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Os três Walter Sá da política cearense morreram no exercício do mandato. Walter Sá Cavalcante, deputado federal, aos 37, de tumor no cérebro. Walter Bezerra Sá, também deputado federal, de infarto. E um estadual, Walter Cavalcante Sá, de câncer. A título de ilustração, direi que Walter Sá Cavalcante seria, provavelmente, o candidato seguinte a Governador, com amplas possibilidades, pois era imbatível na tribuna e nos comícios.

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José Martins Rodrigues, uma das maiores figuras da política cearense e até mesmo nacional. Seu partido, o PSD, nunca pretendeu fazer Governador, pois a ala menos católica sabia perfeitamente que, com ele no leme, não haveria possibilidade de qualquer tipo de facilidade, incluindo nas cancelas fiscais.

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Primeira eleição de Armando Falcão, em 1950, os salineiros passaram o Livro de Ouro, que esteve na base do financiamento da campanha. Falcão, neste ano centenário, tinha sido presidente do Instituto do Sal. E só perdeu pra deputado na quinta candidatura, demonstrando que sua participação na Revolução, quando foi o último cearense a participar ativamente, pouco lhe rendeu nas urnas.

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O prof. Parsifal Barroso (insisto em chamar professor porque era sua principal vocação) pode apresentar currículo dos mais substanciais, qual seja Governador, Ministro, Senador, três vezes Deputado Federal e uma Estadual.

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Quando Rio e Minas Gerais elegeram juscelinistas para os governos estaduais, a Linha Dura Militar logo saiu em campo, estabelecendo que os dois não podiam tomar posse, por não condizer com a Revolução. Presidente Castello Branco achava que tinha um compromisso com a Nação, e o resultado das urnas tinha de ser respeitado. No auge do quiproquó, houve uma reunião que contou com a presença de Milton Campos, Ministro da Justiça, que, quando saiu, foi abordado pela multidão de repórteres. “Como é, dr. Milton, os homens tomam posse ou não tomam?” A resposta foi bem mineira: “Acabam tomando. Quer dizer, vão dar um trabalho a gente, mas serão empossados.” E foi o que realmente aconteceu.

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O presidente Dutra fechou os cassinos logo depois de assumir, e a versão mais provável para sua decisão foi atender ao pedido da primeira-dama, dona Santinha, que dera vazão a apelo de dom Jaime Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro.

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O empresário José Flávio Costa Lima, então deputado, figurou numa lista de quatro que poderiam sair candidatos a Governador pela União Democrática Nacional (UDN) e solicitou que eu promovesse um almoço com a Liderança Estudantil, coisa que fiz e ele saiu-se muito bem, sabatinado, sobretudo, pela patota de esquerda, da qual guardo um nome, Benevides. Mas logo depois surgiu a União Pelo Ceará, com Virgílio Távora na cabeça, e José Flávio saiu apenas candidato à reeleição à Câmara Federal.

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O banqueiro Olavo Setúbal, do Itaú, teria sido um belíssimo governador para São Paulo. Geisel queria, e até sugeriu a Figueiredo, que ia assumir a Presidência, porém, entretanto, preferiu Laudo Natel, que foi bom para dirigir São Paulo, só que o time de futebol.

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Após a morte do seu “pai” Getúlio Vargas, João Goulart candidatou-se a senador por seu Estado natal, o Rio Grande, porém perdeu. O autor da façanha foi o Daniel Krieger, da União Democrática Nacional.

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Derrubado pelo Exército, em 1945, Getúlio Vargas candidatou-se, no ano seguinte, a senador por dois estados e a deputado federal por cinco. Foi eleito pros sete, porém preferiu a senatória pelo torrão natal, o Rio Grande do Sul, chegando a assumir, quando discursou.

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Quando João Figueiredo chegou ao poder, muita gente temeu pela situação do Governo Virgílio Távora, que não seria bem visto pelo grupo da linha dura ao qual pertencera o general. Quando ouvido sobre o assunto, VT respondeu bem à sua maneira: Se o sucesso do meu governo depender das relações do governador com o Presidente, não haverá problema algum. E foi mais ou menos o que veio a acontecer.

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Um líder lojista, Romeu Aldigheri, teve a ideia de lançar a Campanha de Moralização dos Costumes Políticos, que esteve no cerne da eleição do coronel Murillo Borges para prefeito de Fortaleza, que entra fácil na lista dos cinco melhores da capital cearense.

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Atendendo ao apelo de seus companheiros de partido, candidato a senador Carlos Jereissati foi também a deputado federal, que naquele tempo podia. Pretendiam conseguir um reforço pra legenda, o que foi atingido muito parcamente, pois Jereissati teve pouco mais de 900 votos, e o PTB só abiscoitou cinco cadeiras pra Câmara, obtendo a vaga senatorial.

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Calcado na Secretaria de Planejamento de Plácido Castelo, Marcelo Linhares resolveu ingressar na política, obtendo quatro mandatos seguidos de deputado. Decidiu não disputar o quinto, e lhe ofereceram, então, a suplência de César Cals, candidato ao Senado. Que não aceitou, por considerar a participação financeira exigida.

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Quando Plácido Castelo assumiu, seu feitor, Paulo Sarasate, indicou para a pasta da Educação aquele que parecia ser o nome mais que certo, Lúcio Melo, dos Educandários Gratuitos. Porém, dotado de condições técnicas, não as tinha no trato político, e, apesar do padrinho forte, foi substituído na caminhada.

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Não se pode negar que, naquele tempo, havia um certo charme nas disputas municipais por parte de deputados estaduais. Exemplos: Edson da Mota Correia x Ernani Viana, em Caucaia, Abelardo Costa Lima x Ernesto Gurgel Valente, no Aracati, Mauro Sampaio x Adauto Bezerra, em Juazeiro.

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Manoel Rodrigues entrou em 1962 substituindo o irmão Edmundo, que teve só um mandato federal, mas não revelou vocação. Manoel morreu batido pelo coração, no exercício do terceiro mandato federal. Sempre foi considerado um político sério, que recebeu parte dos votos anteriormente destinados a Paulo Sarasate.

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Adolfo Gentil, banqueiro cearense no Rio, teve dois mandatos de deputado federal, 1950 e 1954. Em 1958, sobrou, tendo assumido no final, e não mais se candidatou. Em 1962, pretendeu uma suplência de senador, na chapa da União Pelo Ceará, porém, não lhe deram.

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Tocantins, o Estado criado por Ernesto Geisel, teve um cearense como primeiro governador. Atendia por Siqueira Campos, nome de rua no Rio, mas não por causa dele, e não sei se ainda vive, pois nunca mais ouvi falar.

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Chico Monte, o Cacique do Norte, e que rompeu acordo estabelecido com o Coronel Virgílio Távora para apoiar o genro Parsifal ao Governo, foi o primeiro parlamentar cearense a atingir o quarto mandato de deputado federal. Começou como constituinte, em 46, e, quando partiu, estava em exercício. Só teve uma filha, a fabulosa Olga Barroso, a quem um dia o Ceará e o Brasil farão justiça.