Bola passada

Na Copa de 50, o melhor time era a Espanha. No jogo com o Brasil, todo mundo estranhou que os ibéricos pareciam estar dormindo em campo. Perderam de seis, e depois se soube a razão do “sucesso” dos brasileiros. O cozinheiro da concentração dera uma patriotada, pondo barbitúrico no almoço dos visitantes.

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Brasil ainda hoje chora perda da Copa de 50, que inaugurou o Maracanã. Acontece que, se o futebol fosse sempre justo, a Seleção nem teria ido para a Final, pois precisava vencer a Iugoslávia, que tinha um time certinho e jogava pelo empate. Acontece que seu principal jogador, o armador Mitic, ao tentar entrar em campo, quebrou a cabeça no túnel do estádio, e a Iugoslávia solicitou adiamento da partida por 15 minutos, para que o time começasse completo. O capitão brasileiro, Augusto, concordou, porém condicionou a aprovação do treinador Flávio Costa, que negou. O resultado é que, quando Mitic começou a jogar, Brasil já havia metido um gol, mas os verdadeiros futebolistas sabem que a Seleção não ganharia esse jogo, se Iugoslávia tivesse jogado, desde o início, com seu onze completo.

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Estive na mesma mesa com Pelé no ainda registrável Hotel dos Reis Magos, em Natal, e ele enfrentava melancolia do final de carreira, porém altaneiramente. Vários assuntos foram abordados, mas, por polidez, evitei trazer o ocorrido no jogo Brasil x França, na Copa de 58, a única vez em que ele marcou três gols em Mundiais. Só que, seu marcador, Jonquet, estava na enfermaria, tendo se quebrado no final do primeiro tempo, e, naquela época, ainda não havia substituição, jogador lesionado deixava seu time com dez. Aliás, a França jogava melhor que o Brasil, que ganhou seu primeiro título injustamente.

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Bola passada O jogador de nome mais aristocrático do futebol brasileiro foi Alfredo Eduardo Mena Barreto de Freitas Noronha, conhecido apenas por Noronha, que eu o conheci pessoalmente em João Pessoa, na Paraíba. Era, aos 32 anos, o mais velho do elenco da Copa de 50, porém só fez uma partida, no empate com a Suíça, no Pacaembu. Formou, com Bauer e Rui, a famosa linha média do São Paulo, seis vezes campeão na década de 40. Teria feito centenário este ano, pois já partiu.

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Bola passada Flávio Costa foi, talvez, o maior treinador do futebol brasileiro, contudo não era um estrategista, nunca soube mudar o rumo do jogo durante a partida. Sua preleção, no intervalo de Brasil x Uruguai, em 1950, foi lamentável, pois não ministrou qualquer orientação segura. A escalação do medíocre Bigode, deixando Nilton Santos na reserva, foi de quem tem muito pouco na cabeça. Com Nilton Santos na lateral esquerda, o grande ponteiro Ghiggia não teria promovido aquele carnaval na segunda metade do tempo final, dado o passe para o primeiro e logo depois metendo o gol da vitória, por sinal, justíssima, do time oriental.

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Bola passada O astro de futebol favorito de Chico Buarque foi o Pagão, de bisonha presença na Seleção, nunca tendo participado de Mundiais. Chegou a formar com Pelé na linha do Santos, porém sua carreira durou pouco. Era um craque indubitável, todavia possuidor de canela de vidro, fator determinante do fim prematuro.

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Só houve um caso de pai e filho defendendo o Brasil em Copas do Mundo. Dois craques excepcionais, em 1938, na Copa da França, Domingos da Guia, considerado o Pelé da defesa, que era titular absoluto, e em 1974, na Alemanha, Ademir, também da Guia, que era reserva, condição que só entrava na cabeça do treinador Zagallo, pois, nesse mesmo Mundial, foram escaladas várias tonteiras, tais Mirandinha e Dirceu

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Bola redonda A Copa do México, em 1970, foi a última que o Brasil ganhou jogando plenamente bem. Foi o Mundial de Carlos Alberto, o Capitão, Clodoaldo, Rivelino, o velho Pelé e, atuando aquém das condições físicas ideais, Gerson e Tostão, o mineiro com problema na retina, deixando para o final o artilheiro Jairzinho. Era um time tão bom, que se deu ao luxo de deixar Paulo César na reserva.

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O que tenho a dizer, se o melhor foi Pelé ou Maradona, é que Maradona deu muito mais à Argentina em Mundiais do que Pelé, a partir de que Pelé nunca deu um Mundial ao Brasil. Dos quatro que jogou, em três quebrou em meio e no primeiro, o de 58, já entrou quebrado, por muito pouco não tendo viajado pra Suécia, enquanto Maradona teve, a seu crédito, a Copa de 86 e a vice de 90, e teria dado também a de 94 dos Estados Unidos, se Havellange não tivesse posto ele pra fora de campo.

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No jogo de botão, antes de Nilton Santos se consagrar, a lateral esquerda (na época se dizia half) era destinada ao botão mais chinfrim. Depois, passou a ser um dos melhores do time, aquele que a gente amparava cuidadosamente com a gilete do pai.

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Foi o Expedito Machado, então deputado estadual, quem salvou o futebol cearense de apagar. Falo literalmente, pois foi ele quem iluminou o Presidente Vargas. E conseguiu movimentar o campeonato, que andava muito por baixo. Pena que tenha desaparecido toda reportagem esportiva da época, tais Jaime Rodrigues, Ivan Lima, Paulo Santos, Palmeira Guimarães, mas vivo ainda está o Aécio de Borba, que poderá atestar.

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Heleno de Freitas jogou uma vez no Ceará, quando chegou ao Vasco e veio aqui enfrentar o Fortaleza, em 1949. O Tricolor abriu o placar, mas então o Vasco meteu seis, nenhum de Heleno, que acabou substituído. Muitos defenderam sua presença na Seleção de 50, porém Flávio Costa não lhe chamou. Tudo indicando que já estaria afetado pela esquizofrenia que o levou, dez anos depois, a um sanatório em Barbacena, Minas.

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Pernambucano Ademir Marques de Menezes, ídolo do Vasco por dez anos, marcou nove gols na Copa de 1950, porém nenhum deles valeu para o Brasil, pois não encontrou as redes adversárias quando dele a Seleção precisou, no empate de 2x2 com a Suíça, no Pacaembu, quando não meteu, e, na derrota final, para o Uruguai, no Maracanã, onde foi completamente dominado pelo beque oriental Matias Gonzalez.

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Nenhum cearense, até hoje, atuou pela Seleção Brasileira em Copa do Mundo. Quem mais se aproximou foi o Leonardo, que participou, em 94, nos Estados Unidos, jogando na lateral esquerda, e em 98, na França, de meia. Porém, Leonardo, filho de pais cearenses, das famílias Nascimento e Araújo, nasceu, entretanto, em Niterói.

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Até hoje se fala no Maracanazo, a derrota do Brasil pro Uruguai, em 1950, na inauguração do Maracanã. É verdade que o pranto é livre, porém também é verdade que o Uruguai tinha melhor time, com sete craques, enquanto o Brasil só possuía cinco, tirante os goleiros. E, um mês antes, em São Paulo, o Uruguai havia ganhado do Brasil e, depois, no Rio, em São Januário, perdeu dois jogos por um gol, um deles escandalosamente roubado pelo juiz inglês.

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Quem foi o maior, Pelé ou Maradona? Não pretendo meter a minha colher na delicada escolha. Só quero dizer que Maradona deu mais à Seleção argentina em Copa do Mundo do que Pelé, que, numa, entrou quebrado e, nas outras duas, quebrou-se durante.

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Essa história de que tem jogador de clube e jogador de seleção é a pura verdade. E tenho dois exemplos nas maiores torcidas, Zico e Roberto Dinamite, grandes craques no Flamengo e no Vasco, mas que pouco fizeram na Seleção, sobretudo em Copa do Mundo. E mais remotamente, Domingos da Guia, considerado o Pelé da Defesa, que na Copa da França, em 38, não conseguiu ser nem a sombra no escrete do que era fora dele.