Categoria: Futebol

Di Stefano foi para o Chile em 62, integrando a delegação espanhola. Todavia, não chegou a entrar em campo. Mesmo assim, mexeu tanto com o psicológico do grande Didi, que só em saber da possibilidade de enfrentá-lo, o craque do Botafogo não foi o mesmo no jogo Brasil X Espanha.

Tendo se feito no futebol cearense, o ponteiro maranhense Canhoteiro, que depois brilhou no São Paulo, foi convocado para a Copa de 58, porém, Feola o cortou após chegada tarde na concentração, fruto de uma farra com o zagueiro Jandir, que também sobrou pela mesma razão.

Sobre esta, as novíssimas gerações dificilmente tomaram conhecimento. Nos treinamentos para a Copa de 1970, Pelé esteve ameaçado de corte por João Saldanha, que alegava um problema de visão no Rei, só que após essa "descoberta", Havelange derrubou o jornalista-treinador.

Vamos repor a verdade, mandando pras cucuias o habitual ufanismo da crônica esportiva. Foram apenas sete, e não oito, os gols marcados por Leônidas da Silva, no Mundial de 38, enquanto Ademir só fez oito, e não nove, na Copa de 50, pois o nono, que erradamente apontam como tendo sido do atacante brasileiro, o juiz acusou na súmula como do zagueiro da Espanha, Parra, portanto, contra.

Leão participou do elenco de quatro Copas, todavia, só atuou em duas, tendo se sagrado campeão, sem jogar, no México, em 70. O goleiro em questão no Mundial de 78 não sofreu gol, porém, quatro anos antes levou da Holanda e da Polônia.

Final do Campeonato Carioca de 1950 colocou frente a frente, no Maracanã, América e Vasco, que tinha em sua linha média Ely, cujo irmão, Osny, era goleiro do adversário. Pois bem, Ely ganhou, e o Vasco, treinado por Flávio Costa, foi campeão daquele ano.

Mesmo tendo cometido o pênalti que ensejou derrota da Seleção pra Itália, após brutal pontapé sem bola em Piola, em jogada visivelmente infantil, a crônica brasileira aponta grande Domingos da Guia melhor defensor da Copa de 38.

Brasil só é penta mundial para os ufanistas, porém, pra valer, não é. Apenas cinco vezes campeão, o que não vem a ser a mesma coisa, pois salteado não vale. Tem que ser seguidamente. Por exemplo, Uruguai é tetra, pois campeão olímpico em 24 e 28, e mundial, em 30 e 50, não tendo disputado 34 e 38, e não tendo havido Copas em 42 e 46, por causa da Guerra.

Esquecendo que a Rússia nunca passou da Terceira Divisão do ranking mundial, o Brasil fez um barulho danado com a vitória obtida frente aos soviéticos na Copa da Suécia, marcando a estreia, na Seleção, de Pelé, que não balançou as redes adversárias.

Partida não realizada no Estádio Centenário, que ainda não estava pronto, porém, no Parque Central, campo do Peñarol. Estou me referindo, no caso, à estreia do Brasil na primeira Copa do Mundo, disputada em Montevidéu, e o escrete saiu derrotado por 2x1 pra Iugoslávia, recuperando-se dias depois, quando ganhou da Bolívia por 4x0, desta vez no Centenário.

Reminiscências futebolísticas, guardo uma, ocorrida em 1973, no Hotel Reis Magos de Natal, quando do aniversário do meu amigo Clodoaldo, ocasião na qual fui apresentado ao Pelé, e sentamos na mesma mesa, com o capitão Carlos Alberto e o ponta-esquerda Pepe, que na época já era treinador, e que, anos depois, viria a ser campeão cearense pelo Fortaleza.

Nilton Santos, ainda jovem, é considerado por muitos como capaz de ter impedido Gigghia de fazer o segundo gol do Uruguai. Não tendo participado de nenhum jogo na Copa que Brasil perdeu na final, ocupou depois, em 15 jogos seguidos a lateral esquerda, marcando, portanto, o ponta direita, posição que Gigghia ocupou na decisão histórica do Maracanã.

Não consigo me lembrar que partida foi essa, porém, o episódio ocorreu. Para assistir a um grande clássico no Maracanã, fiz sinal pra um táxi parar na Avenida Copacabana e ofereci ao motorista pagar seu ingresso, desde que ele me deixasse de volta após o jogo, e assim foi feito

Foi precisamente na partida contra a Hungria, que desclassificou o Brasil do Mundial de 66, realizado na Inglaterra, com o escrete, almejando o tricampeonato, quando se deu única derrota de Garrincha com a camisa da Seleção Brasileira, em cerca de dez anos de atuação.

Cheguei a ouvir na televisão da Argentina Pelé proclamar que Dirceu se prestava mais para competição de fundista, tal sua disposição para correr o campo inteiro. O Rei nunca foi muito de acordo com a valorização que treinadores da Seleção davam ao ponteiro, que jogou no Botafogo e no Fluminense.

Assim como há jogador de clube que fracassa na Seleção, há também o treinador que não emplaca no escrete. Tal Flávio Costa, que, cinco vezes campeão pelo Flamengo e três pelo Vasco, na Canarinha, o máximo que conseguiu foi o Sul-Americano de 1949, aqui realizado, porém, nunca muito levado a sério, pois Argentina não veio, e Uruguai mandou time de novatos.

Gualicho, nome do cavalo que havia ganho o Grande Prêmio Brasil, era como a imprensa chamava Garrincha, no início da carreira. Poucos torcedores da época tomaram conhecimento e guardaram esse fato, a meu ver, partícipe de qualquer biografia do ponteiro, a quem Brasil ficou devendo dois Mundiais.

Há pouco mais de 50 anos, no começo do Campeonato Brasileiro, procurei Ademir, goleador da Copa de 50, então atuando como comentarista. Ele topou me conceder um papo enquanto traçava a famosa peixada da incipiente Beira Mar. O craque pernambucano há muitos anos partiu para o mundo que parece não ter bola, a não ser dos anjos

Canhoteiro e Pepe foram os ponteiros inicialmente chamados por Feola para irem à Suécia, onde o Brasil obteve o primeiro título mundial. Pepe acabou indo, embora não tenha jogado, face a uma chegada pela madruga à concentração. Canhoteiro foi cortado, ensejando a convocação de Zagallo, que acabou titular, atuando em todas as partidas, embora não fosse um craque, como o cearense do Maranhão.

Caso evidente de jogador bom de clube e ruim no selecionado foi meu colega no Marista, Ivan Roriz de Oliveira, que jogava bem no Ceará, porém, fracassou na Seleção Cearense. Quando lhe escalaram, falhou lamentavelmente, deixando passar uma bola chutada do meio do campo, pelo centroavante maranhense Batista.