Categoria: Apanhado político

Nos anos 1960, a Assembleia Legislativa foi acusada pela imprensa de haver adquirido um milhão e quinhentos mil cruzeiros em verduras. O deputado Almir Pinto subiu à tribuna no dia seguinte para proclamar que, sendo assim, a Casa provavelmente passaria a ser chamada de “Palácio Vegetariano”.

Do grandioso Virgílio Távora, quando lhe perguntaram se não tinha medo de levar um tiro de um desafeto conhecido pela violência: “Medo, não digo, não tenho medo de nada, receio.”

Essa história de que Bonaparte Maia compareceu à sua posse no Palácio Tiradentes de smoking, numa armação gozativa de Esmerino Arruda, só é verdade em parte, pois meu patrão, na época, era muito talentoso para pegar corda.

A família Gentil, do Banco Frota, deu três deputados em 46: Antônio Gentil saiu constitucionalista em 1950; Antônio José entrou para Assembleia; e o primo Adolfo, que por sinal era banqueiro no Rio, elegeu-se federal, bisando quatro anos depois.

Grupo de jornalistas que cobriam a Assembleia foi convidado pelo deputado Gomes da Silva para um fim de semana em sua fazenda. Éramos uns seis, dos quais lembro-me do Nazareno, do Frota Neto e do Newton Pedrosa, que se reuniram em meu apartamento. Quando passamos por Caucaia, eu dei a ideia de fazermos uma escala na casa do Ernani Viana, que não estava, mas a empregada negou-se a nos servir uísque. Então, fiz a ela uma proposta: “Se eu disser onde está a garrafa, você me serve?”. Ela respondeu que sim. Então, dirigi-me à cômoda onde sabia que o Ernani guardava e peguei um Red, o que a convenceu.

O primeiro presidente do Banco do Estado, para valer, foi o empresário Edgar Damasceno, no Governo Plácido Castelo, pois, até então, quem mandava era o superintendente. A exemplo, Ernani Moura Lima, que veio do Banco do Brasil e teve excelente desempenho.

Quando Pontes Neto foi eleito para presidir a Assembleia no Governo Parsifal Barroso, foi a única vez que vi um representante de um partido pequeno – pois integrava o PSP do Ademar – atingir o cume do legislativo estadual.

No principal clube de Teresópolis, participando de uma roda onde pontificava uma alta figura da agremiação, dele ouvi: Meu candidato a Presidente do Brasil é teu conterrâneo, Armando Falcão.

Foi Virgílio quem me apresentou a Carlos Lacerda. Na verdade, nunca foram propriamente amigos, pois a ala radical da UDN achava que VT às vezes se aproximava demais dos adversários.

Eu trabalhava nas relações públicas de J. Macêdo quando José me pediu para entregar um conjunto de poltronas que as freiras de um convento em Reriutaba haviam solicitado. Seria uma desconfortável viagem de jipe, noite adentro, saindo daqui à zero hora e chegando lá já pela manhã. Pedi ao meu amigo José Rangel que me acompanhasse. Haveria um almoço e um jantar. Pedi ao Rangel, que era mais moço, que fosse ao almoço, me ensejando dormir, enquanto eu daria conta do jantar, quando ele também poderia descansar. E assim foi. Então, ouvimos da madre superiora: “Eles se dão tão bem que um almoça e o outro janta.”

No I Veterado, Virgílio Távora teve três secretários do PSD: o primeiro foi Waldemar de Alcântara, que, por questões de saúde, não chegou a assumir; o segundo foi Melo Arruda; e o terceiro foi Valmir Pinto, que permaneceu até o fim, quando se reelegeu deputado estadual.

Dos políticos cearenses, o mais revolucionário de 1964 foi, indubitavelmente, Armando Falcão, que esteve permanentemente ligado ao general Castelo Branco. No entanto, não podemos deixar de contabilizar os pronunciamentos do senador Fernandes Távora, pai de VT, proclamando os desmandos do presidente João Goulart.

Esmerino Arruda, médico formado no Rio, entrou na política por sugestão do senador Olavo Oliveira. Foi eleito na última hora, em uma eleição suplementar, e teve mais dois mandatos. Em 1964, correu que o granjense havia sido cassado pela Revolução, mas isso não é verdade; apenas o partido do governo não lhe concedeu a legenda.

Como deputado federal no Rio, Armando Falcão, quando vinha a Fortaleza, se hospedava na casa de Edmilson Pinheiro, irmão de Audísio. E foi para lá que ele convocou Virgílio Távora e lhe ofereceu a Governança do Estado, garantindo que seu partido, PSD, o apoiaria. Assim, formou-se a redentora União Pelo Ceará.

Em meu acampamento praiano, que já foi ao chão, tive o prazer de receber o grandioso Paulo Gracindo, de tantos sucessos televisivos, como quando interpretou o Primo Rico em Balança, Mas Não Cai, só não emplacando em O Céu é o Limite, da Globo.

No meu início cumbucano, Bosco trouxe o Capitão dos Portos, fragata Casales, para almoçar em minha varanda. Ele me disse: “Aceitei com tranquilidade o seu convite, pois, ao contrário de outras, esta praia está toda legalizada.”

Atendendo a um pedido deste repórter, Dr. Waldemar de Alcântara foi quem concedeu a energia elétrica ao Cumbuco, enquanto Virgílio Távora foi quem autorizou o asfalto, usando o engenheiro Aristeu Mitoso, do DAER.

Brilhante orador, Walter Sá Cavalcante comandou na Assembleia a oposição pessedista ao governo udenista de Faustino Albuquerque, o que lhe valeu uma cadeira de deputado federal, que não pôde completar devido a um ataque de tumor cerebral. Consta que ele seria o candidato do partido à sucessão de Raul Barbosa, enfrentando Paulo Sarasate.

Menezes Pimentel encerrou sua longa carreira com a metade de senador. Ele foi eleito para a cadeira aberta com a morte de Carlos Jereissati e, logo a seguir, de seu suplente Antônio Jucá.

Armando Falcão não parecia muito interessado em ser governador. Ao final da apuração do pleito de 1954, ele logo se mandou para o Rio e não deu muita pelota à fraude da qual teria sido vítima em um município do Norte do Estado, que lhe teria ceifado dez mil votos. Falcão estava de olho no plano nacional, o que se confirmou quando se tornou líder da maioria e, depois, Ministro da Justiça no governo de Juscelino.