Bom de bola
O craque Perácio, que defendeu o Brasil na Copa de 1938, era conhecido por sua ingenuidade. Antes de um Fla-Flu, o treinador chegou pra ele no vestiário e ordenou: Quando houver um córner pro Flamengo, o goleiro Batatais, do Fluminense, costuma ficar no pau da trave em posição de cortar a cobrança do nosso ponteiro. Você, então, prende sua camisa no grampo da rede. Assim, quando ele pretender sair, não poderá, pois estará preso. Você entra livre de cabeça e faz o gol. Reação de Perácio: Muito bem, mais o senhor primeiro fala com o Batatais.
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Categoria: Bola passada
Bola passada
Na Copa da Suíça, em 1954, o capitão brasileiro Bauer tinha um homônimo na Seleção Alemã. Porém, não se enfrentaram, pois o Brasil não jogou contra a Alemanha. Aliás, o Bauer alemão não disputou a final com a Hungria, que trouxe o primeiro título pra seu país.
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Entre os jogadores de nível apenas razoável que a sorte ajudou a ser campeões, talvez o maior exemplo seja Zagallo, o treinador. Ele só foi chamado porque, tirante o centroavante, toda a linha atacante do Flamengo o foi, Joel e Moacir, pela direita, ele e Dida, pela esquerda. Seu corte parecia certo, pois disputava com Pepe, o companheiro de Pelé, e Canhoteiro, o Garrincha da ponta-esquerda. Aconteceu que Canhoteiro foi dispensado por ter voltado tarde da noite à concentração, e Pepe saiu lesionado de um amistoso na Itália, que antecedeu a Copa de 58, ensejando a escalação de Zagallo, que atuou nas seis partidas na Suécia.
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A reportagem esportiva insiste em proclamar vice-campeonato como título, acontece que não é. Até mesmo porque ser vice-campeão significa que perdeu.
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Brasil foi cinco vezes campeão mundial, porém nunca ganhou em país campeão, e foi o único campeão que perdeu duas vezes na própria casa.
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O Maracanã foi inaugurado pouco antes da Copa do Mundo, com um jogo entre as Seleções de Novos do Rio e São Paulo, que venceu. Desse prélio, participaram dois futuros campeões do mundo, aliás, bicampeões, Djalma Santos e Didi, que marcou o primeiro gol do estádio, num sem-pulo.
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Da legendária Seleção de 1950, que perdeu título pro Uruguai, dois jogadores tiraram a própria vida, partindo desta pra melhor. O goleiro reserva, Castilho, que entrou em depressão, e o ponteiro titular Maneca, que não disputou a final, por estar contundido, e não suportou quando a mulher com quem pretendia casar lhe comunicou que isso não seria possível.
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Clodoaldo foi uma das gratas revelações da Seleção que faturou a Copa de 70, no México, última que o Brasil ganhou jogando futebol. No jogo mais importante, contra a Inglaterra, com Gerson de fora e Rivelino se lesionando durante a partida, ele e Paulo César, o reserva de luxo, aguentaram a barra na apertada vitória, que mais justo seria o empate.
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Final do Campeonato Sul-Americano de 1959, Brasil enfrentava país sediador, Argentina, que jogava pelo empate. Jogo duro, 1x1 no placar, minuto final, Garrincha dribla o goleiro e, em vez de chutar pra redes inteiramente à disposição, resolveu entrar com bola e tudo. Acontece que, no meio da caminhada, o tempo venceu, o juiz apitou, e o Brasil perdeu o título.
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Flávio Costa foi um grande treinador de clube, porém pouco conseguiu dirigindo a Seleção. Nos anos 40, foi tricampeão pelo Flamengo e três vezes pelo Vasco, sendo dois desses títulos invictos. No escrete, não ganhou nada, pois o próprio Sul-Americano de 49, disputado no Brasil, não pode ser levado a sério, pois a Argentina, que tinha o melhor futebol do mundo, não veio, e o Uruguai mandou um time de estudantes.
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Heleno de Freitas foi o centroavante mais clássico do futebol brasileiro, mais que Leônidas. Quando foi pro Vasco, o clube de São Januário o colocou numa linha onde pontificavam dois craques, Maneca e Ipojucan, mas havia também dois pernas de pau, os ponteiros Nestor e Mário. No intervalo de um jogo, Heleno chegou pro treinador Flávio Costa e esbravejou, apontando os craques, esses dois não me passam a bola porque não querem, e indicando os que não eram, e esses dois, porque não sabem.
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Raí, exemplo de atleta e cidadão, cai no conceito de jogador de clube que não emplaca na Seleção, assim como Zico, do Flamengo, e Dinamite, do Vasco. No Mundial de 1990, era a grande esperança brasileira. Entretanto, só fez um jogo inteiro e acabou substituído pelo Mazinho. E só fez um gol, assim mesmo, de pênalti.
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Brasil gastou horrores com aquela Copa em que terminou levando a maior goleada de um país numa semifinal. Porém, com militar é diferente. Quando presidente, Figueiredo foi procurado pela turma do Havelange, atrás de verba, para o Brasil sediar a Copa de 86, o general respondeu: O importante não é promover Copa, é ganhar a Copa, e saiu do gabinete.
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Na Copa da Argentina, eu estava em Mar del Plata, quando, no último minuto, juiz marcou um córner contra a Suécia, que, batido por Dirceu, foi dar na cabeça do Zico, que fez o gol que seria da vitória. Só que não valeu, pois no transcorrer da bola, entre o pau da bandeirinha e a trave sueca, o tempo acabou.
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Nosso Ademir, jogador elegante, incapaz de uma jogada desleal ou de partir pro juiz, foi o artilheiro do Mundial de 50, que inaugurou o Maracanã. Todavia, se não tivesse marcado um mísero gol, o Brasil teria obtido o mesmo vice-campeonato, como de fato foi. Na hora em que precisou dele, bulhufas.
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Maior centroavante da Copa do Mundo de 1950, aquela da inauguração do Maracanã, foi Miguez, inclusive com primorosa atuação no jogo final contra o Brasil. O ufanismo da crônica esportiva brasileira escala Ademir, que, quando se precisou dele, nada fez, sendo suspeita também a nomeação de Zizinho e Jair, injustamente apontados, enquanto os uruguaios Julio Perez e Schiaffino foram superiores. Apenas um brasileiro figuraria na seleção daquele Mundial, o lateral-direito Bauer.
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Encontrando o Didi, que pouco antes da morte foi homenageado aqui pelo Roberto Farias, ouvi o bicampeão mundial revelar que no jogo com a Hungria, na Copa da Suíça, o grande Castilho tremera, intranquilizando todo o time brasileiro. Era um caso típico de jogador de clube que, entretanto, não emplaca no escrete.
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Na Copa de 50, o melhor time era a Espanha. No jogo com o Brasil, todo mundo estranhou que os ibéricos pareciam estar dormindo em campo. Perderam de seis, e depois se soube a razão do “sucesso” dos brasileiros. O cozinheiro da concentração dera uma patriotada, pondo barbitúrico no almoço dos visitantes.
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Brasil ainda hoje chora perda da Copa de 50, que inaugurou o Maracanã. Acontece que, se o futebol fosse sempre justo, a Seleção nem teria ido para a Final, pois precisava vencer a Iugoslávia, que tinha um time certinho e jogava pelo empate. Acontece que seu principal jogador, o armador Mitic, ao tentar entrar em campo, quebrou a cabeça no túnel do estádio, e a Iugoslávia solicitou adiamento da partida por 15 minutos, para que o time começasse completo. O capitão brasileiro, Augusto, concordou, porém condicionou a aprovação do treinador Flávio Costa, que negou. O resultado é que, quando Mitic começou a jogar, Brasil já havia metido um gol, mas os verdadeiros futebolistas sabem que a Seleção não ganharia esse jogo, se Iugoslávia tivesse jogado, desde o início, com seu onze completo.
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Estive na mesma mesa com Pelé no ainda registrável Hotel dos Reis Magos, em Natal, e ele enfrentava melancolia do final de carreira, porém altaneiramente. Vários assuntos foram abordados, mas, por polidez, evitei trazer o ocorrido no jogo Brasil x França, na Copa de 58, a única vez em que ele marcou três gols em Mundiais. Só que, seu marcador, Jonquet, estava na enfermaria, tendo se quebrado no final do primeiro tempo, e, naquela época, ainda não havia substituição, jogador lesionado deixava seu time com dez. Aliás, a França jogava melhor que o Brasil, que ganhou seu primeiro título injustamente.
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