Bola rolando

Chico Buarque é Fluminense doente, só que, carregando a fama de pé-frio, na véspera de todo clássico pelo Campeonato Carioca, os amigos tricolores lhe telefonam, solicitando que não compareça ao Maracanã.

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Quando João Saldanha assumiu o comando da Seleção, em 1969, anunciou prontamente pros seus colegas jornalistas que o time titular seria oito do Santos, reforçado de Jairzinho e Gerson, do Botafogo, e Tostão, do Cruzeiro, ficando assim o time: Cláudio, Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo, Clodoaldo e Gerson, Jair, Tostão, Pelé e Edu.

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O jogador mais idoso da Seleção, na Copa de 50, era o gaúcho Noronha, que nasceu em 18, e foi convocado por Flávio Costa para titular da lateral esquerda, porém não se saiu bem nos treinamentos, e acabou dando lugar ao grosseiro Bigode, quando treinador tinha solução bem à mão, qual seja, Nilton Santos, na época, no esplendor dos 25 anos.

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Ninguém fala mais hoje em José Carlos Bauer, mas foi esse médio-apoiador o maior craque da Seleção Brasileira no Mundial de 50, com passes maravilhosos, que fizeram ele ser chamado, na época, o “Monstro do Maracanã”.

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Em 1964, estava presente no Brasil x Argentina realizado no antigo Pacaembu de São Paulo. O jogo marcou porque o juiz botou Pelé mais cedo para o chuveiro, após aplicar uma cabeçada na barriga do defensor argentino Rattin. Os platinos fizeram três a zero.

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Só em um jogo de Mundial, Pelé marcou três gols. Aconteceu no segundo tempo do jogo com a França, que era até então o melhor time da Copa. Só que existe um grande senão, pois a França jogou todo um período com dez, já que Vavá quebrou, no final da primeira etapa, seu centromédio Jounquet, que era o marcador de Pelé, pois, nessa época, não havia substituição, saiu contundido, o time ficava com dez.

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No primeiro Campeonato Paulista que Pelé disputou pelo Santos, o Rei não foi campeão; na estreia em Seleção Brasileira, o escroto perdeu. Na estreia em Copa do Mundo, não marcou gol; dos quatro Mundiais disputados, só no último jogou todas as partidas.

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Muito ligado a futebol, naquele tempo, este repórter detém um recorde, foi um dos 20 que compareceram ao Presidente Vargas para assistir a Gentilândia x Nacional, pelo Campeonato Cearense, numa tarde de sábado de 1950.

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Goleiros de classe indiscutível, tais Batatais, Barbosa e Castilho, não emplacaram na Seleção. Batatais fracassou no Mundial da França, Castilho tremeu enfrentando a Hungria na Suíça, e, quanto a Barbosa, o gol da vitória do Uruguai, no Maracanã, se não propriamente um frango, poderia, segundo quem viveu a jogada, ter sido evitado.

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Rodrigues foi um dos últimos pontas-esquerdas dito profissional, quer dizer, atacante. Campeão pelo Fluminense e pelo Palmeiras, não deu sorte, entretanto, na Seleção. Em 1950, tido como titular, não entrou em campo, pois começou o Mundial contundido, e, na Suíça, se lesionou no segundo jogo e não participou da Batalha de Berna, frente à Hungria. Diabético, morreu quase na miséria, após amputar as duas pernas.

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Craque de verdade não dá bom técnico, sendo vários os exemplos daqueles que não emplacaram, como Domingos, Leônidas, Ademir, Zizinho e Jair da Rosa Pinto. Treinador vitorioso não foi ás, jogador mediano, tais Flávio Costa, Zezé Moreira e, em tempos mais recentes, Zagallo.

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Domingos da Guia é indiscutível, na posição de zagueiro central dos bem mais de 100 anos do futebol brasileiro. Agora, na lateral direita, já que na esquerda Nilton Santos não se discute, não ponho Carlos Alberto, nem Djalma Santos, e muito menos Cafu, e sim, Leandro, que junto a Falcão foram os maiores destaques da última vez que a Seleção jogou futebol, 1982, em Barcelona, e eu estava lá.

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Heleno de Freitas, considerado o mais clássico dos centroavantes do futebol brasileiro, jogou uma vez, umazinha só, no final dos anos 40, aqui no Ceará. Aconteceu quando o Vasco da Gama goleou por 6 x 1 o Fortaleza, que abriu o placar com um gol de França. Porém, Heleno não foi bem, no Presidente Vargas, não marcou e foi substituído pelo novato Ipojucan.

Bola redonda

Nenhum cearense, até hoje, atuou pela Seleção Brasileira em Copa do Mundo. Quem mais se aproximou foi o Leonardo, que participou, em 94, nos Estados Unidos, jogando na lateral esquerda, e em 98, na França, de meia. Porém, Leonardo, filho de pais cearenses, das famílias Nascimento e Araújo, nasceu em Niterói.

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O pernambucano Ademir foi o artilheiro da Copa de 50, com nove, segundo os cronistas, ou oito gols, segundo a súmula do juiz, pois um dos seus dois contra a Espanha, foi atribuído ao zagueiro Parra.

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A crônica brasileira proclamou que o Brasil foi Campeão Moral da Copa de 78, na Argentina, por sinal, uma das duas que vi pessoalmente. Acontece que não se encontra na Fifa tal título, que me pareceu mais choro de mau perdedor, até mesmo porque foi uma das piores seleções, quando Zico, grande no Flamengo, estreou pifiosamente, só fazendo um gol, e ainda de pênalti. Espalharam que o Peru tinha facilitado para a Argentina chegar aos seis, só que não precisava, bastava quatro.

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Pernambucano Ademir Marques de Menezes, ídolo do Vasco por dez anos, marcou nove gols na Copa de 1950, porém nenhum deles valeu para o Brasil, pois não encontrou as redes adversárias quando dele a Seleção precisou, no empate de 2x2 com a Suíça, no Pacaembu, quando não meteu, e na derrota final, para o Uruguai, no Maracanã, onde foi completamente dominado pelo beque oriental Matias Gonzalez.

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Futebol também faz das suas, dificilmente um craque rende um grande treinador, Leônidas, Domingos da Guia, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, por exemplo, não emplacaram. Técnico vencedor é quase sempre aquele que foi peba quando atleta, tipo Flávio Costa e Zezé Moreira. Talvez pela mesma razão que um bom pintor jamais dará pra crítico de arte.

Bola redonda

Heleno de Freitas jogou uma vez no Ceará, quando chegou ao Vasco e veio aqui enfrentar o Fortaleza, em 1949. O Tricolor abriu o placar, mas então o Vasco meteu seis, nenhum de Heleno, que acabou substituído. Muitos defenderam sua presença na Seleção de 50, porém Flávio Costa não lhe chamou. Tudo indicando que já estaria afetado pela esquizofrenia que o levou dez anos depois a um sanatório em Barbacena, Minas.

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Foi o Expedito Machado, então deputado estadual, quem salvou o futebol cearense de apagar. Falo literalmente, pois foi ele quem iluminou o Presidente Vargas. E conseguiu movimentar o campeonato, que andava muito por baixo. Pena que tenha desaparecido toda reportagem esportiva da época, tais Jaime Rodrigues, Ivan Lima, Paulo Santos, Palmeira Guimarães, mas vivo ainda está o Aécio de Borba, que poderá atestar.