Categoria: Bola passada

O narrador Júlio Sales, que por longo tempo foi meu companheiro na Rádio Uirapuru, proclamou ser Zizinho, o Mestre Ziza, melhor que Pelé. Pode parecer exagero, mas há quem pense assim.

Pelé só fez um Mundial completo, o seu último, em 1970, no México. No primeiro, na Suécia, só entrou na terceira partida; no segundo, no Chile, se quebrou e teve que fazer número na ponta; e no terceiro, da Inglaterra, se quebrou na estreia, não entrou no segundo, com a Hungria, finalmente enfrentou Portugal, sem as mínimas condições.

Em 1964, inventaram um torneio reunindo Brasil, Argentina, Inglaterra e Portugal, ao qual, em parte, assisti, no Rio e em São Paulo. Seleção estreou goleando a Inglaterra no Maracanã, mas perdeu de três pra Argentina no Pacaembu, jogo em que Pelé foi expulso, e eu estava lá.

Pelé não marcou em sua estreia em Copa do Mundo, Brasil dois, Rússia zero, em 1958. Faria seu primeiro gol em Mundial no jogo seguinte, com País de Gales, no segundo tempo.

Em seu primeiro Campeonato Paulista, Pelé não foi campeão, honraria que coube àquele que é considerado Pelé antes de Pelé, Zizinho.

No seu primeiro jogo pela Seleção, Pelé fez gol, porém o Brasil perdeu. Aconteceu contra a Argentina, em 1957, ano de sua estreia.

Pelé foi caso único de jogador que primeiro atuou na Seleção e só depois no seu clube, o Santos, pelo Campeonato Paulista.

Encontrei Romário na praia de San Sebastián, em Barcelona. Foi logo depois da Copa de 94, nos Estados Unidos, única na história que Brasil ganhou por pênalti, e Romário, artilheiro, passou 130 minutos sem marcar.

Operações foram duas, com dr. Pedro Leão e com dr. Valter Justa, alcolitado pelo filho Daniel, ambas na ponta do bisturi.

Chamar Pelé de Rei e aí se comete um ato de justiça, porém sempre estarei disposto a admitir que em termos de Copa do Mundo o Diego Armando deu muito mais à Argentina do que Edson Arantes ao Brasil.

Na Torre do Iracema, recebi não apenas campeões do mundo, mas também quem merecia ter sido e não foi, como o goleiro Barbosa e o avante Jair, o Jajá de Barra Mansa.

Testemunhei a única vez que Pelé foi expulso jogando pela Seleção, aconteceu no Pacaembu, frente à Argentina, que ganhou de três, e ainda teve seu defensor Rattin posto fora de ação, pois incrível cabeçada do Rei em seu estômago.

Teve um jogador do Ceará, chamado Alfredinho, que centroavante aqui e chegou a formar nos primeiros tempos de Pelé no Santos, só que na ponta direita.

Pelé só perdeu uma vez em Copa do Mundo, quando enfrentou, na Inglaterra, em 1966, o escrete da Pátria Mãe.

Copa de 70, no México, por sinal, sua última, foi a única que Pelé jogou inteira. Na Suécia, viajou lesionado, só entrando no terceiro prélio; no Chile, quebrou-se no primeiro tempo com a Tchecoslováquia; e na terceira, não enfrentou a Hungria e, fora de condições, nada fez, na derrota frente Portugal, cujo Cristiano da época era Eusébio.

Pelé embarcou quebrado para disputar seu primeiro Mundial, não fez gol, porém Brasil ganhou de dois da Rússia, que ainda não era força, como aliás ainda não é.

Em sua estreia pela Seleção Brasileira, contra Argentina, em 1957, Pelé fez um gol, seu primeiro com a camisa nacional, porém o Brasil perdeu pra Argentina, na Copa Roca.

Pelé foi caso único de quem, escalado pra Seleção, não tinha atuado sequer uma vez em seu clube em São Paulo, o Santos da Vila Belmiro.

Participando de sua mesa no Hotel Reis Magos de Natal, tive o afoitamento de perguntar ao Pelé se ele teria metido os três gols no segundo tempo contra a França, se seu marcador, Jonquet, estivesse em campo, e não na enfermaria, após desleal entrada de Vavá. O Rei admitiu que não teria goleado, talvez apenas um, pois o jogo estava duro, e a França era o melhor time em campo.

Brasil não tem nenhum dos seus jogos em Copa do Mundo programado entre os maiores da história, que são Uruguai e Argentina, em 30, Itália e Espanha, em 34, Itália e Hungria, em 38, nenhum, em 50, Hungria e Uruguai, em 54, nenhum, em 58, nenhum, em 62, Inglaterra e Argentina, em 66, Itália e Alemanha, em 70, e a partir daí, futebol, que era bom, acabou.