Categoria: Apanhado político

Carlos Lacerda foi demasiadamente contra o Maracanã, por achar que os estádios daquele tempo, São Januário, do Vasco, General Severiano, do Botafogo, Álvaro Chaves, do Fluminense, Gávea do Flamengo, davam plenamente vazão à demanda de público. Porém, a imprensa esportiva fechou a questão, e o gigante saiu, recebendo o nome que ninguém chama, de Mário Filho, o jornalista que mais se bateu pró.

Carlos Lacerda, quando disputou o governo da Guanabara com Sérgio Magalhães, venceu por apenas dois corpos de luz, para se tornar o maior governador que o Rio já teve.

Conheci pessoalmente o craque Romário em San Sebastián, nas cercanias de Barcelona, logo após a Copa de 1994. Eu tinha acabado de vir da Polinésia e lhe comuniquei que lá ninguém sabia quem ele era, pois a televisão não pegava futebol. Romário reagiu dizendo: “Esse é o lugar onde eu deveria morar, pois no Rio não consigo comer tranquilamente nem um mero sanduíche com todo mundo querendo autógrafos...”

O que vou abordar agora não é fácil, pelo contrário, dificílimo de acontecer: vender um banco e ficar sem ter onde morar. Os irmãos João e Antônio Gentil; o primeiro foi trabalhar com o grande empresário Audísio Pinheiro, que lhe deu uma diretoria em uma firma de peças que mantinha em Nova Iguaçu. Enquanto isso, “seu” Antônio foi morar numa casa cedida pela filha Helena, que havia casado com Chicão Jereissati. Aliás, o residencial foi batizado com seu nome, na Silva Paulet.

Fausto Augusto Borges Cabral como que tirou a sorte grande, suplente de Parsifal Barroso, que teve que deixar o Senado primeiro para ser ministro do Trabalho de Juscelino e depois governador do Ceará. Faleceu em Brasília no dia seguinte à despedida, quando foi devidamente homenageado pelos colegas, pois era estimado por todos.

Iranildo Pereira, falecido político idealista, teve apenas um mandato como deputado federal. Tentou uma segunda vez, ficando na suplência, mas assumiu o cargo quando seu colega, Chagas Vasconcelos, pediu licença para ele.

Virgílio Távora, respondendo ao jornalista Dário Macedo se não tinha medo de levar um tiro de ferrenho inimigo político: “Medo, não digo, não tenho medo de nada, receio.”

A condição de cassado atribuída a Esmerino Arruda não procede. Após 1964, o que ocorreu foi que a Arena, partido da situação, não lhe concedeu legenda para concorrer à permanência na Câmara Federal. No entanto, seus direitos políticos não foram retirados.

Sempre demonstrando mais vocação para o magistério do que para a política, Parsifal Barroso deixou uma polpuda carreira: Constituinte Estadual em 1946, deputado federal em 1950, senador em 1954, ministro em 1955 e governador em 1958. Ficou sem mandato depois de 1962 até 1970, quando reapareceu para mais dois mandatos como deputado federal.

Nos velhos tempos, os jantares franceses terminavam três horas depois de iniciados, quando saía uma longa série de divertidas anedotas, e cada conviva recebia uma oportuna xícara de chá.

No I Veterado, Dr. Waldemar Alcântara me chamou na Beira Mar e proclamou: “O acordo do PSD com a UDN está balançando, pois a Luíza manda no Virgílio, mas quem manda nela é a irmã mais velha, a Nícia, e quem manda na Nícia é o Flávio Marcílio, que é do PTB, com o qual nosso partido não fez aliança.”

Deputado estadual, substituindo o cunhado Walter Sá Cavalcante, que morreu como federal, Expedito Machado saiu em último colocado na eleição de 1958. Porém, na eleição seguinte, em 1962, liderou seu partido, o PSD, sendo também um dos mais votados na chapa da União pelo Ceará, quando perdeu seus direitos políticos, retomando anos depois e encerrando sua carreira.

Expedito Machado era deputado estadual quando, com o apoio entusiasmado da crônica esportiva, foi eleito presidente da Federação Cearense e, nessa condição, iluminou o Presidente Vargas. Muito mais tarde e já aposentado, lamentava que ninguém, nem o pessoal da APCDEC, que o incentivou a aceitar, se lembrava disso.

O engenheiro Amílcar Távora sempre soube reconhecer que o político na família era o Virgílio e nunca quis se meter, dando ao irmão sempre um discreto apoio.

Na eleição para governador, de 1954, houve uma suplementar, que confirmou a vitória do Sarasate sobre Armando Falcão, que, segundo se comentou na época, estava torcendo para perder, de olho na política nacional – o que depois se confirmou, saindo Ministro da Justiça e líder do Governo Juscelino na Câmara dos Deputados.

Em um dos meu reajustes em O Povo, o Demócrito autorizou que eu resolvesse com o Costa. Levei a proposta por escrito. Logo que começou a ler, a reação dele foi: “Não, de jeito nenhum, não pode.” “Por que não, Costa?” E ele: “Porque os outros vão querer também, dentro do princípio da isonomia.” “Meu caro Costa, você sabia que, no Corinthians, o Rivelino ganha mais que os outros?” “Disso, eu sei, só não sei quem é o Rivelino de O Povo.”

Última atividade política de Walter Sá Cavalcante foi formar com os colegas da bancada um grupo, que foi recebido por Getúlio Vargas no Palácio do Catete, solicitando a sede do Banco do Nordeste para Fortaleza. Já estava atacado pelo câncer e, poucos meses depois, partiu no Rio de Janeiro.

Definição da maneira de ser do grande Edson Queiroz: fugia do modelo de empresário-padrão do exterior e do sul do Brasil. Não pautava seu modo de agir pelas normas rígidas da Administração, nem ficava em sua sala à espera de relatórios. Era um homem de sair em campo, de botar a mão na cabeça para resolver os problemas. Esse estilo de comando enseja se compreender a rapidez com que cresceu em uma região tão carente de recursos e mão de obra especializada, explica também a disposição e o entusiasmo de sua turma.

Vicente Arruda teve mais mandatos de deputado do que Esmerino, que obteve três. Entre suas vantagens, tinha o diploma de Havard.

Cearenses que tiveram quatro mandatos de deputado federal e não mais pertencem ao mundo dos vivos: Chico Monte, Álvaro Lins, José Martins Rodrigues, Edilson Távora.