Bola rolando

Jogadores brilhantes não resultam em bons treinadores. Exemplos maiores, provavelmente, Domingos e Leônidas, na Copa de 38, Zizinho e Jair, do Mundial de 50. Os que não são se saem muito bem fora de campo, tais Flávio Costa, Zezé Moreira e Zagallo, que a imprensa, sem ter coisa melhor a dizer, batizou de Formiguinha, alegando que o alagoano que tomou o lugar de craques como Pepe e Canhoteiro, dão ótimos técnicos, inclusive campeões pela Seleção.

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O pernambucano Ademir foi o artilheiro da Copa de 50, com nove, segundo os cronistas, ou oito gols, segundo a súmula do juiz, pois um dos seus dois contra a Espanha foi atribuído ao zagueiro Parra.

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Tentando melhorar o nível da arbitragem nas partidas do Campeonato Carioca, a Confederação Brasileira de Desportos contratou quatro juízes ingleses. Um deles, que atendia por Mr. Ford, enchia a cara antes de entrar em campo, de modo que só apitava bêbado, e sua tendência era marcar pênalti quase sempre inexistente.

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O grande goleiro Barbosa, candidato a melhor de todos os tempos do Brasil, estreou na Seleção de forma claudicante e logo contra a Argentina, que tinha, na época, o melhor futebol do mundo, tomou dois gols defensáveis e teve de ser substituído pelo treinador Flávio Costa.

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Naquele tempo, estamos nos anos 40, o Campeonato Brasileiro era entre seleções, e houve um jogo que representou uma verdadeira temeridade, para não dizer irresponsabilidade, aconteceu entre Pará e Ceará... num sábado de Carnaval, o estádio de porre, o Presidente Vargas ainda com arquibancadas de madeira, a partida estava 2x2, quando os alencarinos marcaram o terceiro, num flagrante impedimento do centroavante. O juiz anulou e teve de se refugiar num quartel vizinho, para não ser linchado. Com o empate, os locais foram desclassificados, pois haviam perdido em Belém. Todo mundo cantando o refrão: O Jombrega é cearense, mas roubou para o Pará.

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Romário foi o mais bisonho dos maiores artilheiros brasileiros campeões do mundo. Fez apenas cinco em sete partidas, não marcou dois gols em nenhum jogo e passou dois sem ir às redes e, nas finais, passou 130 minutos em branco, um recorde negativo.

Bola redonda

São altamente suspeitas as duas primeiras Copas do Mundo ganhas pelo Brasil. Na Suécia, a França, que tinha o melhor time, jogou um tempo com dez; e no Chile, o juiz anulou um gol legítimo e deixou de marcar um pênalti pra Espanha, que dominava e ganhava de 1x0.

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O meio-campo Danilo, que produzia magníficas atuações no Vasco da Gama, tanto que era chamado de “O Príncipe”, nunca emplacou na Seleção, e, na lendária Copa de 50, teve bisonho desempenho. Caso típico, então, de jogador de clube e não de seleção.

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Futebol também faz das suas, dificilmente um craque rende um grande treinador, Leônidas, Domingos da Guia, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, por exemplo, não emplacaram. Técnico vencedor é quase sempre aquele que foi peba quando atleta, tipo Flávio Costa e Zezé Moreira. Talvez pela mesma razão que um bom pintor jamais dará pra crítico de arte.

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Na conversa que mantive com Obdulio Varela, em sua casa de Montevidéu, ele desmentiu que, ao sair do túnel do Maracanã, no jogo final de 1950, teria feito pipi nos jornais cujas manchetes apontavam o Brasil campeão. Disse que, pouco antes, embaixador uruguaio tinha feito discurso para os jogadores, pedindo bom comportamento em campo, que o vice-campeonato já era bastante para o seu país. Quando ele foi embora, Obdulio proclamou para os colegas: Conversa fiada, seremos 11 contra 11.

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O Flamengo teve dois tricampeonatos de mais que discutível validade, o de 42, 43, 44, quando o autor do gol da vitória, Valido, teria empurrado o médio vascaíno Berascochea, e na partida final, contra o América, 53, 54, 55, o troglodita Tomires botou o craque Alarcon pra fora de campo ainda no primeiro tempo, é preciso saber que no jogo anterior, pela melhor de três decisivas, América goleara de 5 x 1.

Grandes

Futebolisticamente falando, meu maior momento não foi nem a primeira vez que vi Pelé jogar, em pleno Maracanã, nem tampouco as duas Copas que assisti al vivo, Espanha, que merecíamos ganhar, e Argentina, quando terceiro lugar foi muito, para o futebol chinfrinho que o time de Cláudio Coutinho apresentou. O pique foi quando, com o amparo da Secretaria de Turismo de Montevidéu, entrevistei a maior figura do Mundial de 50, Obdulio Varela, em sua modesta casa do subúrbio, onde mal pôde me oferecer um reles martini.

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A crônica brasileira proclamou que o Brasil foi Campeão Moral da Copa de 78, na Argentina, por sinal, uma das duas que vi pessoalmente. Acontece que não se encontra na Fifa tal título, que me pareceu mais choro de mau perdedor, até mesmo porque foi uma das piores seleções, quando Zico, grande no Flamengo, estreou pifiosamente, só fazendo um gol, e ainda de pênalti. Espalharam que o Peru tinha facilitado pra Argentina chegar aos seis, só que não precisava, bastavam quatro.

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Seleção, das cinco copas amealhadas, temos de tirar a primeira, na Suécia, quando a França, o melhor time, jogou um tempo com dez, a do Chile, quando a Espanha foi garfada, tendo um gol legítimo anulado e um pênalti não marcado, e o circo armado pelo Havellange, nos Estados Unidos, quando a decisão foi por pênaltis, que não faz parte da nossa cultura futebolística.

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Quando estreou no Boca Juniors, onde por sinal não brilhou, o mais clássico de todos os centroavantes brasileiros, Heleno de Freitas, declarou, depois, que toda vez que fazia um gol, Evita Perón, então Primeira-Dama da Argentina, que estaria no estádio, lhe mandava um Peso, certamente o craque já estava soltando as marchas, pois um Peso não valia simplesmente nada, não compraria um bombom.

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No minuto final do jogo com o Uruguai, em 1950, o Brasil perdendo de 2 x 1, mas se empatasse seria campeão, Friaça se preparava para bater, e pouca gente no Maracanã reparou que o excelente juiz inglês George Reader, ao autorizar a cobrança, virou as costas para o campo, significando que só valeria o toque, quando a bola chegou ao gol uruguaio, nada mais contava.

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João Saldanha, que não era lá muito amigo da verdade, e se dizia comuna, espalhou que o grande presidente Médici teria pressionado para convocar o atacante Dario, perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado, pois o general não apreciava o futebol de Dario, preferindo jogadores mais clássicos, e, além do mais, gostava do jeitão abusado do Saldanha.

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João Saldanha, que classificara o Brasil para a Copa de 1970, antes que o Mundial começasse, perdeu o caminho de casa, cometendo uma série de contravenções. Havellange, então presidente da CDB, convocou a imprensa para importante comunicação. E foi logo dizendo: “Chamei os senhores para dar conhecimento de que a Comissão Técnica foi dissolvida”. Saldanha interveio: “Olha aqui, Havellange, quem se dissolve é sorvete, e eu não sou sorvete pra ser dissolvido, você está querendo dizer é que eu estou demitido”.

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Na Copa de 62, quando Brasil conquistou imerecidamente o bicampeonato, no último jogo da primeira fase, a Seleção jogava muito mal, com Gilmar inseguro, e defensores Mauro e Zagallo sem conseguirem se entender, a Espanha ganhava de um e teve um gol injustamente anulado e um pênalti de Nilton Santos não assinalado, havendo fortes indícios de que a CBD comprara o juiz chileno Sergio Bustamante.

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Amante do verdadeiro futebol, ou melhor, amante do futebol e amante também da verdade, tenho martelado que Brasil ganhou sem merecer sua primeira Copa, 1958, quando venceu o melhor time, a França, que perdeu seu defensor Jonquet, que se machucou no final do primeiro tempo e começou o segundo fazendo número na ponta, para logo depois se recolher totalmente à enfermaria, e foi aí que o Pelé marcou três.