Categoria: Apanhado político

Para enfrentar Paulo Sarasate, na eleição de Governador, em 1954, Armando Falcão exigiu que seu partido, PSD, o registrasse também para a Câmara Federal. Perdeu pro Governo (até hoje tem quem diga que ganhou), porém se elegeu deputado e aí deslanchou, primeiro como líder da maioria de Juscelino e, depois, como todo-poderoso Ministro da Justiça.

Eu não peguei, pois tinha apenas 15 anos, mas, até 1954, se votava também para suplente de senador. O que parecia até lógico, pois o ungido pode assumir o lugar na Câmara Alta do País.

Logo depois da Revolução de 64, maioria dos deputados queria reeleger Ranieri Mazzili, que vinha há anos sendo Presidente. Porém, Castello não podia concordar, porque, sem ser, propriamente, um corrupto, o parlamentar paulistano era um concessionário, dando raias aos apetites muitas vezes exagerados dos colegas. Assim, Castello lançou Bilac Pinto, um dos mais corretos políticos das Minas Gerais, que foi eleito por pequena margem, e se conduziu com notável respeito à causa pública.

Flávio Marcílio, quando disputou a primeira vez uma vaga na Câmara Federal, em 1962, perdeu a eleição, porém assumiu, com as cassações da Revolução de 64. Mas depois engatou e teve cinco mandatos seguidos. Só caiu em 1986, com a avalanche Tasso, com grande reflexo legislativo, desbancando, além de Marcílio, que tinha sido amigo de seu pai, Ossian Araripe, Evandro Ayres e Manoel Gonçalves.

Tocantins, o Estado criado por Ernesto Geisel, teve um cearense como primeiro governador. Atendia por Siqueira Campos, nome de rua no Rio, mas não por causa dele, e não sei se ainda vive, pois nunca mais ouvi falar.

Quando presidente Costa e Silva, ouvindo sugestão de Jaime Portela, mandou encarcerar Carlos Lacerda, nenhum comandante de prisão militar queria guardar o líder civil da Revolução, pois todos eram lacerdistas. Assim, Lacerda ficou zanzando de um forte para outro forte. Lá pras tantas, cansado de rodar, soltou esta genial: Vocês se resolvam, pois não nasci para ser ioiô de general.

Virgílio Távora era dotado de extraordinário espírito público, como bem reconhece um dos seus sucessores, Tasso Jereissati. E muito denodo, para as suas metas serem atingidas, tendo sido sua maior obra a vinda de Paulo Afonso, marco de seu primeiro Governo Redentor.

Além de tio do Virgílio Távora, o general Juarez tinha outro parentesco, qual seja, foi ele quem conduziu dona Luíza ao altar, aliás, o casamento foi no Rio.

Na União Pelo Ceará, o grupo do Zemartins Rodrigues ficou com direito a indicar um senador, que depois foi permutado pela Vice-Governadoria. Paes de Andrade, na reunião decisiva, falou pro sogro que pretendia ser o indicado para companheiro de chapa de Virgílio. Porém, o líder deu duro: “Você é meu genro, todavia o candidato é o Figueiredo Correia.” Como de fato aconteceu.

Uma das grandes injustiças da Revolução de 64 foi cassação do governador de Goiás, Mauro Borges, que apoiara o Movimento, tendo, inclusive, depois, participado do grupo de governadores que levou a Costa e Silva o nome de Castello Branco para Presidente. Foi vítima de picuinha de militares que serviam em Goiânia que não gostavam dele, um dos raros casos acontecidos.

Chico Monte, pouco abonado nas letras, porém de inegável vocação política, foi o primeiro deputado cearense a atingir o quarto mandato, sendo eleito 46, 50, 54, 58. E morreu como parlamentar, quando a filha única, Olga, era Primeira-Dama.

O banqueiro Olavo Setúbal, do Itaú, teria sido um belíssimo governador para São Paulo. Geisel queria e até sugeriu a Figueiredo, que ia assumir a Presidência, entretanto preferiu Laudo Natel, que foi bom para dirigir São Paulo, só que o time de futebol.

Paes de Andrade teve três mandatos de deputado estadual, porém apenas duas eleições, pois, na primeira vez, em 1950, ficou na suplência, assumindo com a morte do colega Queiroz Matoso, em acidente de carro. Agora, federeis foram oito, empatando com Furtado Leite.

Armando Falcão, que perdeu a eleição para Governador em 1954, e Adahil Barreto, que perdeu a mesma disputa, em 62, escaparam, pois se elegeram deputado, que naquele tempo podia disputar uma eleição direta e outra proporcional. Foi a Revolução de 64 que acabou essa duplicidade.

Tenho mencionado a atuação parlamentar de Fernandes Távora verberando os desmandos de Goulart no Senado. Isso o torna um revolucionário de 64. Aqui, na Assembleia, não se pode esquecer que Franklin Chaves, na noite de 31 de março, presidindo a mesa, foi quem conteve os arroubos da diminuta bancada esquerdista, que clamava pela necessidade da manutenção de Jango em prol do Regime Democrático.

Derrubado pelo Exército, em 1945, Getúlio Vargas candidatou-se, no ano seguinte, a senador, por dois estados, e a deputado federal, por cinco. Foi eleito pros sete, porém preferiu a senatória pelo torrão natal, o Rio Grande do Sul, chegando a assumir, quando discursou.

O general Ernesto Geisel era o presidente, quando soube que um senador por Pernambuco fora flagrado tentando achacar um industrial. Embora de seu próprio partido, a Arena, lhe cassou direitos políticos imediatamente, sem dó nem piedade.

A Reitoria nunca hospedou Presidente da República. Quem ali pernoitou foi dr. Tancredo Neves, quando Primeiro-Ministro. Aliás, a mando do dr. Martins, Carlos d’Alge e eu fomos à loja A Cearense, comprar travesseiros, fronhas e lençóis.

Antônio Cambraia, que foi bom prefeito, teve dois mandatos de federal, sendo eleito em 98 e reeleito em 2002, quando não quis mais se candidatar, explicando estar na pindaíba.

Do clã João Pontes do Massapê, dr. Pontes Neto, que era médico, foi, sem dúvida, o detentor disparado da maior cultura e sapiência curricular. Agora, de todos os irmãos, o mais inteligente, no meu modesto entender, foi o engenheiro, Vilmar Pontes.