizado grandiosa Convenção Nacional.

Virgílio Távora chegou a ser cogitado para o governo Geisel, que muito o apreciava. Foi desescalado porque o Presidente escolheu Armando Falcão para a Justiça, e o Ceará realmente não tinha cacife para fazer dois. Além do mais, Ueki, que chefiaria a Petrobras, convenceu o General que ele renderia melhor nas Minas e Energia, que seria o Ministério de VT.

O brigadeiro Eduardo Gomes foi duas vezes candidato à Presidência da República, concorrendo pela União Democrática Nacional, partido do Carlos Lacerda, a quem muito admirava. Consta que o chocolate brigadeiro, assim chamado, foi uma homenagem à maior figura da Aeronáutica, criador do Correio Aéreo Nacional.

Num começo de noite, cheguei ao 410 da Barão de Studart para jantar com meus amigos, Virgílio Távora e a primeira-dama Luíza. Encontrei sentado em uma cadeira da sala de espera, um cavalheiro a quem não conhecia e a quem perguntei o nome, para transmitir lá dentro. Identificou-se, Vicente Cavalcante Fialho, comuniquei ao Governador, tem um senhor que disse chamar-se Vicente Cavalcante Fialho, VT, então, sorrindo, disse-me, mande-o entrar imediatamente, pois se trata do novo Secretário de Obras.

Ficou a dúvida na crônica política ancestral se o líder nortista Chico Monte estivesse gozando de plena saúde, quando o fato se deu, seu genro Parsifal Barroso teria rompido com Carlos Jereissati? Minha modesta opinião é que não teria. Aliás, com sogro vivo, Parsifal ganhou todas.

Quando ditador, Getúlio Vargas aplicou um tapa-boca na imprensa brasileira, ao dispensar os jornalistas de pagarem Imposto de Renda, mordomia que o presidente Castello Branco acabou.

Quando derrubado pelos militares, por estar realizando um governo altamente danoso aos interesses nacionais, João Goulart, teve seu último pernoite no Brasil em companhia do chefe de sua Casa Civil em fazenda da qual era sócio no Uruguai, quando perguntado o que haviam conversado, o general Argemiro respondeu: Nada. O Presidente é um ótimo cozinheiro e preparou a melhor Tripa à Paulista que eu já comi.

Ditadores da América Central, quando eram apeados do poder, já tinham pronto o saque pra levar vida de multimilionário lá fora. Foi o caso, por exemplo, de Batista, que não foi derrubado pelos guerrilheiros de Fidel Castro, porém, pelo próprio povo cubano, face à descarada roubalheira.

Avô, pai, filho, todos três deputados federais, no que se refere aos Távora, Manoel, Virgílio e Carlos, os Alcântara, de certa forma, também, só que Dr. Waldemar, na primeira vez que tentou Federal, obteve apenas a suplência, tendo assumindo com a morte prematura de Walter Sá Cavalcante.

Ciro Gomes, segundo recordista brasileiro na votação para federal, com 667.830, em 2006, só perdendo pra Brizola, que obteve 250 mil, em 1962, no Rio, ainda não deu ar da graça no Ibiza do Paulo Sérgio. Brindando no almoço e janta do último fim de semana pela filha Lívia e genro Jorge Albuquerque II.

Padre Antônio Vieira foi cassado pelo AI-5 por razões que nunca foram bem esclarecidas. Ele entrou na quinta vaga do MDB, que elegeu cinco na primeira eleição após a Revolução de 1964. Nunca me pareceu comunista e muito menos corrupto. Só se foi pela autoria de O Jumento Meu Irmão.

Apontado como exemplo de seriedade na vida pública, sempre bem votado pra deputado federal, obtendo quatro mandatos, José Martins Rodrigues teve um genro, Paes de Andrade, que obteve oito cadeiras, e um genro-neto, Eunício Oliveira, que até agora teve três, totalizando 15.

Pedro Philomeno teve dois genros disputando a Prefeitura, em 1947, primeira eleição após a volta da democracia, com a queda de Vargas, em 1945, Acrísio Moreira da Rocha, que ganhou, e Stênio Gomes, que quatro anos depois seria eleito vice-governador, na garupa do grande Raul Barbosa, tendo assumido Palácio da Luz no último ano.

Flávio Marcílio não encerrou sua carreira na derrota apertadinha, em 1986, por apenas quatro votos, que na recontagem viraram 21. Já um pouco definhado pela doença, ainda tentou voltar no pleito seguinte conseguindo apenas a terceira suplência. Passou à história como tendo conseguido três presidências da Câmara Federal, que equivale à terceira posição da República, vindo logo depois do vice.

Atribui-se a derrocada de Flávio Marcílio à sobrinha Moema São Thiago, que obteve mais de 80 mil votos e conseguiu a cadeira pelo PDT, partido que se julgava não faria nenhum. Mas não é totalmente verdadeiro, só em parte, pois o médico Raimundo Bezerra, que não se esperava, entrou em último lugar, pelo PMDB, contribuindo também para o Flávio não ser reconduzido.

Na eleição de 1958 para Governador, que perdeu para Parsifal, única derrota na brilhante carreira, o birô de imprensa de Virgílio Távora falhou, em não responder à campanha do adversário, que proclamava: “Meu avô já dizia, havendo outro, não vote em Távora”, pois, quatro anos antes, seu pai, Manoel do Nascimento, saiu em primeiro pro Senado, e o próprio VT, que fora eleito duas vezes deputado, puxando a bancada de seu partido.

Moisés Lupion foi um político paranaense que abusou do direito de assaltar a coisa pública. Na primeira eleição após deixar o governo, tentou assegurar a liberdade com a obtenção de um mandato legislativo, tendo concorrido a senador, deputado estadual e federal, perdeu nos três, porém me parece que, como se trata de Brasil, não chegou a ir pras grades.

Tudo parecia tão tranquilo, que três deputados do PDS se julgavam mais uma vez reconduzidos: Evandro Ayres, Ossian Araripe e Flávio Marcílio, que, inclusive, viajou no começo da apuração para os Estados Unidos para a revisão do seu problema.

Na eleição de 1986, o PDS, que havia feito 17 federais contra apenas cinco do PMDB, quatro anos antes, computou que perderia no máximo dez cadeiras e então faria 12, entrando Flávio Marcílio, que faria o décimo, Ossian Araripe, o décimo primeiro, e Evandro Ayres, o décimo segundo, além dos nove que foram eleitos. Acontece que quem fez 12 foi o bloco do estreante Tasso, e os três rodaram.