Chamado

Flávio Costa convocou 37, em diversas fases, para escolher os 22 que foram registrados na Fifa para compor o grupo brasileiro no Mundial de 1950. O detalhe é que nenhum jogador das Minas Gerais foi chamado.

Bola quadrada

Na tão decantada Copa de 1950, o Brasil chegou ao final da primeira fase sem poder empatar, teria que vencer a Iugoslávia, para passar pras finais. Acontece que o melhor jogador deles, Mitic, quebrou a cabeça, ao sair do túnel, no Maracanã, e o capitão iugoslavo solicitou ao capitão brasileiro Augusto que o jogo fosse adiado por quinze minutos, para que seu time entrasse completo. Augusto concordou, porém admitiu que teria que ouvir a direção da CBD e o treinador Flávio Costa, que foram contra. Quando Mitic entrou em campo com a cabeça enfaixada, o Brasil já ganhava o jogo, com gol de Ademir.

Bola redonda

No começo da carreira, a imprensa chamava Garrincha de Gualicho, nome do cavalo que havia ganhado o Grande Prêmio Brasil. Poucos torcedores da época tomaram conhecimento e guardaram esse fato, a meu ver, partícipe de qualquer biografia do ponteiro, a quem Brasil ficou devendo dois Mundiais.

Bola redonda

Quando o Vasco da Gama jogou em Fortaleza, em 48, com suas estrelas, inclusive Heleno de Freitas, recém-contratado pelo clube de São Januário, foi o Tricolor que marcou o primeiro gol, logo no início, por intermédio do centroavante França, para depois levar seis, tendo Heleno saído no segundo tempo, para dar lugar ao novato Ipojucan.

Bola redonda

Garrincha só perdeu um jogo com a camisa da Seleção Brasileira, em cerca de dez anos de atuação. Foi contra a Hungria, no Mundial de 66, realizado na Inglaterra, partida essa que desclassificou o Brasil, que almejava o tricampeonato.

Bola quente

O treinador Jombrega quase morre, por haverem anulado o terceiro gol no jogo Ceará X Pará, o que ensejaria uma prorrogação. Acontece que, ao que tudo indica, o tento aconteceu em flagrante impedimento do centroavante Alencar, ensejando a música: O Jombrega é cearense, mas roubou para o Pará.

Bola redonda

Pelé nunca foi muito de acordo com a valorização que treinadores da Seleção davam ao ponteiro Dirceu, achando ele, como cheguei a ouvir na televisão da Argentina, que Dirceu se prestava mais para competição de fundista, tal sua disposição para correr o campo inteiro.

Bola redonda

Nilton Santos, ainda jovem, é considerado por muitos como capaz de ter impedido Gighia de fazer o segundo gol do Uruguai. Não tendo participado de nenhum jogo na Copa que Brasil perdeu na final, ocupou a seguir, em 15 jogos seguidos, a lateral esquerda, marcando, portanto, o ponta direita, posição que Gighia ocupou na decisão histórica do Maracanã.

Bola redonda

Reminiscências futebolísticas, guardo uma, quando do aniversário do Clodoaldo, no Hotel Reis Magos, de Natal, fui apresentado ao Pelé, em 1973, e sentamos na mesma mesa com o capitão Carlos Alberto e o ponta-esquerda Pepe, que na época já era treinador.

Bola redonda

Com apoio do Governo uruguaio, visitei o capitão Obdulio Varela em sua modesta casa, num arrabalde em Montevidéu, tão modesta, que o que ele me pôde oferecer foi apenas um martini daqueles bem desqualificados. E o que conversamos foi parar, naturalmente, nas páginas de O POVO, embora provavelmente não na seção de Esportes, pois optei pelo meu próprio espaço.

Bola redonda

No começo do Campeonato Brasileiro, há 50 anos, procurei Ademir, goleador da Copa de 50, que a esse tempo era comentarista, e topou me conceder um papo, enquanto traçava a famosa peixada da incipiente Beira-Mar. O craque pernambucano há muitos anos partiu para o mundo que parece não ter bola, a não dos anjos.

Bola redonda

Ivan Roriz de Oliveira, meu colega no Cearense, jogava bem no Ceará, mas quando lhe escalaram pra Seleção Cearense, falhou lamentavelmente, engolindo uma bola que o centroavante maranhense Batista chutara do meio do campo. Caso evidente de jogador bom de clube e ruim no selecionado.

Bola redonda

Gilmar, caso típico de jogador de Seleção, não foi, entretanto, o maior goleiro brasileiro de todos os tempos, pois nunca muito bem em clube, o título é de Barbosa, o da Copa de 50, impecável no Vasco da Gama.

Bola rolando

Arati era um medíocre lateral do Madureira e passou pro Botafogo, sendo convocado pra Seleção que disputou o Pan-Americano de 1952. Só fez um jogo, mas teve seus 15 minutos de glória, pois foi na estreia de Didi no escrete, ganhando de dois a zero do México. Arati nunca mais envergou aquela camisa.

Bola rolando

Transmiti do Maracanã para a PRE-9 despedida do Gilmar, fazendo seu centésimo jogo pelo escrete, goleiro em questão, ao contrário de muitos jogadores, mesmo quando reserva em seu clube, crescia enormemente na Seleção, e fechava o gol, tendo sido bicampeão mundial.

Bola redonda

Expedito Machado foi quem iluminou o Presidente Vargas, porém esse fato jamais foi reconhecido, nem pelos próceres nem pela imprensa.

Bola rolando

Mauro Ramos de Oliveira foi quatro vezes convocado pra Seleção Brasileira em Copa do Mundo. Em 1950, saiu-se mal nos treinos finais e foi cortado por Flávio Costa. Reserva de Pinheiro em 54 e de Belini em 58, não chegou a entrar em campo. Finalmente, em 62, na quarta investida, foi o capitão do time que se sagrou bicampeão em Santiago do Chile.

Bola redonda

O próprio treinador Flávio Costa me declarou haver pensado em Heleno de Freitas, o mais clássico dos centroavantes brasileiros, para a Copa de 50, mas desistiu, face às complicações da esquizofrenia, que acabou por matá-lo.

Bola rolando

Uma das razões pelas quais Zizinho não pode ser apontado Craque Número Um da Copa de 50 é que o Mestre jogou aquém de suas verdadeiras possibilidades físicas, lesão que o deixou de fora dos dois primeiros jogos, e não chegou a curar completamente.

Bola redonda

Saudoso Airton Fontenele, que nos deu o maior livro sobre Seleção Brasileira em Copas do Mundo, apontava Zizinho como o maior craque do Mundial de 1950, porém essa afirmação não procede, pois esse título deve ser atribuído ao ponteiro uruguaio Gighia, que assinalou três gols decisivos para a Seleção do Uruguai: no empate com a Espanha, na vitória sobre a Suécia, que pôs o time na final, e o da vitória sobre o Brasil, no Maracanã, que ensejou a glória do campeonato.