Apanhado

Manoel Rodrigues entrou em 1962 substituindo o irmão Edmundo, que teve só um mandato federal, mas não revelou vocação. Manoel morreu batido pelo coração, no exercício do terceiro mandato federal. Sempre foi considerado um político sério, que recebeu parte dos votos anteriormente destinados a Paulo Sarasate.

Apanhado

Adolfo Gentil, banqueiro cearense no Rio, teve dois mandatos de deputado federal, 1950 e 1954. Em 1958, sobrou, tendo assumido no final, e não mais se candidatou. Em 1962, pretendeu uma suplência de senador, na chapa da União Pelo Ceará, porém, não lhe deram.

Apanhado

Tocantins, o Estado criado por Ernesto Geisel, teve um cearense como primeiro governador. Atendia por Siqueira Campos, nome de rua no Rio, mas não por causa dele, e não sei se ainda vive, pois nunca mais ouvi falar.

Apanhado

Chico Monte, o Cacique do Norte, e que rompeu acordo estabelecido com o Coronel Virgílio Távora para apoiar o genro Parsifal ao Governo, foi o primeiro parlamentar cearense a atingir o quarto mandato de deputado federal. Começou como constituinte, em 46, e, quando partiu, estava em exercício. Só teve uma filha, a fabulosa Olga Barroso, a quem um dia o Ceará e o Brasil farão justiça.

Apanhado

Além de tio do Virgílio Távora, o General Juarez tinha outro parentesco, qual seja, foi ele quem conduziu Dona Luíza ao altar, aliás, o casamento foi no Rio.

Apanhado

Francisco José Studart, que era cunhado do Senador Zé Lins e foi genro de Parsifal Barroso, teve dois mandatos de deputado federal no Rio, valendo-se, em parte, de suas ligações com o Governador Chagas Freitas. Aliás, era dotado de ótima conversação e mantinha excelentes relações com altas figuras da República.

Apanhado

Uma das grandes injustiças da Revolução de 64 foi a cassação do governador de Goiás, Mauro Borges, que apoiara o Movimento, tendo, inclusive, depois, participado do grupo de governadores que levou a Costa e Silva o nome de Castello Branco para Presidente. Foi vítima de picuinha de militares que serviam em Goiânia que não gostavam dele, um dos raros casos acontecidos.

Apanhado

Bilac Pinto era presidente da Câmara e todo dia, ao chegar, manhã cedo, pedia a lista dos carros que compunham a garagem oficial. Certa vez, dando pela falta de um, perguntou ao encarregado o que tinha havido. Recebeu a resposta de que o primeiro-secretário, deputado pernambucano, tinha ido visitar o torrão natal. Bilac não teve dúvida, mandou apreender o veículo, deixando o parlamentar no meio da estrada. Que diferença de hoje em dia!

Apanhado

Logo depois da Revolução de 64, maioria dos deputados queria reeleger Ranieri Mazzili, que vinha, há anos, sendo Presidente. Porém, Castello não podia concordar, porque, sem ser propriamente um corrupto, o parlamentar paulistano era um concessionário, dando raias aos apetites muitas vezes exagerados dos colegas. Assim, Castello lançou Bilac Pinto, um dos mais corretos políticos de Minas Gerais, que foi eleito por pequena margem, e se conduziu com notável respeito à causa pública.

Apanhado

Para se opor às justas aspirações de Lacerda, Castello Branco começou ouvindo seu colega Golbery, que defendia a exótica ideia de não se eleger um homem, e sim um programa, quando brasileiro vota é no homem, e não em programa. Como castigo, Castello teve que engolir Costa e Silva, que conhecia muito bem e sabia não ter as condições exigidas para o exercício do poder central. E, além do mais, já tinha se estranhado com suas coronárias, algum tempo atrás.

Apanhado

Castello Branco pretendia fazer sucessor um civil. Seu nome era Bilac Pinto, que conhecera num almoço em casa de Paulo Sarasate, na Rua Assunção, quando, na qualidade de Presidente da UDN, veio prestigiar a posse de Virgílio Távora no Governo. Homem seriíssimo, que conseguiu até moralizar a Câmara dos Deputados, Bilac era respeitado pelos militares, porém não tinha liderança na tropa. Se Castello tivesse apoiado Lacerda, provavelmente a linha dura não teria tido condições de impor Costa e Silva, a quem Castello teve de engolir garganta adentro.

Apanhado

O general Castello Branco não foi candidato militar à Presidência, na queda de Goulart. Ele foi candidato dos governadores civis, liderados por Carlos Lacerda, que levaram seu nome a Costa e Silva, o todo-poderoso Ministro da Guerra, que apenas homologou, não inteiramente à vontade, o apontado pelos chefes dos Executivos estaduais que haviam formado com a Revolução, quando seu favorito era paulista Carvalho Pinto.

Apanhado

Prefeito de Juazeiro, Arnon Bezerra, foi sete vezes deputado federal, uma vez mais que seus tios Humberto, Orlando e Adauto, que, juntos, só obtiveram seis mandatos. Trata-se de um Quezado, só que do Crato, o que o torna um membro não muito próximo do clã da Aurora, do qual sou titular.

Apanhado

Não é exagero se dizer que Carlos Jereissati foi feito senador com os votos da esquerda. Tinham um candidato, o padre Arquimedes Bruno, que foi vetado pelo arcebispo Dom Antônio de Almeida Lustosa, que não queria religioso na política. Então, aderiram ao Jereissati, que, apoiando o Governo de Goulart, estava na linha considerada progressista e era filiado ao PTB, partido das reformas.

Apanhado

Ingressando na política em 1954, como deputado estadual, Expedito Machado partiu pra federal, em 58, obtendo último lugar, e, quatro anos depois, deu o salto, sendo o mais votado do PSD. Feito ministro da vastíssima Viação e Obras Públicas, se tornou o candidato mais viável para a sucessão de Virgílio Távora, porém o Governo caiu, e Expedito teve seus direitos políticos cassados, interrompendo uma carreira que estava com toda corda.

Apanhado

Quando Juscelino veio ao Ceará em campanha, procurou Osvaldo Studart, da Ford, que havia sido seu colega na Constituinte, mas não se candidatara à reeleição. Falaram de Banco do Nordeste, e JK acenou a possibilidade de fazer do amigo presidente. Acontece que Studart morreu no início de 1956, quando Juscelino ainda costurava o Governo.

Apanhado

Falam bastante de desarranjos finais entre Virgílio Távora e os irmãos Bezerra, até mesmo que Adauto teria desistido do Senado, em 78, por não confiar mais na lealdade de VT. Agora, o que eu sei, porque participei, foi que a missa de décimo aniversário de morte foi paga pelos gêmeos.

Apanhado

Prensado por um grupo militar, embora pequeno, que apregoava sua amizade com presidente deposto João Goulart, Virgílio Távora cedeu a algumas pressões, baseado no princípio segundo o qual “humildade perante os fatos”, e, realmente, quem estava mandando eram os tanques.

Apanhado

Algum tempo depois da eclosão da Revolução de 64, telefonei para o coronel Hélio Lemos, que teria sido o inspirador militar do Movimento aqui, que na época servia no Rio, para tomar um drinque no Hotel Glória, onde eu me hospedava, e ali lhe perguntei se achava justo o que alguns colegas seus tinham feito, pretendendo derrubar Virgílio Távora, que recuperava o Estado, após uma série de governos desvocacionados. Sua resposta foi: O que houve contra o Virgílio, lá no Ceará, foi totalmente gratuito, nada teve de revolucionário.

Apanhado

Em sua brilhante longa carreira de 40 anos, Virgílio Távora só teve uma derrota, foi em 1958, perdendo o Governo do Estado para Parsifal Barroso, cuja essa honra ninguém tira, foi único a bater VT nas urnas, ajudado pela Grande Seca, que levou o presidente Juscelino a abrir as porteiras do DNOCS para seu ministro Parsifal.