Categoria: Apanhado político

A relação entre Virgílio Távora e Waldemar Alcântara foi do tipo "amor de apache", amigos hoje, desligados amanhã. Pode-se dar como exemplo a eleição de 1962, na qual Waldemar foi um dos artífices da "União pelo Ceará", que fez de Virgílio Távora governador, e ele foi escolhido para Secretário da Saúde, porém, do meio para o fim, estranharam-se.

O governador César Cals promovia semanalmente coletivas do secretariado e depois mandava servir um lauto café. Seu líder na Assembleia, Barros dos Santos, nunca ficava. Um dia o questionei por que não ficava. Resposta: Primeiro, porque não tomo café; segundo porque ali se come demais; e terceiro, porque o nome é Abolição e não "Abó", como denominava na coluna o Palácio Governamental.

Carlos Virgílio foi eleito três vezes deputado federal. A primeira em 82, a segunda em 86(o pai ainda vivo), e a terceira em 1990, quando o pai já havia partido). Inscreveu-se em 94, porém, não levou a sério, não deu a menor bola, não podendo, portanto, afirmar que perdeu.

Nenhum filho de Edson Queiroz demonstrou vocação para o exercício da comunicação, nem mesmo Airton, a quem ele passou o comando das emissoras e do jornal.

Virgílio Távora foi muito ligado a Magalhães Pinto, por sinal, seu padrinho de casamento. Todavia, nunca entrosou muito bem com Carlos Lacerda, apesar de pertencerem ao mesmo partido, que teria sido também o meu, se filiado à União Democrática Nacional.

Waldemar Alcântara teve alguns amigos políticos, podendo ser citados Vicente Augusto, Raul Barbosa e, com idas e vindas, Virgílio Távora. Porém, os dois maiores não foram da vida pública, imobiliardário José Carneiro e Dr. Walter Cantídio, a quem fez reitor.

Raul Barbosa foi o último governador eleito pelo PSD, pois, em seguida, apenas elegeu, ou ajudou a eleger, candidatos de outros partidos, tal como aconteceu em 1958, com Parsifal Barroso, e em 1962, com Virgílio Távora.

Prefeito de Granja e casado com Carmem, Esmerino Arruda, disputou uma vez a prefeitura de Fortaleza. Aconteceu na eleição de 1962, ficando em último, aquele pleito que ungiu um dos melhores gestores que a capital já teve, Murilo Borges.

Após a partida de Jereissati, entrevistei Dr. Antônio Jucá, que havia assumido seu lugar, perguntei-lhe por que ficara toda noite conversando com ele na cama, sabendo de suas precárias condições de sobrevivência, a resposta foi a seguinte: Carlos me pediu para passar a noite ao seu lado, pois não conseguia dormir e queria conversar. Entre o médico e o amigo, optei pelo amigo.

Instado por Carlos Jereissati, Antônio Jucá disputou como candidato a deputado federal na eleição de 1962, saindo como primeiro na legenda do PTB. Com a morte de Jereissati, o Pai da Cardiologia Moderna, que era seu suplente, assumiu a cadeira no Senado, porém, um pouco depois, também perece, deixando disponível vaga de quatro anos, que só seria preenchida na eleição seguinte, com a recondução de Menezes Pimentel.

Nas eleições de 1962, Flávio Marcílio não votou no cunhado Virgílio Távora para Governador, por ter ficado do outro lado, comandado por Jereissati. Quando o questionei, em casa do Cláudio Martins, explicou-me: Olha aqui, Lúcio, política é uma coisa, família é outra, porém as duas casadas com irmãos, nunca romperam.

Fausto Cabral, que realizou, com a filha do Antônio Gentil, um dos grandes casamentos da sociedade cearense, despediu-se do Senado em Brasília sendo reverenciado pelos colegas, que muito o estimavam. Recolheu-se a seu apartamento e partiu durante a noite. Tinha sido beneficiado com quase um mandato inteiro, suplente de Parsifal Barroso, que primeiro foi Ministro

Stella Moreira da Rocha, primogênita do lendário Pedro Philomeno, foi primeira-dama três vezes, uma do Estado, quando o marido foi interventor e, duas vezes, quando Acrísio foi eleito prefeito, exercendo de 47 a 50 e de 54 a 59.

Em 1962, estava no aeroporto esperando meu então patrão, Paulo Sarasate. Ele desceu em companhia do seu colega Armando Falcão, para quem Orlando, primo, havia arrumado uma clarque de jovens, que formaram um cordão em torno dos dois, provocando a reação de Sarasate: Por que vocês estão nos cercando? Entretanto, era tudo para Falcão, cujo nome se falava que poderia ser o sucessor de Parsifal Barroso.

Na noite em que se decidiam as posições da União pelo Ceará, estando apenas resolvido que que caberia à UDN o Governo do Estado, via Virgílio Távora, José Martins comandava a reunião de seu partido, quando aes de Andrade, usando a condicao de genro, entrou em casa e reivindicou a senatoria para ele próprio, porém, o sogro não se deixou levar, anunciou claramente: Se couber uma senatoria ao nosso grupo, meu candidato é Joaquim, que não ganhou senatoria, mas a vice-governadoria.

Letreiro do alto do Palácio da Luz enuncia: Academia Cearense de Letras. Ensejando local e sucessão absolutamente certos.

Edilson Távora saiu candidato a primeira vez em 1958. Foram quatro mandatos, bem desempenhados, até que, em 1974, César Cals, baseado no excelente governo realizado resolveu fazer dele senador, o que não competia, pois Edilson tinha votação no sertão, com pouca expressão na capital, nunca mais disputaria cargo público.

Nomeado para o super Ministério da Viação e Obras Públicas, Virgílio Távora veio pela primeira vez ao Ceará e reuniu seus comandos. Era um mundo, RVC, DNOCS, DNOS, DCT, DNER... O pessoal foi pego de surpresa, pois ele abriu o encontro perguntando: Os senhores acham que eu sou um grande ministro? Ninguém respondeu, ensejando VT estabelecer: Tomo o silêncio como uma afirmativa.

Esse aspecto da reportagem política não foi explorado, na época, pelos cronistas do setor, no pleito de 1986, que resultou na primeira eleição de Tasso para governador, os dois candidatos a vice, tanto Castelo de Castro, do MDB, como Aquiles Mota, do PDS, estavam em séries dificuldades de manter suas cadeiras na Assembleia, sendo quase certo que não se reelegeriam.

Olavo Oliveira foi um dos senadores que o Ceará mandou para o Rio na eleição Constitucional de 1946. Porém, depois emplacou três derrotas até pendurar as chuteiras apoiando Armando Falcão para governador, em 1954, Virgílio Távora em 1958 e Adahil Barreto em 1962.