Categoria: Apanhado político

Uma das maiores vitórias de Tasso Jereissati, na eleição de 1986, foi a menor, 48 votos sobre Adauto, no torrão do inimigo, Juazeiro.

Chamei o coronel Hélio Lemos para um papo no Hotel Glória, que era minha casa no Rio. Abordei sobre o movimento de alguns de seus colegas, em 1964, para apear Virgílio Távora de poder. Respondeu: “Totalmente gratuito, pois o Virgílio não era nem subversivo nem corrupto.”

A eleição de 1966, primeira após o movimento que derrubou João Goulart, oferecia duas vagas de senador: uma de oito anos, cujo candidato, Paulo Sarasate, tinha como suplente Waldemar de Alcântara, e outra de quatro, que era proveniente dos mandatos restantes de Jereissati e Antônio Jucá, que coube a Gentil Barreira. Foi Virgílio Távora quem sugeriu ao presidente Castelo fazer a garupa em cruz, um pessedista suplente de um udenista e um udenista suplente de um pessedista.

Nascido em Cajazeiras e eleito prefeito do Crato, Wilson Gonçalves saiu como candidato a vice de Parsifal. Depois, foram dois mandatos de senador, terminando ministro do Tribunal Federal de Recursos, denominação anterior do STJ.

José Macêdo foi deputado federal em três eleições, depois suplente de senador. Porém, quando lhe deram apenas a segunda suplência, achou que bastava, estava na hora de parar. E parou, para sempre.

Conheci Fernando Collor quando ele era prefeito de Maceió, em seu apartamento alagoano, quando a colunista Cândida Palmeira promoveu uma festa e convidou seus colegas para comparecerem. Esse mesmo Collor, que logo seria governador e presidente.

Em um aperto do Luiz Gentil, Cláudio Martins, que tinha o cartório mais procurado para protesto, me telefonou, ao entardecer de uma sexta-feira, informando que não podia mais sustentar, com um banco da Bahia no seu cangote, pressionando. Telefonei imediatamente pro Carlos Martin, que fosse comigo falar com o Virgílio, que não era mais governador e alugara uma casa perto do hotel onde eu morava. Colocamos VT a par da situação, e ele foi sensacional, batendo o fio para Etevaldo Guimarães, que era o presidente da Codec: “Doutorzinho, como teu chefe, nunca te pedi nada, agora, como ex, te dou uma ordem: reúna a diretoria, pois, até segunda-feira, o Luiz tem de ter em mão o cheque de cento e cinquenta milhas”, que era o que precisava para sair do buraco.

Na eleição de 1986, sua inicial, Tasso, nos grandes colégios, só perdeu em Morada Nova, onde prevaleceu a força do velho Manoel de Castro.

Na minha última aparição em palco, contracenei, sobretudo, com dona Nadir Papi, mas também com Maristher Gentil, que entrou sensacionalmente no palco, pondo as mãos na lareira e respondendo à pergunta: “É ele é comunista?” Ela respondeu: “Vermelho, não digo, talvez seja de um rosa pálido”.

José Macêdo fez de tudo pra não entrar na Câmara Federal. Primeiramente, ofereceu a candidatura ao seu amigo Raul Barbosa, a quem comunicou que o Grupo financiaria toda a campanha, mas Raul não aceitou. Macêdo então se decidiu pelo irmão Antônio, que ocupou a Delegacia do Tesouro em Nova York, mas que pereceu dias antes da eleição, em um processo depressivo. Só então José registrou sua candidatura, obtendo mais dois mandatos.

Eu ia saindo do Hotel Municipal de Sobral quando divisei o amigo Paulo O’Grady dirigindo uma caçamba, dei sinal e me aproximei perguntando: “Tem uísque?” “Tenho uma Old Parr”, respondeu. “Então, você está convidado para almoçar na Fazenda Mucambinho, do Luís Frota, com Cláudio Martins e Otacílio Colares.” Subi no carro e fomos, porque o Luís tinha me prevenido de que estava sem precioso líquido escocês e não havia onde comprar.

Entre os cargos mais chamativos do Estado, Dr. Waldemar de Alcântara só não foi reitor da universidade, tendo exercido os cargos de governador, vice, senador, deputado federal e deputado estadual constituinte.

Crisanto Moreira da Rocha foi eleito deputado em 1945, 1954 e 1958, ficando na suplência em 1962, mas logo assumindo o cargo com a suspensão dos direitos de colega titular.

Em um dos meus jubileus, o inesquecível Roberto Martins Rodrigues mandou celebrar missa em Santa Filomena, ensejando que meu amigo José Macedo viesse a pé do escritório, localizado cinco ruas acima, na Santos Dumont.

Carlos Jereissati ganhou a cadeira de senador por uma diferença de seis mil votos, obtida na capital. Já no interior perdeu, pois a União pelo Ceará prevaleceu.

No I Veterado, pelo menos três auxiliadores de primeira linha de Virgílio foram noticiados em primeira mão por minha coluna de O Povo: Edival Távora, na Agricultura; Gentil Barreira, na Justiça; e Moacir Aguiar, na Administração.

Após a derrubada do presidente Jango, em 1964, um pequeno grupo de militares cogitou apear Virgílio Távora do poder. Algum tempo depois, procurei no Rio o coronel Hélio Lemos, que veio me encontrar no Hotel Glória e proclamou sem pestanejar: o movimento contra Virgílio era gratuito, pois não se enquadrava nem na subversão, nem na corrupção.

No começo dos anos 1960, Luiz Gentil, que não havia entrado ainda em lagosta, passou por um aperto e foi se socorrer com o salineiro “seu” Miro, que ia muito bem de vida. Mandou seu executivo Jucá, porém, o solicitado negou. Depois, seu filho, Zemartins me confessou que, se o Luiz tivesse ido pessoalmente, teria obtido (levado).

Lustosa da Costa e os demais dos associados eram proibidos de citar o nome de Péricles Moreira da Rocha, que havia atacado o ex-prefeito Paulo Cabral. Ele comandava o pequeno Partido Republicano, e o Lustosa, de quem era amigo, o batizou de Líder do PR para que a nota não fosse cortada.

Estava em São Paulo quando li no jornal a notícia de um concurso de inglês, no qual os aprovados viajariam à Inglaterra com casa e comida inclusas. Tomei um táxi e me dirigi ao subúrbio de Mooca, onde fiz a inscrição. Fui aprovado, obtendo nota oito. Para ter a tristeza de que só ganhava a passagem quem atingisse o máximo, dez. Então, desisti. Para depois me arrepender, pois a televisão e o jornal certamente iriam me proporcionar o bilhete aéreo.