Categoria: Vã filosofia

Quase todo mundo interpreta mal o sentido da definição “canastrão” para um ator, pois não se trata, em absoluto, que o artista trabalha mal. Significa que ele interpreta todos os papéis da mesma maneira.

A voz corrente parece querer estabelecer que camisa é para homem e blusa pra mulher, todavia não é bem assim. Blusa atende ambos, e camisa, embora menos, também, a não ser que seja de vênus.

É bastante suspeito essa de dizer que quem desce mais o nível da discussão é quem ganha a parada. Na realidade, numa briga, os dois perdem, e quem mais perde é o mais desaforado e mal-educado.

É gafe de palmatória perguntar à mãe de gay quando é que ele casa, por motivos certamente óbvios.

Os cornos também têm seu hino, trata-se de “Mulambo, Eu sei que vocês vão dizer / Que é tudo mentira / Que não pode ser / E que depois de tudo que ela me fez / Eu não poderia aceitá-la outra vez...”

Se você convida uma pessoa pra sua casa, ela dá o motivo e declina. Você volta a convidar, ela dá outro motivo e declina. Ainda que as razões tenham sido justas, aja como eu agia, quando morava em Fortaleza e recebia muito, na Torre do Iracema Plaza, quando nunca dei uma terceira chance. Comigo mesmo não, violão!

Em solenidade de mais de dois homenageados, os honrados não ocupam lugar na mesa, eles simplesmente ficam em seus assentos e são chamados na hora da comenda. Agora, quando os laureados são um ou dois, eles terão lugar de honra, sobretudo quando se tratar de apenas um.

Quando se pretende reforçar a elegância de alguém, é mais apropriado anunciar “elegantérrimo” ou “elegantérrima”, em vez de “elegantésimo” ou “elegantésima”, que implica que a pessoa falante está querendo bancar o esnobe ou pelo menos ser diferente.

Ninguém é levado a acreditar quando o interlocutor expressa esta frase, “estou vendo como se fosse hoje”. A gente acha que o fato simplesmente não aconteceu.

Não se deve brigar com o barbeiro na hora da barba, pois é ele quem está com a navalha.

A mulher cearense professa o horrível hábito da mesquinharia, quando elogia amiga ou conhecida. Ela diz: “Você está muito bonita”, poderia parar por aí, mas não o faz, acrescentando “hoje”, querendo insinuar que ontem não estava e amanhã não estará.

Naturalmente que o pedir perdão é um ato civilizado, todavia sempre é bom lembrar que melhor mesmo é não haver cometido a grosseria que leva a pessoa depois ao pedido de desculpas.

A curiosidade é perfeitamente válida, mas só quando científica. Quando se trata de futilidade, por exemplo, quanto custou o carro ou o vestido, deve ser solenemente ignorada.

Considero extremamente cretino alguém pensar que se credencia junto a outro por conhecer seus podres. Se valorização houver, é por saber das virtudes de alguém com quem se encontra ou fala.

Tá certo, tá certo, a última impressão é a que fica, porém, por uma questão de garantia, melhor será deixar boa impressão logo na estreia.

Nunca um segundo pedido à mesma pessoa, quando obteve sucesso na primeira solicitação. É a chamada Lei Peditiva, que estabelece também que, se o primeiro foi negado, você está bem a cavalheiro para encaminhar o segundo. Pois quem nega um não terá boas condições de negar outro.

Penso que só tem uma maneira de a pessoa que deu bocejo numa roda atenuar o mal cometido, evitar a repetição do ato falho.

Daquele cidadão que só abre a boca pra dizer imoralidade, porcaria, minha coluna decidiu dizer “certamente quando pequeno, não tinha bidé em casa”.

Otacílio Colares, nosso sonetista maior, autor do magistral Amigos, costumava proclamar “Crianças ao Recreio”, pois não apreciava elas por perto, e perturbando, quando desenvolvia sua maravilhosa conversação.

Se você faz um pedido e é atendido, não emende outra solicitação, pois a tendência é receber um não, nem que esteja pretendendo um mero copo d’água.